sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crítica: Deadpool


Criado em 1991, por Rob Liefeld e Fabian Niciesa, o Deadpool é o tipo de personagem falastrão que já nasce fazendo sucesso e arregimentando fãs, com seu jeito desbocado e irônico de encarar (com muita galhofa!) o universo dos heróis e super-heróis e anti-heróis, vilões e supervilões. O conhecido “mercenário tagarela”, ciente de que não passa realmente de mera criação de histórias em quadrinhos, aproveita a sua verve despudorada para “rir” da sua própria violência e indecência. Imortal e com o mesmo poder regenerativo do Wolverine, também cobaia do experimento canadense Arma X, não poupa crítica aos seus editores e muito menos aos colegas de profissão..., se é que ser personagem é uma profissão. Mas, enfim, com ele em cena, sobram humor negro, nonsense, erotização, vulgaridade, heroísmo e vilania (ou vice-versa) em suas histórias. Todavia quadrinhesca, apesar de toda sandice, Deadpool não me parece se comparar ao demente Lobo, criado em 1983 por Keith Giffen e Roger Slifer. Perto do psicopata Czardiano, da DC, o maluco da Marvel, às vezes, não passa de um gentleman. Ou não?!


Deadpool (Deadpool, 2016), dirigido por Tim Miller, é um cartão de visitas (imundo) do personagem auto-depreciativo que tem tudo para agradar aos fãs: violência e humor chulo e violência e humor politicamente incorreto e violência e sexo em expansão e violência... Violência setorizada (justificável?), é verdade, mas violência. Porém, nada (tão violento) que já não se tenha visto (com mais ou menos teor) em filmes do gênero. Nessa onda sanguinolenta, Deadpool/Wade Wilson (Ryan Reynolds, que já viveu o mesmo personagem em X-Men Origens: Wolverine, de 2009) chega detonando a quarta parede e matraqueando (quase) sem parar a sua ensandecida história de criminoso à quase herói (sem nenhum caráter)..., passando, é claro, por seu interesse sexual e amoroso pela prostituta Vanessa Carlysle (Morena Baccarin), pelo tratamento do câncer e transformação física..., só pra esbravejar o porquê da vingativa e explosiva caça ao perverso Ajax (Ed Skrein). Sim, neste prelúdio do sarcástico personagem sem limites, não tem invasão de ETs, explosão de cidades ou sequer heróis em pé de guerra. A única coisa (uma bobagem!) que move o sociopata sentimental Deadpool, que veste malha vermelha e anda de táxi, é a vingança quente ou fria.


Com roteiro bacana dos “verdadeiros heróis” Rhett Reese e Paul Wernick, abusando da metalinguagem (e da metacrítica!), Deadpool começa a divertir já nos inéditos “créditos” iniciais. Ou melhor, nos inéditos deboches iniciais aos personagens do filme e a toda equipe (incluindo o Lanterna Verde, com o próprio Reynolds, de 2011)..., em meio à sequência de abertura em câmera lentíssima, que registra um grave acidente automobilístico e serve de estopim para que Deadpool/Wade narre a sua “origem” com muito sarcasmo. O humor ferino e despudorado que norteia sequências de violência e de sexo, também “afaga” a estranhíssima dupla de X-Men (de apoio!): Colossus (Stefan Kapicic) e a mal-humorada Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand). A versão cinematográfica (bem mais leve?) pode não ser exatamente a (bem mais pesada!) dos gibis, em suas semelhanças e diferenças..., mas isso não tem a menor importância! Diverte e apavora e arrepia igual!


Enfim (pra não ficar enchendo linguiça e acabar falando o (spoiler) que não devo) considerando a excelente direção de Tim Miller; a trama hilária-gore, com suas gags impagáveis e personagens insanos e divertidos; Ryan Reynolds cativante em um elenco afiado; os efeitos especiais de ponta; e o fato de que, mantidas as devidas proporções de violência e humor, a produção segue a linha das também divergentes e surpreendentes produções de ação e aventura Os Guardiões da Galáxia e Homem-Formiga..., você (adulto!) que gosta do gênero, está esperando o quê, pra assistir a essa maluquice (nada infantojuvenil)? Hmmmnnn..., não tenho certeza se as meninas vão gostar!

E já que (acima) falei do esquisito Lobo..., enquanto o Último Czardiano não ganha o seu merecido longa, divirta-se com o curta-metragem The Paramilitary Christmas Special, realizado por Scott Leberecht. No filme, adaptado da famosa HQ homônima, o mercenário Lobo (Andrew Bryniarski) é contratado pelo Coelho da Páscoa para matar o Papai Noel. Veja em versão original: The Lobo Paramilitary Christmas Special (2002) e ou legendada em português: Lobo - Especial Paramilitar de Natal (2002).

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