O cenário
esportivo é o ideal para fomentar rivalidades reais e ou midiáticas. Conforme o
valor (patriótico, monetário, pessoal) em disputa, a animosidade entre os
competidores ganha proporções absurdas. Lauda e Hunt, Senna e Prost..., a Formula
1 está repleta de grandes duelos e de histórias emocionantes como, por
exemplo, a do campeão póstumo Jochen Rindt, que morreu durante a temporada de
1970, correndo pela Lotus.
Rush,
no limite da emoção (Rush,
2013), produção europeia dirigida por Ron
Howard, traz para o cinema algumas das mais fascinantes páginas da crônica
esportiva da Fórmula 1, dos anos
1970. Em cena: o metódico austríaco Niki Lauda e o desregrado britânico James
Hunt (1947 - 1993)..., ambos em busca da corrida perfeita e, é claro, do pódio.
Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) deixaram para trás a
tradição das suas famílias para dar rodas ao próprio sonho: competir (arriscar
a vida?) em pistas de automobilismo mundo afora. Campeões que sabiam a hora
certa de trocarem farpas e ou afagos. Dizem que há controvérsia sobre o
relacionamento inamistoso deles..., mas como se diz: quando a lenda é maior, imprime-se
a lenda!
Após breve introdução sobre o início de
carreira, família, encontro e desavenças entre os dois esportistas, o excelente
roteirista Peter Morgan centra foco
na fatídica temporada de 1976, ano em que o líder Niki Lauda sofreu grave acidente
em Nurburgring. Assim como fala de pilotos e suas regras (com e sem limites)
que podem ser o diferencial na vitória ou na derrota, garantindo adrenalina ao
espetáculo do grande circo da Formula 1,
também desvela o curioso universo ao seu redor. Rush faz um “raio x” não tão intenso quanto o documentário Senna (2010), de Asif Kapadia, mas
igualmente curioso, em uma arena que abrigava tanto a exposição festiva de Hunt
(cerveja, cigarro e mulheres) quanto a introspeção de Lauda (caseiro,
disciplinado, quase romântico).
Filmado na Inglaterra, Alemanha e Áustria, Rush não trata de um eventual acerto de
contas do tricampeão Niki Lauda (1975, 1977, 1984) com o passado, mas da garra
de dois grandes pilotos que (se) desafiaram (e as) intempéries para conquistar
preciosos pontos e campeonatos, pelas vias do (simples) prazer de Hunt e ou da (forte)
determinação de Lauda. Instantes de um 1976 de ânimos acirrados e que nem mesmo
os percalços das curvas em circuitos ultrapassados os fizeram desistir, apesar
de deixar marcas no corpo e no caráter de ambos. Vale lembrar que Rush tampouco é uma história de piloto
bonzinho versus piloto mauzinho, também porque é impossível saber quem é quem
na pista.
Rush tem
uma produção de cair o queixo, não faltam nem as máquinas originais: Ferrari 312T2, de Niki Lauda, e McLaren M23, de James Hunt, conduzidas
pelos protagonistas. A fotografia de Anthony
Dod Mantle deslumbra não apenas por colocar o espectador dentro da ação,
mas pela correção de imagem que a faz parecer de época. Um filme onde se busca
o realismo em cada detalhe narrativo, a interpretação de Brühl e Hemsworth não
poderia ser menos que impecável. Há críticos apostando em Oscar para Daniel Brühl, que rouba as cenas. Um filme imperdível
para amantes de corridas e ou de cinema. Um dos melhores do ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário