quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Crítica: Deuses do Egito


Mitologia grega é um tema que mexe e vira e não tarda filme hollywoodiano. Quando criança me divertia com os (românticos) heróis greco-romanos das produções italianas. Da mitologia judaico-cristã o grande público (principalmente evangélico) é capaz de citar tramas com os lendários Moisés, Noé, Davi, Golias, Salomão, Jesus, Esther, Dalila, Sansão..., entre outros.  Já do Egito, o espectador deve se lembrar mais do despertar das famigeradas Múmias do que das mais de 40 variações de filmes “históricos” sobre Cleópatra. Todavia mítica, eis que, neste célere 2016, pegando carona nas ondas celestes de Fúria de Titãs (2010). Fúria de Titãs 2 (2012), Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010) e Percy Jackson e o Mar de Monstros (2013), nos chega pelas mãos do diretor Alex Proyas, o grandiloquente Deuses do Egito.


Deuses do Egito (Gods of Egypt, 2016), livremente (e bota livre nisso!) inspirado na mitologia egípcia, se passa no continente africano, numa época em que, segundo Hollywood, o lugar (como sempre?) era habitado por alvos europeus-caucasianos e alguns negros. Um detalhe (bobo?) que o produtor e o diretor “se deram conta” e “se desculparam” apenas após a reclamação dos prováveis espectadores, quando saiu o primeiro trailer. É “claro” que o público “entendeu” as desculpas deles, já que preocupados com os efeitos e os formatos que a produção está sendo lançada: 2D, 3D, XD, XDPlus, 4DX, Macro XE, X Plus, D-Box, XD Extreme Digital Cinema, Real D 3D..., os dois nem se lembraram de que a história se passa na África e que, possivelmente, os egípcios poderiam ser (quem sabe?) negros e não falar o inglês americano... Idiossincrasias estadunidenses à parte, deixa-me ver, de todos os formatos “D”, só conheço o 2, o 3 e o Box.


Bem, mas voltando para o cálido deserto africano, os roteiristas Matt Sazama e Burk Sharpless contam que, há uns 5.000 mil anos, no Antigo Egito governado por deuses, o iluminado Osiris (Bryan Brown), filho do solar (Geoffrey Rush), foi morto por seu maligno irmão Set (Gerard Butler) que, além de usurpar o suntuoso reino e escravizar o povo, exilou o seu bondoso sobrinho Horus (Nikolaj Coster-Waldau)..., que só poderá contar com a ajuda interesseira do mortal Bek (Brenton Thwaites) e da deusa Hathor (Elodie Yung) para vingar a morte do seu pai e trazer paz e liberdade aos egípcios.


Deuses do Egito é um filme de ação literalmente de luminescentes efeitos pra lá de especiais..., meio bregas, ao gosto dos games de última geração. Haja brilho nos figurinos e fantasias (dignas das mais ricas Escolas de Samba Brasileiras), digo, das armaduras. O enredo confuso, os diálogos ridículos e a apatia dos atores/personagens (o que estou fazendo aqui?) provocam mais sono que a mosca tsé-tsé. Como é um filme infantouvenil (mais infantil que juvenil), excetuando a pancadaria “explícita” no cansativo circulo vicioso da eterna (?) luta entre luz e trevas, as duas tramas “românticas” que servem de pano de fundo, envolvendo os mortais Bek e Zaya (Courtney Eaton) e os imortais Hórus/Hathor/Set, são mais insossas que cerveja (egípcia) quente.


Enfim, embora claudicando (ôps!) na areia fofa do deserto, Deuses do Egito até tenta ser bem humorado, mas suas piadas (mal contadas) e ou gags (mal resolvidas) não abrem sequer um sorriso amarelo. Tem vocação para trashão de luxo, mas lhe falta ânimo e convicção para rir de si mesmo. Nesse épico de araque é tudo tão falso, em seu brilhoso ouro de tolo, que a gente, em insignificante leitura, chega a pensar que, na verdade, os branquelas deuses egípcios da telona são heróis gregos sobreviventes da Esparta dos 300.

Entretenimento para quem gosta de filmes de efeito (especial) e de dar folga ao Tico e Teco...


4 comentários:

  1. Sinceramente, esse filme não me convenceu nem pelo trailer, quando fui ver o filme de Deadpool. Minha única pergunta ao ver o trailer era ora "Por que ainda fazem filmes assim?", me pergunto isso, porque a mitologia grega, bem como toda a cultura grega, é para mim um dos mais vastos e complexos campos, e eles insistem em querer menosprezar isso com esses filmes Z como "Fúrias de Titãs", "Percy Jackson" e outros. Quisessem fazer algo decente, fizessem uma trilogia do Hércules, digna, para 18 anos, com toda a densidade que o personagem oferece, e não apenas um bobalhão dando porrada por ai.

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    1. ..., olá, Ozymandias, gosto demais, também da mitologia grega (que fez a minha cabeça ainda na adolescência cheia de questões), mas, excetuando um ou outro filme de arte..., o que interessa aos produtores é o entretenimento pipoca, o mais raso e fantasioso possível..., não que fantasia seja ruim, mas...

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  2. Ah sim, posso fazer parte da sua fraternidade? se "não", não tem problema, continuarei acompanhando aqui da mesma forma.

    http://ozymandiasrealista.blogspot.com.br/

    Força e honra.

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    1. ..., olá, Ozymandias, ainda não tenho comunidade..., acontece que na hora de divulgar, acaba clicando errado, mas seja sempre bem-vindo, por aqui!!! ..., bacana o teu site, já estou seguindo! ..., viu na crítica ao Deadpool o link para o curta do Lobo, o Czarniano? abs.

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