quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Critica: Super 8




Super 8 é um formato cinematográfico surgido na década de 1960, ganhou popularidade nos anos 1970 e 1980 e alavancou a carreira de grandes cineastas. Ainda hoje, na contramão da tecnologia, seja pela facilidade (relativa) de se trabalhar ou simplesmente pela nostalgia, muitos realizadores profissionais e amadores insistem em usá-lo. A charmosa paixão resiste ao tempo e ainda é capaz de reunir superoitistas em festivais exclusivos, como o Curta 8 - Festival Internacional de Cinema Super 8 de Curitiba, cuja 4ª edição acontece de 29 de setembro a 2 de outubro de 2011.

Super 8 (Super 8, EUA, 2011), com roteiro e direção de J. J. Abrams, é um filme-homenagem a Steven Spielberg e a outros cineastas que (também) começaram fazendo curtas no fundo do quintal, usando e abusando da criatividade e da câmera S8. A história se passa em 1979, na cidade industrial Lillian, em Ohio, e narra alguns dias de ventura e de terror de um grupo de adolescentes que, enquanto realiza um filme de zumbi (em Super 8), presencia um acidente que vai abalar o cotidiano de todos. É que, na verdade, o terrível acidente, envolvendo uma caminhonete e um trem vindo da famosa Área 51, pode não ter sido mero acidente. Ainda em estado de choque, pela gravidade do ocorrido, e antes que se deem conta do que está acontecendo, os jovens se veem enredados numa trama envolvendo a aeronáutica e um misterioso passageiro, numa caçada que vai remeter os espectadores mais velhos aos idos de ET, Contatos Imediatos, Goonies etc.


Apesar do roteiro irregular, clichês e exageros à parte, Super 8 é um divertido filme de ação e aventura que lembra o melhor das produções juvenis dos anos 1970 e 1980. Com certeza não vai ser nenhum divisor de películas dirigidas ao público jovem, mas pode despertar em algum espectador um interesse adormecido de fazer cinema pelo simples prazer de fazer cinema. A arte é o improviso da brincadeira. Os jovens cineastas da narrativa (excelente elenco: Riley Griffiths, Joel Courtney, Elle Fanning), sem recursos para realizar o filme dos sonhos, improvisam nas locações, na maquiagem e nos efeitos especiais. Sabem que ser amador não é ser menor, é fazer com desejo. Cada um desempenha a sua função não apenas para preencher o tempo livre, mas em nome da amizade, do amor juvenil, da necessidade de ser e de estar em um grupo de iguais, e ou simplesmente para fugir dos (cansativos) conflitos familiares. E haja conflito! Mas todo mundo sabe como isso termina.

Enquanto as produções cômicas contemporâneas insistem no adulto imbecilizado, remoendo um Complexo de Peter Pan, Super 8 trata do fim da inocência e dos percalços da vida adulta, que só não chega para quem fica no meio do caminho. O bom ritmo, a qualidade dos efeitos especiais (mesmo que exagerados), a ótima direção de Abram, no entanto, podem não ser suficientes para aliviar a sensação de frustração do público que espera um pouco mais de ousadia na catarse dos personagens diante do inusitado. Se bem que, se a simplificação do discurso sobre o bem e o mal, ao desvelar o “passageiro misterioso” e as suas razões, pode decepcionar alguns cinéfilos, a opção de um final agridoce deve satisfazer aqueles que sonham com a felicidade na Terra e no Céu. Super 8 pode não ser aquela promessa toda, mas o prazer de ver o emprenho, a dedicação da garotada na realização de um primeiro filme, para inscrevê-lo um festival, já vale o ingresso.

Nota: Junto com os créditos finais tem uma surpresa para os espectadores menos apressados.

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