terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Crítica: Alita: Anjo de Combate


Alita: Anjo de Combate
por Joba Tridente

O bom de saber nada sobre certos filmes baseados em mangá, hq ou best-seller é que você não precisa fazer comparações entre o filme e a obra original.  O ruim é quando você precisa pesquisar certos detalhes sobre o filme e descobre que ele é bem diferente da obra que, aparentemente, é melhor que o material filmado.


Alita - Anjo de Combate (Battle Angel Alita, 2019) acontece lá em 2563, após mais uma guerra catastrófica (vagamente explicada) e, como é de praxe nessas tramas mirabolantes pós-apocalípticas, os sobreviventes de dividem entre a utopia celestial Zalem, uma cidade nas nuvens, para os ricos e poderosos, e a distopia, na decadente Iron City, um pesadelo na Terra, onde a ralé humana divide espaço com robôs, andróides, ciborgues etc. A Cidade de Ferro, à beira de um lixão, recebe diariamente todo tipo de descarte de Zalem. É ali, numa ronda diária, que o bondoso doutor Dyson Ido (Christoph Waltz), especializado na criação e conserto de robôs, ciborgues e congêneres, encontra a cabeça e o tronco de um corpo mecânico adolescente que, após uma operação delicada, devolve à vida a jovem desmemoriada Alita (Rosa Salazar, por captura de expressão e movimento).


Aos poucos Alita vai se inteirando da cidade e da sua população estranha, se apaixona pelo humano Hugo (Keean Johnson) e pelo violentíssimo jogo Rollerball, digo, Motorball, praticado apenas por ciborgues e robôs ou algo mecânico parecido com um ou outro. Porém, de flashback em flashback, a garota acaba se lembrando de quem realmente ela é e a quê realmente serve..., despertando (obviamente) o interesse dos sinistros trapaceiros Vector (Mahershala Ali) e Chiren (Jennifer Connelly), quase figurantes de luxo. A partir daí e 100% restabelecida, sai da frente, que a pancadaria que ela provocará (caçando ou sendo caçada) não tem fim. Ou melhor, acho que tem, mas deve estar guardada para o previsível terceiro filme (se este virar franquia). Para quem não gosta de spoiler, saiba que, infelizmente, algumas (?) surpresas de Alita - Anjo de Combate está nos trailers. Como eu não assisto a trailers (porque trazem a síntese e, praticamente, os melhores momentos de um filme), pude aproveitar melhor a sessão em 3D-IMAX.


Escrito por James Cameron (Titanic, Avatar) e Laeta Kalogridis (Altered Carbon), com direção de Robert Rodriguez (El Mariachi, Sin City), a ficção científica Alita - Anjo de Combate é um filme para jovens e fãs de esportes violentos. Também deve agradar àquele público pouco pensante, já que o roteiro, preguiçoso que só, não se esforça muito para contar uma história coerente ou minimamente crível (dentro do gênero, evidentemente). Assunto algum (ou personagem) é aprofundado. Um “fato” aparece do nada, quica aqui e ali e desaparece feito arco-íris em dia de pouca chuva, sem mesmo completar o arco. Será que estão deixando o que importa para os próximos capítulos? Talvez! Mas, pelo final deste, já que houve mudança entre o mangá e o filme, dois finais podem ser previstos (mas não vou dar spoiler..., adivinhe por conta própria).


Não conheço e não creio que venha a ter tempo para apreciar o aclamado mangá cyberpunk Battle Angel Alita, de Yukito Kishiro..., mas, entre escorregadelas e furos e ótimos efeitos especiais, ainda que rasteira, achei visualmente apreciável a romântica fábula futurista cyberpunk juvenil de James Cameron e Robert Rodriguez. Embora seu futurismo cinematográfico robótico seja reciclado (haja referências!) de grandes produções do passado (Rollerball - Os Gladiadores do Futuro (1975), Blade Runner (1982), Robocop (1987), A.I - Inteligência Artificial (2001), Elysium (2013), Ghost in the Shell (2017), Altered Carbon (2018)...), o seu figurino antiquado (retrô? vintage?) não tenha mudado em 500 anos (?), e não brinde o público com uma linha de humor sequer..., não deixa de ser um bom passatempo para quem gosta de muita ação (e pouca convicção) em um filme-pipoca de dimensões épicas. 

Acredito que quanto menos se esperar, mais o público vai gostar deste escapismo que começa com uma história bacana, com potencial, mas que acaba perdendo o embalo narrativo (não a violência padrão!!!) e se tornando cada vez mais palatável (ou genérico!), para, então, ir se dissipando da memória do espectador enquanto ele deixa a sala de cinema...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

2 comentários:

  1. ..., grato, Marina Seischi. ..., é sempre agradável receber a sua visita e as suas considerações.

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