quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Crítica: Gangue de Ladras


 Cine Clube Italiano

GANGUE  DE  LADRAS

27/08/2021 a 02/09/2021

online e gratuitamente

(links: texto em laranja)

 

A quarta edição do Cine Clube Italiano exibirá, online e gratuitamente, entre os dias 27 de agosto e 02 de setembro de 2021, para assinantes e não assinantes do streaming À LA CARTE, em parceria com o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, o filme GANGUE DE LADRAS (Brave Ragazze/Boas Meninas, 2019), de Michela Andreozzi (Nove lune e mezza, 2017). No dia 1º de setembro de 2021, às 18h30, acontece no canal do YouTube do À LA CARTE, um imperdível Bate-Papo, com Luiz Zanin e Leo Mendes, sobre o filme.

 


GANGUE DE LADRAS

por Joba Tridente

A “sutileza” apelativa do título brasileiro Gangue de Ladras (que já vem com spoiler) é tanta que a gente tem de tomar cuidado (com a redundância) para não desvelar ainda mais a trama inspirada em um fato de grande repercussão, ocorrido em Avignon, na França, entre 1989 e 1992, envolvendo cinco garotas (mães solteiras) em assaltos a banco. Migrando a ação para a comuna Gaeta, de 1981, a atriz, roteirista e diretora Michela Andreozzi, em colaboração com Alberto Manni, traz para o cenário italiano a história de quatro amigas (as Boas Meninas do título original Brave Ragazze) que decidem resolver seus problemas, com a falta de dinheiro, se disfarçando de homem para assaltar o banco local. 

Sobre o passado das quatro amigas sabe-se nada, mas, nos dias presentes, a situação econômica delas se equivale: Anna (Ambra Angiolini) é mãe solteira de um casal de filhos, está desempregada e mora com a mãe Lucia (Stefania Sandrelli), porteira de um edifício; Maria (Serena Rossi) é uma mulher carola, casada com o truculento caminhoneiro Giuseppe (Massimiliano Vado) e vive com o dinheiro contado deixado por ele antes de sair para algum frete; Chicca (Ilenia Pastorelli) e Caterina (Silvia D’Amico) são irmãs e ambas estão desempregadas. 

Todas têm os sonhos frustrados pela falta de grana. Assim, quando pinta a ideia do assalto, para resolver seus problemas (mais) imediatos, elas embarcam na aventura, acreditando que, uma vez mulheres e “invisíveis” aos olhos masculinos, jamais serão suspeitas do crime se estiverem disfarçadas de homens “másculos”. Mas, será que realmente vão passar despercebidas aos olhos dos broncos Comissário Morandi (Luca Argentero) e sua assistente Franca (Michela Andreozzi)? Bem, vai depender de como elas vão gastar o dinheiro roubado e o que farão se a grana acabar, quando menos esperarem..., deixando cada uma novamente à margem da sociedade (capitalista)


Gangue de Ladras é classificado como comédia (ainda que soe mais como melodrama leve, com pitadas românticas e sugestão de violência doméstica) e deve agradar ao público menos exigentes do gênero..., mais precisamente as mulheres, uma vez que foca (meio às avessas) a questão do empoderamento feminino (vigente nos cinemas): mulheres “espertas” e homens “idiotas”. Pela intenção cômica, as “cenas de ação” ficam a desejar e seus personagens não vão além da mera caricatura. Ou será que existem (realmente) além da ficção? Quanto aos clichês absurdos que acompanham os desejos inacreditáveis de cada mulher (para assaltar o banco), os diálogos banais e a ingenuidade vistosa, na busca forçada do humor, parecem subestimar a inteligência do espectador. 

Enfim, com seu enredo simplório, narrativa linear (sem reviravoltas mirabolantes) e conceito amoral (o público é quem julga os atos do improvável quarteto), Gangue de Ladras pode ser aquele filme escapista ideal para uma diversão ligeira em tempos de más notícias em todo o mundo...

