quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crítica: O Planeta dos Macacos - A Origem



Não sou muito fã de refilmagens. São raras as que valem a pena serem vistas. E mais raros os filmes que merecem tal “privilégio”. Mas reconheço que O Planeta dos Macacos - A Origem (Rise Of The Planet Of The Apes, EUA, 2011) saiu muito melhor que a encomenda.

Quem conhece a versão original de O Planeta dos Macacos (1968), e principalmente as sequencias, com toda conotação sociopolítica: De Volta ao Planeta dos Macacos (1970), Fuga do Planeta dos Macacos (1971), A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e Batalha do Planeta dos Macacos (1973), feitas a toque de caixa e com pouquíssimo dinheiro (conforme os Comentários sobre a franquia, no Disco 2 da Edição Especial de 35º Aniversário), vai se surpreender com esta, digamos, releitura da ideia primordial.


O Planeta dos Macacos - A Origem, na verdade, trata-se de uma origem alternativa aos fatos apresentados em A Conquista do Planeta dos Macacos e Batalha do Planeta dos Macacos. Ou seja, Cesar (Andy Serkis) não é filho de pais fugitivos do futuro, mas de chimpanzés capturados na África, para serem cobaias de laboratório, nos dias de hoje. O filme dirigido por Rupert Wyatt faz algumas referências ao O Planeta dos Macacos (1968), que, por sua vez, tomou suas liberdades na adaptação do livro La Planète Des Singles (1963), de Pierre Boulle, mas são apenas homenagens divertidas (e invertidas). E também passa longe da enigmática versão de Tim Burton, de 2001.

O roteiro do casal Rick Jaffa e Amanda Silver, situa a trama na cidade americana de São Francisco. Will Rodman (James Franco) é um cientista a serviço da indústria farmacêutica Gen-Sys, onde desenvolve pesquisa genética na cura do Mal de Alzheimer, doença que aflige o seu pai, Charles (John Lithgow). Por conta de um acidente com os símios usados no experimento, Will se vê obrigado a criar o filho de uma chimpanzé. Enquanto cresce e toma consciência do mundo ao seu redor, Cesar, com inteligência superior à de muitos humanos, desenvolve profundos laços afetivos com Will e com Charles. Nesta convivência familiar de dependência, cooperação e proteção, o primata vai conhecer o lado bom e o lado cruel dos homens, que acabará influindo na hora de tomar uma decisão que irá mudar o seu destino e o de toda a humanidade.


A narrativa de O Planeta dos Macacos - A Origem dosa muito bem as cenas de ação e drama. A história, bem contada e envolvente, abre caminho para reflexão sobre a ética científica no desenvolvimento da ciência e na manipulação de “animais de laboratório”. Por mais que os espectadores mais velhos pensem que conhecem a trama, ela traz um sabor de novidade. Algumas sequências apavoram, mas outras são de grande ternura, de uma beleza estonteante, como aquela em que Will, Charles e Cesar fazem uma refeição, e outra onde Cesar sai de casa para proteger Charles dos desaforos de um vizinho. São de arrepiar! A emoção que vai tomar conta do público e fazer muita gente lacrimejar é por conta da performance de dois grandes atores, um de carne e osso, John Lithgow, com seu personagem portador de Alzheimer, e o ator de captura Andy Serkis (responsável por dar vida anteriormente ao Gollum, de Senhor dos Anéis, e ao King Kong), na criação do expressivo e inesquecível Cesar. James Franco, é claro, também contribui para a qualidade da fita.

Uma vez que esta leitura do mundo dos macacos e homens é diferente, não há como saber o que acontecerá na continuidade da franquia que criou um início, quando a história real começa pelo fim. É esperar para ver. Por enquanto são apenas macacos “de volta para a casa”, se (re)organizando num Parque de Sequoias, nos redores da cidade. Se mantiver a mesma qualidade técnica, já valerá uma olhadela.

4 comentários:

  1. O filme é mesmo um primor, ele é comercial, mas tem algo a dizer. E o John Lithgow é um excelente ator, arrisco dizer que pode ganhar uma indicação ao Oscar como ator coadjuvante.

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  2. Olá, Antunes.
    Quem merece prêmio é também Andy Serkis.

    Abs.

    T+
    Joba

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  3. Concordo com você a respeito do Andy Serkis, mas acho que a Academia é ainda muito conservadora para premiar esta perfomance.

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  4. Olá, Antunes.
    Certa vez vi um documentário sobre o trabalho
    dele e fiquei fascinado.
    Mesmo por trás da máscara ele é melhor que muitos atores de "cara lavada" (ou seria "cara levada"?).
    Ele passou por King Kong e o Senhor dos Anéis, quem sabe, depois do Planeta dos Macacos, acabe realmente chamando a atenção.

    Abs.

    T+
    Joba

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