quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Crítica: Venom


VENOM
por Joba Tridente

Ando um tanto afastado das histórias em quadrinhos e, sendo um leitor e ex-colecionador das antigas HQs, quando vejo a atual pluralização de alguns personagens (para atender a “novos” segmentos sociais?), me afasto mais ainda. Do (herói? anti-herói? vilão?) Venom a lembrança mais recente é a da sua aparição na telona em Homem Aranha 3, de 2007..., ano em que começou a corrida para um filme do personagem (que já foi vilão e parceiro do HA). Bem, dez anos depois, chegou a hora de ver como ficou este filme (solo!!!) da verdadeira origem do Venom (Venom, 2018), estrelado pelo excelente Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria) e dirigido por  Ruben Fleicher (Zumbilândia).

Simples e direta, a trama de Venom não perde tempo com embromações e trata logo de situar paralelamente o espectador na rotina do jornalista investigativo Eddie Brook (Hardy) e na chegada dos alienígenas Symbiotes a Terra, a bordo de um foguete do maquiavélico empresário Carton Drake (Riz Ahmed). Não demora e já vemos como Venom migrou para o corpo hospedeiro do estressado jornalista Brook (Hardy), é caçado por uma equipe de segurança da Fundação Vida e por policiais e pretende ficar por ali (incorporado) até se confrontar com o symbiote Motim, que tem (é claro!) um plano maligno e nada amigável para o planeta...


Baseado na minissérie em quadrinhos Venom: Lethal Protector (1993) e na HQ Planet of the Symbiotes (1995), a ficção científica Venom traz um roteiro juvenil que cumpre satisfatoriamente a apresentação do personagem-título e de seu hospedeiro (sublinhando seus comportamentos - alienígena e humano - nos próximos capítulos da franquia). Com seu jeitão deliciosamente antiquado, é bem divertido. Porém, a violência (até) moderada, pode não agradar totalmente o público mais adulto que estiver na expectativa de pancadaria (mais gore!) e muita destruição, “características” dos filmes do gênero.

A mim, a metragem certa e a trama enxuta, que se ocupa apenas do essencial sobre Brook e Venom, tem tudo para divertir tanto a garotada adolescente quanto o público mais adulto e menos ranzinza. Talvez por ter querido saber praticamente nada do enredo, eu (que não li a sinopse e sequer vi o trailer e ando mais flexível em relação a produções cinematográficas quadrinescas) ri um bocado e nem me incomodei com a preferência da direção por uma zona de conforto médio a um salto mirabolante no escuro profundo para agradar grandes e pequenos espectadores. E mais, como não me lembro das HQs originais e sei que história em quadrinhos de ação (antiga) é uma coisa e cinema de ação (contemporâneo) é outra, bem como exigir coerência nesse caso é bobagem..., relevei.


Quanto ao elenco, quem se sai melhor é Tom Hardy, que parece se divertir muito com suas improvisações (?) hilárias com o Venom. A ação é aquela padrão atual (preferencialmente sem sangue!): perseguição de carro e de moto (com algumas cenas pastelão), tiroteio, explosões e mortes inusitadas (!!!)..., mas nada que gere pesadelos noturnos. Ainda que traga duas sequências pós-créditos (uma delas em animação do Homem Aranha no Aranhaverso), Venom se basta por si só (tem começo, meio e fim). Ou seja, independe de continuações. Toda via das franquias, no entanto, caso continue, tomara que cada capítulo seja completo e único em sua narrativa, sem elipse ou link para o próximo... O CGI (dos symbiotes) é razoável.

Enfim, embora não apresente o sarcasmo ou a violência de Deadpool, a catarse de  Logan e nem a ironia de Os Jovens Titãs em Ação, acredito que Venom tenha material suficiente para enredar o espectador com um humor que vai do ingênuo ao nonsense (com umas duas ou três gags impagáveis em meio ao humor negro). Não lhe falta nem aquela pegada pop que a gente se acostumou a ver e que faz a diferença nas produções da Marvel (lembrando que este é o Universo - paralelo - Marvel da Sony). Pode não ser dos mais memoráveis filmes sobre um anti-herói (amigo da vizinhança de São Francisco) e até mesmo provocar o chororô dos fãs (sedentos de mais terror, mais suspense e mais sangue)..., mas, cá pra nós, ele cumpre fielmente o que promete: uma boa sessão pipoca para todo mundo.


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...