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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Gangue de Ladras

bate-papo ao vivo 

Na quarta-feira, 1º de setembro de 2021, às 18h30, no canal do YouTube do À LA CARTE, acompanhe o imperdível bate-papo, ao vivo, sobre o filme Gangue de Ladras, com Luiz Zanin¹, jornalista e crítico de cinema,  e Léo Mendes², gerente de inteligência do Belas Artes Grupo. 

¹. Luiz Fernando Zanin Oricchio (Luiz Zanin) é crítico de cinema do jornal O Estado de S. Paulo e comentarista na Rede TVT (TV dos Trabalhadores). Presidiu a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema (2011-2015). Editor do suplemento Cultura, do jornal O Estado de S. Paulo (2000-2009). Colunista do jornal O Estado de S. Paulo (2004-2015). Formado em Psicologia (USP), com pós-graduação em Psicologia Clínica (USP). Jurado internacional dos Prêmios Platino do Cinema Ibero-americano. Autor dos livros Cinema de  Novo  –  Um Balanço  Crítico da Retomada,  pela Editora Estação Liberdade (2003), Guilherme de Almeida Prado - um Cineasta Cinéfilo (Imprensa Oficial, 2005) e Fome de Bola – Futebol e Cinema no Brasil (Imprensa Oficial, 2006), além de participação com capítulos e ensaios em diversas obras coletivas. 

². Léo Mendes iniciou sua experiência cinematográfica como gerente e assistente de programação no extinto Cineclube Oscarito, em São Paulo, de 1989 a 1991, passando a trabalhar na distribuidora independente Pandora Filmes, ainda em 1991, onde permanece até hoje como consultor de aquisições internacionais. Paralelamente, atuou como programador da sala de cinema do Esporte Clube Banespa, de 2002 a 2003; em outubro de 2017, assinou a curadoria da Mostra Incuráveis, dedicada a filmes com temática LGBT no cinema Belas Artes; foi curador da exposição itinerante de cartazes cinematográficos intitulada Um Século de Cinema em Cartaz – De 1915 a 2015, que foi vista de 01 de agosto a 31 de outubro entre as estações Luz, Paulista e Fradique Coutinho do Metrô de São Paulo e atua como programador do Noitão Belas Artes desde 2004.

 

Cine Clube Italiano

O Cine Clube italiano é uma programação realizada pelo streaming de filmes À La Carte e o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo. De maio a novembro de 2021 serão realizadas sete edições mensais que trarão filmes italianos recém-lançados e inéditos no circuito comercial brasileiro que serão seguidos de uma programação especial. Os filmes terão acesso gratuito por uma semana no À LA CARTE e as programações acontecerão no canal do YouTube do streaming. 

Para as próximas edições estão programados os filmes O Último Prosecco/Finche Prosecco; O Grande Espírito/Il Grande Spirito e Duas Famílias/I Predatori.

 

O Instituto Italiano de Cultura de São Paulo (ou Istituto Italiano di Cultura di San Paolo) é um órgão oficial do Governo Italiano. Foi fundado em 1950 e se dedica a promover a cultura e a língua italiana, além de enriquecer o panorama cultural em sua área de ação com iniciativas voltadas à cooperação ítalo-brasileira neste setor. Localizado em um histórico casarão no bairro de Higienópolis, o Instituto promove concertos, exposições, sessões de cinema, palestras e encontros, e possui uma biblioteca com mais de 23 mil títulos, a maioria em língua italiana, disponíveis para o público. O Instituto é também fonte de informações sobre o país, cursos de língua italiana ministrados na Itália e bolsas de estudo outorgadas pelo Governo Italiano. 

