Criado em
1991, por Rob Liefeld e Fabian Niciesa, o Deadpool
é o tipo de personagem falastrão que já nasce fazendo sucesso e arregimentando
fãs, com seu jeito desbocado e irônico de encarar (com muita galhofa!) o
universo dos heróis e super-heróis e anti-heróis, vilões e supervilões. O
conhecido “mercenário tagarela”, ciente de que não passa realmente de mera
criação de histórias em quadrinhos, aproveita a sua verve despudorada para
“rir” da sua própria violência e indecência. Imortal e com o mesmo poder
regenerativo do Wolverine, também
cobaia do experimento canadense Arma X,
não poupa crítica aos seus editores e muito menos aos colegas de profissão...,
se é que ser personagem é uma profissão. Mas, enfim, com ele em cena, sobram
humor negro, nonsense, erotização, vulgaridade, heroísmo e vilania (ou vice-versa)
em suas histórias. Todavia quadrinhesca, apesar de toda sandice, Deadpool não me parece se comparar ao
demente Lobo, criado em 1983 por
Keith Giffen e Roger Slifer. Perto do psicopata Czardiano, da DC, o maluco da Marvel, às vezes, não passa de um gentleman. Ou não?!
Deadpool (Deadpool,
2016), dirigido por Tim Miller, é um
cartão de visitas (imundo) do personagem auto-depreciativo que tem tudo para
agradar aos fãs: violência e humor chulo e violência e humor politicamente
incorreto e violência e sexo em expansão e violência... Violência setorizada
(justificável?), é verdade, mas violência. Porém, nada (tão violento) que já
não se tenha visto (com mais ou menos teor) em filmes do gênero. Nessa onda
sanguinolenta, Deadpool/Wade Wilson (Ryan Reynolds, que já viveu o mesmo
personagem em X-Men Origens: Wolverine,
de 2009) chega detonando a quarta parede e matraqueando (quase) sem parar a sua
ensandecida história de criminoso à quase herói (sem nenhum caráter)...,
passando, é claro, por seu interesse sexual e amoroso pela prostituta Vanessa Carlysle (Morena Baccarin), pelo tratamento do câncer e transformação física...,
só pra esbravejar o porquê da vingativa e explosiva caça ao perverso Ajax (Ed Skrein). Sim, neste prelúdio do sarcástico personagem sem limites,
não tem invasão de ETs, explosão de cidades ou sequer heróis em pé de guerra. A
única coisa (uma bobagem!) que move o sociopata sentimental Deadpool, que veste malha vermelha e
anda de táxi, é a vingança quente ou fria.
Com roteiro
bacana dos “verdadeiros heróis” Rhett
Reese e Paul Wernick, abusando da metalinguagem (e da metacrítica!), Deadpool começa a divertir já nos
inéditos “créditos” iniciais. Ou melhor, nos inéditos deboches iniciais aos
personagens do filme e a toda equipe (incluindo o Lanterna Verde, com o próprio Reynolds, de 2011)..., em meio à sequência de abertura em
câmera lentíssima, que registra um grave acidente automobilístico e serve de
estopim para que Deadpool/Wade narre
a sua “origem” com muito sarcasmo. O humor ferino e despudorado que norteia
sequências de violência e de sexo, também “afaga” a estranhíssima dupla de X-Men (de apoio!): Colossus (Stefan Kapicic)
e a mal-humorada Negasonic Teenage
Warhead (Brianna Hildebrand). A
versão cinematográfica (bem mais leve?) pode não ser exatamente a (bem mais
pesada!) dos gibis, em suas semelhanças e diferenças..., mas isso não tem a
menor importância! Diverte e apavora e arrepia igual!
Enfim (pra
não ficar enchendo linguiça e acabar falando o (spoiler) que não devo) considerando a excelente direção de Tim
Miller; a trama hilária-gore, com suas gags impagáveis e personagens insanos e divertidos;
Ryan Reynolds cativante em um elenco afiado; os efeitos especiais de ponta; e o
fato de que, mantidas as devidas proporções de violência e humor, a produção
segue a linha das também divergentes e surpreendentes produções de ação e
aventura Os Guardiões da Galáxia e Homem-Formiga..., você (adulto!) que gosta do gênero, está esperando o quê, pra
assistir a essa maluquice (nada infantojuvenil)? Hmmmnnn..., não tenho certeza
se as meninas vão gostar!
E já que (acima)
falei do esquisito Lobo..., enquanto
o Último Czardiano não ganha o seu merecido longa, divirta-se com o
curta-metragem The Paramilitary
Christmas Special, realizado por Scott
Leberecht. No filme, adaptado da famosa HQ homônima, o mercenário Lobo (Andrew Bryniarski) é contratado pelo Coelho da Páscoa para matar o Papai Noel. Veja em versão original: The Lobo Paramilitary Christmas Special (2002) e ou legendada
em português: Lobo - Especial Paramilitar de Natal
(2002).
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