terça-feira, 23 de agosto de 2011

Crítica: Amor A Toda Prova


Como criatividade não é o forte dos tituladores brasileiros e pouca gente se lembra de Amor A Toda Prova (Unconditional Love, EUA, 2002), de P. J. Hogan, uma “nova” comédia americana, com o mesmo título em português, estreia para a felicidade dos românticos de plantão que acreditam na tradicional família e no amor filial acima de tudo.

A história (é claro!) não é das mais originais. Cal Weaver (Steve Carell) é um cara certinho que tem a vida que pediu a seu Deus: uma bela esposa Emily (Julianne Moore), um bom emprego, boa casa, filhos e amigos adoráveis. Porém, como dizem que até mesmo o que é sólido desmancha no ar, o seu mundo perfeito se espatifa quando Emily pede o divórcio e diz que o traiu. Cal vira um choramingas no bar da cidade, onde acaba conhecendo o galanteador Jacob Palmer (Ryan Gosling). O bon vivant que pega todas e não repete mulheres, decide ajudá-lo a esquecer o passado e a descobrir os prazeres de uma nova vida. Como a comédia é romântica, a temporada para encontrar um amor e muita confusão está aberta também para o filho adolescente de Cal e para um grupo de jovens advogados.


Amor A Toda Prova (Crazy, Stupid, Love, EUA, 2011), dirigido por Glenn Ficarra e John Requa, com roteiro de Dan Fogelman, é mais uma comédia clichê (não falta nem a dramática chuva de ocasião!), daquelas que a gente sabe como vai se desenvolver e terminar. Mas, não sei se pelo elenco ou se por evitar a baixaria “cômica” dos recentes filmes do gênero, não deixa de ser simpática e até divertida. Parece incrível, mas ela não tem piadas escatológicas e há apenas duas ou três insinuações sexuais que, aqui, fazem parte do contexto. No entanto, é bom que se diga que a trama é um tanto quanto machista. As aulas de conquista e sedução de Jacob a Cal, incluindo a sua incansável caça de mulheres, sempre disponíveis para o romance ou sexo ocasional, pode incomodar (?) o público feminino. Ou não!


A produção é salpicada de boas canções românticas e tem um momento arrebatador na homenagem a Patrick Swayze (1952-2009) e Jennifer Grey, na recriação de uma cena famosa de Dirty Dancing - Ritmo Quente (1987), de Emile Ardolino. Porém, a narrativa que tem uns arroubos de moderninha, infelizmente, fica apenas na querença da ousadia. No final, quando a tradição, a família e o patrimônio falam mais alto, ela se mostra bem caretinha. Na atual safra de comédias de costumes (macho-falocratas) a impressão é a de que as narrativas querem propalar que não existe vida inteligente fora do casamento tradicional. Pode haver sexo e até prazer, mas, felicidade, não! 

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