À LA CARTE é um streaming (por assinatura) de filmes pensado para quem ama cinema de verdade. Seu catálogo, que já conta com cerca de 400 títulos, e inclui filmes de todos os cantos do mundo e de todas as épocas: contemporâneos, clássicos, cults, obras de grandes diretores, super  premiados e principalmente aqueles que merecem ser revistos e que tocam o coração dos cinéfilos. Além de pelo menos quatro novos filmes que entram semanalmente no catálogo, há também a possibilidade do aluguel unitário, que são os Super Lançamentos: um espaço para filmes que estreiam antes dos cinemas; simultâneos ao cinema; filmes inéditos no Brasil, entre outras modalidades. Outro diferencial são as mostras de cinema, recentemente o À LA CARTE trouxe especiais dedicados à cinematografia francesa, italiana, coreana, espanhola, britânica e suíça. O À LA CARTE foi criado no final de 2019 e integra o Belas Artes Grupo, que inclui também a Pandora Filmes e o Cine Petra Belas Artes, um dos mais tradicionais e queridos cinemas de rua de São Paulo.


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PROGRAMAÇÃO DO À LA CARTE

A programação do Belas Artes À La Carte traz cinco novos filmes que passam a integrar o catálogo do streaming (por assinatura). Na quinta-feira, 26 de agosto de 2021, chegam os longas Esse mundo é dos loucos (1966), uma sátira anti-guerra e anti-militarismo dirigido por Philippe de Broca; O lado bom da vida (2012), filme bem-humorado, com Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, sobre pacientes psiquiátricos e que foi indicado ao Oscar em oito categorias, garantindo a Jennifer Lawrence o de Melhor Atriz; o drama Fonte da vida (2006), terceiro longa de Darren Aronofsky, após os aclamados Pi e Réquiem para um sonho, estrelado por Hugh Jackman e Rachel Weisz; O destino bate à sua porta, clássico noir de 1946, dirigido por Tay Garnett, com roteiro baseado no romance de James M. Cain; e para fechar Os senhores da terra (1970) filme escrito, produzido e dirigido por Paulo Thiago que também compôs as letras da trilha musical, com canções interpretadas por Maria Lúcia Godoy, Guttemberg Guarabyra e Gonzaguinha. Confira abaixo as sinopses dos filmes:

 


ESSE MUNDO É DOS LOUCOS 

(King of Hearts)

França, 1966, Comédia, 102 min, 14 anos

Direção: Philippe de Broca

Elenco: Jacques Balutin, Alan Bates, Daniel Boulanger,

Pierre Brasseur, Jean-Claude Brialy, Geneviève Bujold

Sinopse: Uma pequena cidade francesa é ameaçada pela explosão de bombas implantadas por alemães, durante a Primeira Guerra Mundial. Para salvar os seus habitantes, o soldado Charles Plumpick (Alan Bates) é convocado para desarmar as bombas da cidade antes que elas explodam e destruam todo o entorno. Ao chegar no local, todos os habitantes já haviam fugido e os únicos que se encontravam na cidade eram os pacientes de um hospício, que fugiram e andavam pelas ruas vestidos com fantasias. Plumpick começa a conviver com eles e se apaixona por uma bela moça chamada Coquelicot (Geneviève Bujold).

Curiosidades: Em uma das primeiras cenas do filme, o diretor Philippe de Broca interpreta um soldado chamado "Adolf", que usa um bigode igual ao de Hitler. O diretor e roteirista francês Philippe de Broca foi indicado ao Oscar 1965 de Melhor Roteiro por "O Homem do Rio". O ator protagonista, o inglês Alan Bates, foi indicado ao Oscar 1969 de Melhor Ator por "O Homem de Kiev", de John Frankenheimer.

 


O DESTINO BATE À SUA PORTA

(The Postman Always Rings Twice)

EUA, 1946, Crime, 113 min, 12 anos

Direção: Tay Garnett

Elenco: Lana Turner, John Garfield, Cecil Kellaway, Hume Cronyn

Sinopse: Uma mulher casada e um vagabundo se apaixonam e depois planejam assassinar seu marido.

