SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER
O
Covid.19 realmente mudou a nossa relação cultural e social. Quem diria que os cinemas
drive in ganhariam fôlego e sobrevida e que Mostras e Festivais de Cinema
Nacional e Internacional fariam tanto sucesso em plataformas digitais!? Estes
novos espaços físicos ou digitais, podem não dar a mesma sensação de uma sala
de cinema escura e lotada de cinéfilos, mas, cá pra nós, enquanto a vida não
volta ao normal (há de voltar, embora não se saiba quando) e os cinemas e
teatros não reabrem, para a alegria do seu público cativo, vamos nos
contentando (sem reclamar!)..., um mínimo do mimo é melhor que nada.
Por
causa da pandemia, muitos filmes (apostas de grandes bilheterias) foram direto
para os serviços de streaming e ou canais por assinatura. No Brasil, algumas
produtoras têm aproveitado o período para lançar gratuitamente seus
filmes em sites próprios ou em parceria com plataformas consolidadas (como a do
Sesc-SP, por exemplo). É o caso da Embaúba
Filmes que, no dia 07 de Setembro de 2020, fará o lançamento online
e gratuito do documentário SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER...,
sobre representatividade de Mulheres Pretas na Política do Brasil.
Rodado
no Rio de Janeiro, durante o primeiro turno das eleições de 2018, no Brasil, o documentário SEMENTES: MULHERES PRETAS NO
PODER, dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, acompanha
seis candidatas¹: Mônica Francisco, Renata Souza, Talíria Petrone,
Rose Cipriano, Tainá de Paula e Jaqueline Gomes e mostra como é o processo de
construção dessas mulheres como figuras políticas, como driblam as dificuldades
financeiras e trazem de volta às urnas eleitores desacreditados que desistiram
do voto. Ele escuta e revela quem são algumas das mulheres pretas na
política do Brasil, que emergiram após o brutal assassinato de Marielle Franco.
Em
um país com a menor representação parlamentar feminina na América do Sul e com
menos de 10% de cadeiras, existentes na câmara dos deputados, ocupadas por
mulheres - responder politicamente ao assassinato de Marielle Franco significou
candidatar-se a cargos de deputadas federal e estadual nas eleições de 2018,
disputar o espaço da política institucional do qual Marielle foi brutalmente
arrancada.
Quem mandou matar Marielle Franco?
O
longa foi feito com baixo orçamento, e sempre teve uma equipe majoritariamente
feminina e com paridade entre mulheres brancas e pretas. Sua equipe técnica é
formada por mulheres pretas na direção, roteiro, direção de fotografia e trilha
sonora, o que garantiu a elas estar em posições de chefia e, mais que nada, que
o olhar do filme fosse pelas perspectivas diversas dessas mulheres pretas,
assim como as retratadas em frente às câmeras.
SEMENTES:
MULHERES PRETAS NO PODER (Brasil, 2020) é o primeiro longa da
co-diretora Éthel Oliveira, da fotógrafa Marina Alves e da roteirista Lumena
Aleluia. Uma escolha da produtora executiva e co-diretora Júlia Mariano, que
coloca em perspectiva o próprio cinema brasileiro e toda a produção de memória
e história que vem com ele. Um cinema fundado no fazer de pessoas brancas,
que desconsidera outras perspectivas e olhares de mundo. Esse mono-olhar
branco, que constrói nosso imaginário coletivo, é redutor e empobrecedor. Mas
para além disso, é também constitutivo do racismo estrutural brasileiro.”
¹. AS PERSONAGENS
Mônica
Francisco, 48 anos: Ex- assessora de Marielle Franco, é pastora
evangélica e militante do movimento de favelas no Rio de Janeiro. Se define
como “mulher, negra e defensora da Comunicação Comunitária e Popular”. Durante
muitos anos atuou no Movimento de Rádios Comunitárias e é fundadora da Rede de
Instituições do Borel e do Grupo Arteiras. Integrou a equipe da Mandata da
vereadora Marielle Franco na equipe de Favelas. É natural do Morro do Borel,
está filiada ao PSOL RJ e foi eleita deputada estadual em 2018 com 40.631
votos.
Rose
Cipriano, 45 anos: É professora da rede municipal de Duque de Caxias.
Nascida na Vila Cruzeiro e criada na Figueira, comunidades icônicas do Rio de
Janeiro, ingressa no Instituto de Educação Roberto Silveira em 1989. Se gradua
em Matemática e se especializa em educação especial. Na juventude, atuou na
Pastoral do Negro, em São João de Meriti e Caxias, e no PVNC (Pré-Vestibular
para Negros e Carentes). Foi professora da rede estadual entre 1992 e 1996 e
desde 1997 ensina na rede municipal de Duque de Caxias mesclando suas
atividades com as do SEPE-Caxias, órgão do qual faz parte desde 2006. Esse é o
lugar e o olhar de Rose: a periferia, a luta das mulheres e dos negros e
negras, a educação pública e de qualidade para todos. Foi candidata a deputada
estadual pelo PSOL-RJ, obteve 17.483 votos em 2018.
Tainá
de Paula, 35 anos: É arquiteta e urbanista, ativista feminista, atua
nas áreas de habitação popular, planejamento urbano e arquitetura pública.
Coordenadora Regional da Plataforma Brasil Cidades, integrante da Comissão para
a Equidade de Gênero no CAU/RJ e presta assistência técnica para o Movimento
dos Trabalhadores sem Teto (MTST) do Rio de Janeiro. Integra os coletivos
#partidA Feminista e Intelectuais Negras Zacimba Gaba. Tainá de Paula foi
candidata a deputada estadual pelo PcdoB em 2018, obtendo um pouco mais que
8500 votos.
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