Este é um filme que pensei que só o
veria em DVD, caso saísse. Isso porque esta agradável comédia, alternativa e de
baixo orçamento, começou a ganhar forma em 2007 e 2008, foi finalizada em 2009,
fez carreira em Festivais e Mostras de Cinema no Brasil e no exterior em 2010 e
só agora (antes tarde do que nunca!), em 2011, chega a algumas salas de cinema.
Elvis
& Madona (Brasil, 2010), com roteiro e direção de Marcelo Laffite, é uma comédia atípica, tanto
na trama quanto na narrativa. Longe das baixarias que têm
caracterizados as mais recentes produções brasileiras, o filme nos apresenta uma
divertida e convincente história de amor entre a lésbica Elvis (Simone Spoladore)
e o travesti Madona (Igor Cotrim). Elvis deseja fazer carreira como fotógrafa e Madona estrelar um show musical com drag queens. Enquanto não concretizam seus sonhos, Elvis trabalha de motogirl, entregando
pizza, e Madona num salão de
cabelereiro. Expectativas, frustrações e dificuldades financeiras à parte, o
Destino trama para que o estranho casal se encontre num momento delicado e
difícil para ambos e percebam novas possibilidades profissionais e sentimentais.
A comédia romântica (com uma pitada de drama)
não levanta bandeiras, não discute a “causa” dos gays e nem se restringe a
guetos. Trata seus personagens como qualquer pessoa (dita normal) que trabalha,
paga contas, sonha, bate e apanha da vida, tem problemas familiares, amorosos e
profissionais, mas continua indo à luta. É um filme para cima, com uma
narrativa direta, onde as piadas de situação beiram à inocência, tamanho
cuidado, ou melhor, o respeito com que Lafitte desenha a relação de Elvis e Madona aos olhos do público que, em poucos minutos de projeção, está
totalmente cativado pelos dois, ou duas ou... É claro que a química entre os
atores, a excelência e naturalidade com que vestem seus personagens, sem
cacoetes e longe das caricaturas em busca do riso fácil, é o diferencial. As
músicas pontuadas colaboram e muito na composição da trama que ainda tem a
presença de Sérgio Bezerra (o truculento ex-namorado de Madona), Buza Ferraz, Maitê Proença.
Elvis
& Madona é uma grata surpresa e faz jus aos prêmios que tem recebido.
Conta uma boa história de amor possível (com seus percalços) e é ousado,
abusado e angraçado. Não subestima a inteligência do espectador e muito menos provoca
qualquer constrangimento sexo-sócio-cultural.
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