Curiosidades: Parte do público da década de 1940 ficou chocado ao perceber que John Garfield usa a língua em uma de suas cenas de beijo com Lana Turner. O trabalho de adaptação do romance demorou 12 anos, até que o seu conteúdo original – considerado demasiadamente explícito pelos padrões de 1940 –, ficasse velado o suficiente para cumprir o Código de Produção vigente na época. O escritor James M. Cain, autor do romance no qual o roteiro se baseou, ficou tão impressionado com o desempenho de Lana Turner que a presenteou com uma cópia do livro encapada em couro, com a inscrição: "Para minha querida Lana, obrigado por dar uma performance que foi ainda melhor do que eu esperava".

 


O LADO BOM DA VIDA

(Silver Linings Playbook)

EUA, 2012, Comédia, 122min, 14 anos

Direção: David O. Russell

Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro

Sinopse: Depois de uma fase difícil de sua vida, Pat Solitano Jr. está disposto a seguir em frente e reconquistar sua ex-mulher. Através de amigos, ele conhece Tiffany, que lhe promete ajuda na tarefa da reconquista. Uma inesperada ligação começa a uni-los.

Curiosidades: Indicado ao Oscar 2013 em 8 categorias, o filme venceu uma delas, o de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence. Robert De Niro chorou de verdade na cena em que ele diz ao personagem de Bradley Cooper que desejava estar mais perto dele, um detalhe que não estava no roteiro. Bradley Cooper e Jennifer Lawrence passaram várias semanas praticando dança de salão com a coreógrafa Mandy Moore.

 


FONTE DA VIDA 

(The Fountain)

Canadá | EUA, 2006, Drama, 97 min, 14 anos

Direção: Darren Aronofsky

Elenco: Hugh Jackman, Rachel Weisz, Sean Patrick Thomas

Sinopse: Como um cientista moderno, Tommy está lutando contra a mortalidade, procurando desesperadamente pela descoberta médica que salvará a vida de sua esposa, Izzi, acometida de câncer.

Curiosidades: Para se preparar para o seu papel, Rachel Weisz leu livros e diários sobre pessoas com doenças terminais e visitou hospitais para ver pessoas nessa situação. Hugh Jackman, protagonista do filme, recomendou que Darren Aronofsky escalasse Rachel Weisz para o principal papel feminino, mas como o diretor e a atriz estavam em um relacionamento na época, Aronofsky não queria dar favoritismo a ela, porém, a recomendação sincera de Jackman acabou por convencê-lo. Darren Aronofsky não raspou a barba até que a produção fosse concluída, uma tradição que ele começou durante as filmagens de "Pi" (1998).

 


OS SENHORES DA TERRA

Brasil, 1970, Drama, 93 min, 16 anos

Direção: Paulo Thiago

Elenco: Rodolfo Arena, Milton Moraes, Paulo Villaça

Sinopse: O famoso jagunço Judas é contratado para vingar a morte do prefeito de uma cidadezinha de Minas Gerais, mas nem tudo sai conforme os planos e ele acaba se apaixonando pela filha do coronel que precisa assassinar. A polícia se esforça para fazer um conchavo com os envolvidos, mas a chegada do sobrinho do coronel, um engenheiro que planeja a construção de uma represa em Degredo, faz todos os planos serem reavaliados.

Curiosidades: Filme escrito, produzido e dirigido por Paulo Thiago que também compôs as letras da trilha musical, com canções interpretadas por Maria Lúcia Godoy, Guttemberg Guarabyra e Luís Gonzaga Jr., o Gonzaguinha. O filme teve como locação a cidade mineira de Aimorés, no vale do Rio Doce, terra natal do seu diretor, Paulo Thiago. Contada de forma alegórica, a trama do longa foi inspirada em acontecimentos reais, entre eles o do coronel Bimbim que recebeu a polícia a bala, em 1958, após ser acusado da morte de um prefeito.


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