Quando, pela enésima vez, não consegue reciclar velhas
ideias, Hollywood recorre, pela enésima vez, ao mundo fantástico dos quadrinhos.
Entre outubro de 1999 e janeiro de 2000,
a Dark Horse lançou, em quatro edições, a hilária HQ R.I.P.D (Rest In Peace
Department), de Peter M. Lenkov, Lucas Marangon e Randy Emberlin, que conta
a tresloucada aventura do Xerife Roy
Powell e do Detetive Nick Cruz, caçadores
de mortos endemoniados fujões, entre o Céu, a Terra e o Inferno. Um velho
cowboy cumprindo pena alternativa e um policial buscando pelo seu assassino. A
HQ, por certo enfoque, lembra o sci-fi M.I.B
(1997).
Na comédia sobrenatural R.I.P.D - Agentes do Além (R.I.P.D,
2013), o policial Nick Walker (Ryan Reynolds), que serve em Boston,
nos dias atuais, é morto. Por causa de um grave delito ele iria direto para o
Inferno, mas, por conta de outras ações, acaba no Departamento Descanse em Paz, uma espécie de Purgatório Policial,
onde é “convidado”, a integrar uma equipe que caça almas bandidas (fugitivas da
Justiça Divina) que se escondem na Terra. O seu parceiro é o falastrão Xerife Roy Pulsipher (Jeff Bridges), arregimentado
diretamente do oeste americano do século 19. É claro que, independente da
incompatibilidade de séculos, os dois vão se estranhar até “descobrir” que,
para salvar a Terra da invasão de metamorfos, vão ter de partilhar experiência
e armas celestialmente mortais para os "já" mortos.
R.I.P.D, dirigido
por Robert Schwentke, tem uma boa
premissa, mas acaba se perdendo no previsível roteiro de Phil Hay e Matt
Manfredi, que não faz questão de esconder algumas referências cinematográficas:
Os Caça-Fantasmas, M.I.B, Ghost. Vagamente inspirada no título (e não na história) da HQ homônima,
a comédia policial de ação não vai muito além dos clichês: tiroteio, correria,
portal (mais um?!), explosões (a lá Emmerich), pieguice... O resultado é uma obra
um bocado irregular. O seu humor é pontuado e varia entre o absurdo e o divertido
pastelão de desenho animado. Algumas piadas, principalmente as de humor negro, são
engraçadas, mas duvido que o grande público vá entender a tirada sobre o Steely
Dan.
Robert Schwentke, que se saiu bem com o
simpático A Mulher do Viajante do Tempo
(2009) e o insano RED (2010), parece
ter turvado a vista com R.I.P.D. e se
perdido na trilha da redenção. A dupla Reynolds
e Bridges tem boa química e o clichê da parceria antagônica não chega a incomodar
tanto quanto os efeitos especiais que variam entre o razoável e o medíocre. Não
se sabe se o CGI quer fazer jus (?) a HQ ou agradar (sem assustar) ao público
juvenil. Tudo bem que é um filme esquecível e que... Do que é eu estava falando
mesmo? Mas... Era alguma coisa sobre levar a sério... Ah, não importa, gostei
bem mais da HQ!
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