segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Crítica: No Olho do Tornado


Não é novidade alguma que os EUA estão na rota dos tornados, furações e outros ventos mais e ou menos violentos. Novidade, para mim, foi ver, no Google, a quantidade de filmes sobre o assunto. Numa passada de olhos, contei uns doze, mas acredito que haja, no mínimo, o dobro. Isso sem contar os dramas metafóricos. Eu assisti ao clássico Mágico de Oz (1939), ao famoso Twister (1996) e ao divertidíssimo trash Sharknado (2013)..., que parece ter servido de inspiração ao insosso No Olho do Tornado. E por falar em catástrofe-trash (?) fiquei curioso em dois títulos da minha pesquisa: Metal Tornado (2011) e Alien Tornado (2012).


A trama de No Olho do Tornado? Como poderia dizer? Bom, no dia da formatura dos alunos do colegial, em Silverton, aparece pela redondeza um bando de furacões para estragar a festa. Bem, onde tem furacões tem caçadores profissionais de furações, como o documentarista Pete (Matt Walsh) e a meteorologista Allison (Sarah Wayne Callies), e caçadores amadores de furacões, como os caipiras debiloides (tipo Jackass) Donk (Kyle Davis) e Reevis (Jon Reep); gente inocente correndo pra lá e pra cá; estudantes adolescentes na hora e lugar errados; cachorro perdido; velho solitário; coisas materiais (móveis e imóveis) carregadas pelos tornados e furacões. E, é claro (ou seria empoeirado?), no meio da tempestade, um pai, Gary (Richard Armitage), e seus filhos, Donnie (Max Deacon) e Trey (Nathan Kress), em crise, discutindo a relação no melhor estilo catástrofe-trash da produtora The Asylum e do canal SyFy.


Dirigido por Steven Quale, o drama de ação, baseado no roteiro insípido de John Swetnam, é tão preguiçoso que é difícil acreditar que não tenha sido soprado pra longe dos cinemas antes do tempo fechar. Os vigorosos tornados são os protagonistas e, como é da sua natureza, não fazem feio, destroem com técnica e precisão praticamente tudo que encontram pelo caminho. Já os humanos, não passam de um detalhe fora de foco no meio da tempestade. Ainda que sejam eles, na maior parte da narrativa que imita o estilo found footage, a contar (documentar) a história, através de suas variadas câmeras. São coadjuvantes enfadonhos que não despertam o menor interesse pelo seu melodramático destino (pra lá de previsível).

No Olho do Tornado (Into The Storm, EUA, 2014) é uma ficção boba. Clichê e pieguice abundam na borda e dentro da tempestade. Voam frases feitas para todos os gostos: “Precisamos sair daqui!” e ou “Trabalhei com isso a minha vida toda!” e ou a clássica: “O que está acontecendo?”. Todavia tempestuosa, embora mal escrito, mal dirigido, mal interpretado, mal editado, No Olho do Tornado está longe de ser considerado trash..., porque lhe falta o principal: inventividade, que sobra em Sharknado, por exemplo.


Com a pretensão de seriedade levada pela ventania, mesmo com efeitos especiais excelentes, No Olho do Tornado acaba soando mais como um arremedo (sem vacas voando!) de Twister, que compensava os efeitos razoáveis com um bom script. Por falar em Twister, há uma (bonita) sequência “lúdica” no tornado de lá que aproxima os dois no tornado de cá. Quem viu o filme de 1996, dirigido por Jan de Bont, vai se lembrar na hora da cena.

Enfim, um programa literalmente nebuloso e com previsão meteorológica imprevisível, para o deleite dos fãs do gênero que, de quebra, levam de brinde mensagens edificantes de superação que, por Bóreas!, assim como o filme, serão totalmente esquecidas logo após a sessão.

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