Uma pergunta que esbraveja: Por que será que no
mundo do entretenimento (cinema, hq, teatro), na maioria da vezes, os
personagens coadjuvantes (ou vilões) são mais interessantes que os
protagonistas (ou mocinhos)?
É assim, por exemplo, com o Scrat, o alucinado esquilo pré-histórico da franquia A Era do Gelo e com o Capitão, Kovalski, Rico e Recruta que formam
o amalucado quarteto de pinguins da trilogia Madagascar e que, desde 2008, estrelam a própria série televisiva.
Bem, as aves fofinhas, mas duronas, que aprontam tudo nos curtas animados,
agora estão dando o terceiro passo no longa de espionagem Os Pinguins de Madagascar.
A história pastelão começa na Antártica, onde o
cineasta alemão Werner Herzog, que agora se dedica ao documentário, filma a
marcha anual dos pinguins (referência ao seu doc Encontros no Fim do Mundo) e flagra o encontro dos jovens Capitão, Kovalski e Rico com o Recruta, literalmente na casca do ovo. Prólogo
já visto, com outras cenas chaves, nos trailers. Mas ainda sim, provocam
sorriso. Tempos depois, após um assalto ao Fort Knox, para resgatar uma preciosidade,
nossos heróis caem nos tentáculos de um inimigo que desconheciam, o dupla face
ou duplo corpo Dave/Dr. Octavius Brine, que trabalha
ensandecidamente num plano para acabar com a fofura dos pinguins..., mas que
não conta com a esperteza deles e muito menos com o reforço que vão receber da
força-tarefa O Vento do Norte, grupo formado
por um Huski Siberiano (Secreto), um
Urso (Montanha), uma Coruja (Eva), e uma Foca (Pavio Curto).
Os
Pinguins de Madagascar (The
Penguins of Madagascar, EUA, 2014), em 3D-IMAX, dirigido por Eric Darnell e Simon J. Smith, é um desenho realmente animado, com muita ação (correria,
pancadaria e confusão em Veneza, Saara, Xangai, Nova York) e humor pastelão ao
gosto da criançada que acompanha as aventuras surreais do quarteto na tv. Nada
muito complicado, mas, às vezes, agitado até demais. Para um acompanhante, o fantasioso
roteiro (infantil!) nem sempre funciona e nem todas as piadas são engraçadas. Parte
da culpa cabe à versão brasileira e à dublagem, que comprometem o humor absurdo.
Algumas gags (trocadilhos infames) se perderam..., mas, ainda sim, dei boas
risadas. Ah, é uma “sutileza” da paródia a Herzog, mas a citação ao seu famoso Fitzcarraldo, está aí!
Tecnicamente a animação continua excelente, muito
colorida e dinâmica, com seu traço original que dá uma cara de brinquedo de
plástico aos personagens. O 3D-IMAX cumpre seu papel vertiginoso nas cenas
aéreas. O enredo até joga com o público adulto no tom Missão Impossível, James Bond,
Austin Power..., mas sem esquecer de que
o seu alvo é realmente a criançada. Excetuando uma crítica velada ao culto à
beleza, no subtexto, Os Pinguins de
Madagascar, felizmente, não traz mensagens edificantes ou morais, apenas
conta uma história boba e divertida. E precisa mais?
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