sábado, 27 de março de 2010

Crítica: Como Treinar O Seu Dragão


Mais uma vez (como não poderia ser diferente) a DreamWorks surpreende, do princípio ao fim, com o seu belo e divertido Como Treinar O Seu Dragão, uma animação em 3D estereoscópico que, com certeza, vai agradar até mesmo os adolescentes.

Como Treinar O Seu Dragão (How to Train Your Dragon, EUA, 2010), com roteiro e direção de Chris Sanders e Dean Deblois (dupla responsável pelo sucesso de Stitch, o alienígena fora de lei mais pirado do universo animado, em Lilo & Stitch), é baseado na série literária (homônima) de Cressida Cowell. A história se passa no tempo dos vikings e numa terra apavorada por ferozes dragões, onde vivem Soluço e a “sua” turma, em busca de identidade, querendo marcar território, aprendendo táticas “infalíveis” para vencer os terríveis inimigos alados. Soluço é um garoto franzino que foge ao padrão viking de ser. Ele tem idéias mirabolantes, avançadas demais, e pouco diálogo com o pai, chefe do clã..., na verdade é mais um monólogo de Stoico, o Imenso, quando se encontram. O ferreiro Bocão é a única pessoa que lhe dá atenção e se preocupa com ele. Numa manhã, após um terrível ataque noturno dos dragões, Soluço encontra um animal ferido, tipo Fúria da Noite, a quem dá o nome de Banguela, e a sua vida literalmente vira de ponta cabeça. Aliás a vida de toda a tribo vira de ponta cabeça. E é só o começo de muitas confusões cheias de bom humor.


Como Treinar O Seu Dragão tem um visual estonteante, um domínio de técnica excelente e personagens cativantes. O ótimo filme está bem próximo de A Espada Era Lei (1963), grande clássico produzido pela Disney e dirigido por Wolfgang Reitherman. Os dois garotos são magricelas, tímidos e sonham grande. Arthur é cavalariço, quer se tornar um cavaleiro e, enquanto esse dia não chega, se vê envolvido com as agitadas e malucas aulas de Merlin, preocupado com a sua formação escolar, já que ele está destinado a ser rei. Soluço, ajudante de ferreiro, quer ser o maior caçador de dragões da sua terra e, enquanto esse dia não chega, se vê envolvido com as perigosas e movimentadíssimas aulas práticas de Bocão, preocupado com a sua sobrevivência, já que ele está destinado a ser o chefe do vikings. O diferencial está no fato de Soluço (pouca coisa mais velho) querer ir além da mera curiosidade sobre a magia da vida e o mundo ao seu redor, no seu caso, partilhado por terríveis e enigmáticos dragões. Ele quer aprender tudo sobre as feras e, talvez, mudar este relacionamento fatal para todos (dragões, homens e, de quebra, ovelhas). Bem, se sobrar tempo, também conquistar a bela Astrid.

Como Treinar O Seu Dragão, com seus adolescentes (Soluço, Astrid, Melequento, Perna-de-Peixe, Cabeçaquente e Cabeçadura) decididos a se tornarem os melhores caçadores de dragões, se saírem vivos dos assustadores treinos, é ação do começo ao fim. As cenas de ataque e contra-ataque são espetaculares, e as dos vôos dos dragões (em 3D a gente viaja junto) são deliciosamente inesquecíveis. Mas, além do irretocável visual, está um filme tocante, que fala do valor da amizade entre os iguais e os diferentes, bem como da união de forças e da importância da conversa, do diálogo, principalmente entre pais e filhos. Ele trata dos mais diversos e necessários relacionamentos sem ser piegas e muito menos didático. Não há discurso ou sermão, tudo é dito (sem perder o humor) de forma direta..., e sem deixar sequelas. Bem ao gosto de qualquer público que vai ao cinema em busca de diversão e não de lição de moral. É um imperdível filme de aventuras que, arrisco a dizer, já nasceu clássico!

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