domingo, 22 de junho de 2014

Crítica: Amazônia 3D


A região amazônica é considerada tanto um Paraíso Verde quanto um Inferno Verde. É apenas uma questão de ponto de vista e ou de resistência física e material dos habitantes (nativos e migrantes) ou pesquisadores e turistas aventureiros. Por conta de seus mistérios e encantos, a região tem constantemente a sua geografia explorada, pelos mais diversos ângulos, em fotos e documentários televisivos brasileiros e estrangeiros.

Amazônia 3D (2013) é um docuficção dirigido pelo francês Thierry Ragobert. A produção franco-brasileira, ainda que menos dramática, lembra muito Chimpanzé (2012), o envolvente documentário da Disneynature, dirigido por Alastair Fothergill e Mark Linfield (infelizmente lançado apenas em DVD, no Brasil), que conta a história de Oscar, um filhote de chimpanzé que, após uma luta territorial entre dois grupos rivais de primatas, se vê abandonado ao “deus dará” no Parque Nacional de Taï, na Costa do Marfim, na África ocidental. Sem condições de se alimentar sozinho, Oscar passa por situações desesperadoras até ser adotado por Freddy, um macho alfa.


Atravessando o Oceano Atlântico, em algum lugar da floresta amazônica brasileira encontramos Castanho, um macaco-prego perdido na selva, após um acidente com a aeronave que o trazia do Rio de Janeiro para “trabalhar” (?) em um circo. Sozinho e sem qualquer referência, o macaco urbano, tão antropomorfizado quanto as ararinhas azuis da animação Rio 2, apesar de parecer uma pequena enciclopédia de biologia, sabe quase tudo sobre a fauna, um pouco sobre a flora, mas nada sobre onde encontrar comida e ou o que comer no grande “mercado” em que se encontra. Porém, com o instinto do Homem-Aranha (sim, ele sabe quem é o H-A!), atento ao mundo selvagem ao seu redor, ele acaba conhecendo Gaia e um grupo de macacos-prego nada amistoso. Castanho acredita ter tirado a sorte grande, ao encontrar uma adorável macaquinha e seu bando. No entanto, se quiser sobreviver por ali, vai precisar descobrir o seu lado selvagem encoberto por muitas camadas de urbanidade.

No Brasil, Amazônia 3D ganhou voz (de Lúcio Mauro Filho e de Isabelle Drummond) e diálogos, na maioria, desnecessários e ou ridiculamente forçados, do escritor José Roberto Torero, que subestimam a inteligência do espectador infantil (público-alvo) e, principalmente, do seu acompanhante adulto. Há boas chances (ou não!) de um espectador mais velho se incomodar com o tom (infantiloide) da narração-off, mais pela falta de graça, de humor, do que pela obviedade (redundância!). 


A história, escrita e editada a partir do material gravado durante três anos, é bem fácil da criançada acompanhar. Só não espere que dê asas à imaginação, já que o texto ilustra a imagem que ilustra o texto. Amazônia pode não ser lá muito original em seus registros de fauna (os poucos bichos em cena são os de sempre: onça, jacaré, anta, cobra, mosquito, formiga, arara...) e flora (deixa pra lá!) e ou na trama (bobinha) improvisada (na edição), todavia, mesmo não apresentando nenhum espécime novo e ou comportamento animal desconhecido, vale pela beleza das imagens captadas (em 3D de profundidade) pelas lentes de Gustavo Hadba, Manuel Teran e Jerôme Bouvier. 

Entre as sequências mais interessantes (ao gosto de National Geographic, Discovery, BBC) estão aquelas não recomendadas para quem não gosta de ver (e de entender!) a natureza selvagem dos animais como ela é, onde o mais forte come o mais fraco. Inclusive Castanho (redescoberto) não abre mão dessa garantia de sobrevivência. No mais, fica uma mensagem bacaninha (para as criancinhas) sobre a importância de se preservar a biodiversidade. Quero dizer, desde que ela já saiba o que é biodiversidade! Enfim, um filme para gringo conhecer (?) um pouco da ainda majestosa selva brasileira.

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