VENOM
por Joba Tridente
Ando um tanto afastado das histórias em quadrinhos e,
sendo um leitor e ex-colecionador das antigas HQs, quando vejo a atual pluralização
de alguns personagens (para atender a “novos” segmentos sociais?), me afasto
mais ainda. Do (herói? anti-herói? vilão?) Venom
a lembrança mais recente é a da sua aparição na telona em Homem Aranha 3, de 2007..., ano em que começou a corrida para um
filme do personagem (que já foi vilão e parceiro do HA). Bem, dez anos depois, chegou a hora de ver como ficou este
filme (solo!!!) da verdadeira origem do Venom (Venom, 2018), estrelado pelo excelente Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria) e dirigido por Ruben
Fleicher (Zumbilândia).
Simples e direta, a trama de Venom não perde tempo com embromações e trata logo de situar paralelamente
o espectador na rotina do jornalista investigativo Eddie Brook (Hardy) e na chegada dos alienígenas Symbiotes a Terra, a bordo de um foguete
do maquiavélico empresário Carton Drake
(Riz Ahmed). Não demora e já vemos como
Venom migrou para o corpo hospedeiro do
estressado jornalista Brook (Hardy), é caçado por uma equipe de segurança da Fundação Vida e por policiais e pretende ficar por ali (incorporado) até se confrontar com o symbiote
Motim, que tem (é claro!) um plano maligno
e nada amigável para o planeta...
Baseado na minissérie em quadrinhos Venom: Lethal Protector (1993) e na HQ Planet of the Symbiotes (1995), a ficção
científica Venom traz um roteiro
juvenil que cumpre satisfatoriamente a apresentação do
personagem-título e de seu hospedeiro (sublinhando seus comportamentos -
alienígena e humano - nos próximos capítulos da franquia). Com seu jeitão
deliciosamente antiquado, é bem divertido. Porém, a violência (até) moderada, pode
não agradar totalmente o público mais adulto que estiver na expectativa de pancadaria
(mais gore!) e muita destruição,
“características” dos filmes do gênero.
A mim, a metragem certa e a trama enxuta, que se
ocupa apenas do essencial sobre Brook
e Venom, tem tudo para divertir tanto
a garotada adolescente quanto o público mais adulto e menos ranzinza. Talvez
por ter querido saber praticamente nada do enredo, eu (que não li a sinopse e
sequer vi o trailer e ando mais flexível em relação a produções
cinematográficas quadrinescas) ri um bocado e nem me incomodei com a
preferência da direção por uma zona de conforto médio a um salto mirabolante no
escuro profundo para agradar grandes e pequenos espectadores. E mais, como não
me lembro das HQs originais e sei que história em quadrinhos de ação (antiga) é
uma coisa e cinema de ação (contemporâneo) é outra, bem como exigir coerência nesse
caso é bobagem..., relevei.
Quanto ao elenco, quem se sai melhor é Tom Hardy, que
parece se divertir muito com suas improvisações (?) hilárias com o Venom. A ação é aquela padrão atual
(preferencialmente sem sangue!): perseguição de carro e de moto (com algumas
cenas pastelão), tiroteio, explosões e mortes inusitadas (!!!)..., mas nada que
gere pesadelos noturnos. Ainda que traga duas sequências pós-créditos (uma
delas em animação do Homem Aranha no
Aranhaverso), Venom se basta por
si só (tem começo, meio e fim). Ou seja, independe de continuações. Toda via
das franquias, no entanto, caso continue, tomara que cada capítulo seja
completo e único em sua narrativa, sem elipse ou link para o próximo... O CGI (dos
symbiotes) é razoável.
Enfim, embora não apresente o sarcasmo ou a violência
de Deadpool, a catarse de Logan e nem a ironia de Os Jovens Titãs em Ação, acredito
que Venom tenha material suficiente
para enredar o espectador com um humor que vai do ingênuo ao nonsense (com umas duas ou três gags impagáveis em meio ao humor negro).
Não lhe falta nem aquela pegada pop
que a gente se acostumou a ver e que faz a diferença nas produções da Marvel
(lembrando que este é o Universo - paralelo - Marvel da Sony). Pode não ser dos
mais memoráveis filmes sobre um anti-herói (amigo da vizinhança de São Francisco) e até mesmo provocar o chororô dos
fãs (sedentos de mais terror, mais suspense e mais sangue)..., mas, cá pra nós,
ele cumpre fielmente o que promete: uma boa sessão pipoca para todo mundo.
*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de
idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo),
em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista
e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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