Em tempos de câmera de vigilância, e-mail de
vigilância, twitter de vigilância e outros instrumentos de vigilância ainda não
desvelados ou comunicados pelos governos que controlam os meios de comunicação...,
e com a Guerra Fria requentando em fogo baixo, toda a paranoia com a segurança
no mundo, principalmente nos EUA, é pouca. Um assunto capaz de tirar o sono de
qualquer cidadão, até mesmo o de um herói de guerra que renasceu do gelo para
um mundo cada vez mais absurdo e tecnológico.
Capitão
América 2 - O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, EUA, 2014), com direção de Anthony Russo e Joe Russo e roteiro de Christopher
Markus e Stephen McFeely,
surpreende com uma trama de espionagem esperta (tipo anos 1970) e muito próxima
da realidade: o preço da segurança de alta tecnologia. O Steve Roger que retorna é um sujeito gentil, correto, um capitão
ciente de que, em setenta anos que passou congelado, o mundo mudou, mas alguns
vícios totalitários (leia-se: genocídio) persistem travestidos de democracia. Todavia,
antes de restaurar a ordem mundial, é preciso compreender os sinais da desordem
mundial.
Ainda tentando se adaptar à realidade do “novo mundo”,
Capitão América (Chris Evans) descobre, após operação de resgate em um navio
sequestrado, que os agentes da SHIELD Nick
Fury (Samuel L. Jackson) e Alexander Pierce (Robert Redford) estão agindo estranhamente. Ao tentar descobrir a
razão é ameaçado e caçado por um Soldado
Invernal (Sebastian Stan). Praticamente
solitário em seu ideal de uma América que não reconhece e decidido a encontrar
a pedra-chave do quebra cabeça que está colocando em risco a sua vida, acaba
pedindo ajuda à Viúva Negra (Scarlett Johansson) e ao
ex-paraquedista Sam Wilson (Anthony Mackie).
Esta é uma daquelas histórias que quanto menos
se souber do enredo, melhor. Ele tem lá as previsibilidades do gênero que um
espectador mais esperto pode até adivinhar. Mas, em vez de se preocupar em jogar
esse jogo de reviravoltas, o bom é curtir o espetáculo (se puder economizar na
pipoca sugiro o 3D IMAX).
Sequência, como todo mundo sabe, é uma
incógnita, pode superar o filme anterior e ou enterrar de vez a franquia.
Felizmente O Soldado Invernal está
na primeira alternativa. E se não chega a superar totalmente o Capitão América: O Primeiro Vingador
(2011), ao menos se equipara, com um roteiro inteligente (acessível a qualquer
adolescente), ritmo frenético (a briga no elevador é ótima), cenas de luta primorosamente coreografadas,
humor leve, fotografia impecável e um elenco excelente.
Para os mais emotivos, românticos ou sonhadores,
que não se contentam com pouco, há ainda duas sequências nostálgicas arrebatadoras:
a melancólica visita do herói ao Museu Smithsonian e o seu dramático reencontro
com a (agora) velha namorada Peggy Carter
(Hayley Atwell). São cenas curtas, um
adendo emblemático que melhor traduz o desconforto de Steve Rogers em seu profundo mergulho nacionalista para resgatar a dignidade
da sua América a cada dia mais imperialista. Passagens que fazem deste uma das
melhores adaptações da Marvel, que garante ter trabalho para sua “linha de
heróis” por mais duas décadas. Desde que se mantenha a mesma qualidade, com
certeza as futuras aventuras serão bem-vindas. Afinal, sempre haverá um cientista maluco ou um militar maluco ou um governante maluco querendo dominar o mundo..., ou ainda um ET maluco querendo dominar o universo!
NOTA: Há uma cena imperdível nos créditos
finais.
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