quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Crítica: Como Treinar O Seu Dragão 3


Como Treinar O Seu Dragão 3
por Joba Tridente

Dizem que tudo que é bom dura pouco, mesmo que leve uns nove longos anos para acabar. Há coisas que terminam sem deixar a mínima saudade. E outras que talvez jamais sejam esquecidas..., como a maravilhosa trilogia cinematográfica animada Como Treinar o Seu Dragão, que ganhou o coração de milhões de espectadores em 2010, reservou ali o melhor espaço em 2014, para deixar a todos, saudosos mas satisfeitos, agora em 2019, com o fascinante desfecho (talvez em definitivo)  da amada saga viking.


Como Treinar O Seu Dragão 3 (How To Train Your Dragon: The Hidden World, 2019), novamente roteirizado e dirigido com maestria por Dean DeBlois, chega para iluminar os céus e mares da imaginação de qualquer cinéfilo que (entre tanto assunto de cinema) não abre mão de uma fantasia muito bem contada. 

Neste epílogo, a trama inspirada na obra de Cressida Cowell, traz o jovem adulto Soluço (que conhecemos garoto na primeira aventura e que agora é o visionário chefe dos vikings da Ilha de Berk) às voltas com duas questões: a superlotação de humanos e dragões na aldeia e a ameaçadora presença de Grimmel, um implacável caçador de dragões que, por não acreditar na convivência pacífica entre os humanos e dragões, quer exterminar estes míticos seres alados. Enquanto procura uma saída para a crise populacional e de sobrevivência das espécies, que pode estar relacionada a uma antiga lenda viking sobre um “mundo oculto” (do título original), ele descobre que o seu dragão Fúria da Noite (o adorável Banguela) está interessado em uma rara e majestosa Fúria da Luz...


Mais uma vez quis saber absolutamente nada a respeito deste último e espetacular capítulo. Nem trailer eu vi (e aconselho o mesmo a você)..., me dando o direito de me surpreender, me divertir e me emocionar com a equilibrada carga de ação, aventura e deliciosa pitada dupla de romance da trama juvenil (já que Soluço e Astrid, embora não admitam, estão mais comprometidos que nunca) no decorrer da narrativa. Assisti ao trailer após escrever as minhas considerações e, infelizmente (?), o filme está todo resumido ali.

Como Treinar O Seu Dragão 3, assim como nos capítulos anteriores, além de não subestimar a inteligência do público (de qualquer idade), tampouco é moralista e sequer piegas. Seu roteiro é inteligente e direto na contemplação de assuntos que interessam no desenvolvimento do enredo e na credulidade dos personagens de um passado que, vez ou outra, evoca o (nosso) presente..., sem deixar de subliminarmente enfocar interessantes “curiosidades” num segundo plano.  Ainda que o foco seja Soluço e Banguela, há um bom espaço para outros personagens darem o ar da graça e da confusão.


Considerando as impressionantes sequências (em terra, no ar e nas profundezas do mar) tecnicamente irretocáveis (o que dizer da criativa e espalhafatosa dança de acasalamento de Banguela?); a cenografia de encher os olhos; as ótimas gags visuais e o bom humor (sem piadas escatológicas); os personagens (que envelheceram sem perder a personalidade) ricos em detalhes físicos e psicológicos, adoráveis até nas esquisitices; a trilha sonora que (felizmente!) mal se percebe..., Como Treinar O Seu Dragão 3 tem o que se espera de um entretenimento cinematográfico de qualidade para qualquer espectador. Uma obra magnífica que (sem jamais se dobrar ao moralismo e à pieguice vigente, em nenhum dos três capítulos!) fecha com capa de ouro esta formidável saga.


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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