quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Crítica: Conan - O Bárbaro



É fato, querendo ou não, os fãs de Conan irão comparar HQs e o filme homônimo de John Milius, estrelado por Arnold Schwarzenegger, em 1982, ao Conan - O Bárbaro, de Marcus Nispel, estrelado por Jason Momoa, em 2011. É inevitável que, pela fama do Bárbaro Cimério, o espectador/leitor busque referências do famoso personagem dos quadrinhos na interpretação de Schwarzenegger e Momoa e ou na leitura cinematográfica de Milius e Nispel. Ambos os filmes têm pontos em comum entre si e com os quadrinhos, baseados nas histórias originais criadas em 1932 por Robert E. Howard, para a revista Weird Tales, mas interpretação própria. Diversão garantida para quem gosta de pancadaria (ou seria espadaria?) regada a muito sangue. 

Conan - O Bárbaro (Conan - The Barbarian, EUA, 2011) não é refilmagem da versão de 1982. O motivo da narrativa até continua o mesmo: vingança. O que muda é o tom e o feiticeiro. Ou seja, Conan (Jason Momoa) busca vingar a morte de seu pai Corin (Ron Perlman), assistida por ele quando criança (Leo Howard). O assassino, Khalar Zim (Stephen Lang), acredita que, se conseguir juntar as partes perdidas de uma demoníaca máscara, será um deus capaz de ressuscitar a sua esposa feiticeira e dominar o mundo, na companhia da sua maligna filha Marique (Rose McGowan). No entanto, a máscara só terá serventia se banhada com o sangue puro da noviça Tamara (Rachel Nichols). Para chegar até ela, o vilão terá que enfrentar a fúria de Conan, que já está no seu encalço, trucidando piratas, mercadores de escravos, ladrões, monstros e o que mais aparecer pela frente. 


Conan é um mercenário, ladrão, pirata, que não perde tempo rezando para Crom. Imbatível, o bárbaro não carrega culpa alguma ao empunhar espadas, machados ou o que tiver às mãos para mandar para os Infernos principalmente os feiticeiros que insistem em lhe atravessar o caminho. Quando não está “trabalhando” a serviço de algum tirano (ou por conta própria), nas horas vagas, está com alguma mulher ou matando monstrengos. Básico assim! Ah, é uma boa caneca, também! As histórias de Conan são simples e diretas. Algumas das antigas beiram o sublime, como A Torre do Elefante, outras nem tanto. Quanto às adaptações cinematográficas, fala-se muito da pobreza dos roteiros. A verdade é que não se tem muito o quê criar em cima do mito que enfrentou até seres mecânicos nos quadrinhos. É claro que pode se evitar muitos cacos, para ganhar tempo e diminuir a metragem, mas escapar dos clichês é uma missão impossível. Nem as HQs conseguiram. 

Conan - O Bárbaro, de Nispel, pode não ter um roteiro digno do mestre Howard, mas (mesmo com alguns equívocos) consegue dar vida ao personagem que muitos espectadores conhecem e querem ver em ação (e, convenhamos, AÇÃO é o que não falta!) trucidando tudo que encontra pela frente para cumprir a sua promessa. Conan nunca foi um herói, super-herói e sequer um anti-herói, ele é um bárbaro e age tal e qual. Aqui a sua saga vai pela mesma trilha tortuosa dos não menos sanguinolentos feiticeiros Khalar Zim e Marique e, uma hora ou outra, elas vão se cruzar. Excetuando o enfrentamento com os piratas (que serve apenas para encher mais barris de sangue) o filme é objetivo. Conan jurou vingança ao presenciar a morte do pai, se preparou e vai cumprir a sua meta, custe o que custar. É o que ele faz e o que o espectador espera e deseja que ele faça! 


Entre tantos altos e baixos da produção, o que tem chamado a atenção (?) da crítica é a violência, como se fosse uma novidade abominável no cinema contemporâneo. Por um acaso Kick-Ass é um inocente filme para criancinhas? A violência (e que VIOLÊNCIA!) que se vê na tela, também está na maioria das HQs do Cimério. Talvez não tão intensa, mas está lá! O porquê da violência ser mais aceitável (ou cult) em alguns filmes que em outros, não sei. A verdade é que também ela é um clichê! Um filão que, por enquanto, ainda rende muito para os realizadores. 

Conan - O Bárbaro foi filmado em 3D totalmente dispensável. A fotografia, a direção de arte e o figurino criam um (imaginário) mundo hiboriano bastante convincente. O elenco, no geral, tem boas performances e alguns efeitos especiais surpreendem, como o dos Demônios de Areia. Conan já pagou micos homéricos nas mãos de péssimos roteiristas e desenhistas de HQs e, honestamente, por pior que sejam as adaptações cinematográficas, elas ainda são muito melhores que as execráveis produções para a TV: Conan, O Bárbaro (Conan: The Adventurer - animação, 1992), Conan e os Jovens Guerreiros (Conan and the Young Warriors - animação, 1994) e Conan, O Aventureiro (Conan: The Adventurer - série de 1997).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...