quinta-feira, 11 de julho de 2013

Crítica: O Homem de Aço


Sessenta e cinco anos depois de estrear na TV e trinta e cinco após voar nas telonas de cinema, O Homem de Aço, está de volta: introspectivo (em busca de identidade) enquanto Clark Kent e sombrio quando Superman (ou Super-Homem). A saga do herói (que veio de Krypton) todo mundo conhece (via HQ, TV, Cinema), mas sempre há alguém se perguntando como ele teria descoberto e desenvolvido suas habilidades extra-humanas. Agora não precisa perguntar mais!

Há um livro, Jesus dos 13 aos 30 anos, de Francisco Klörs Werneck, que, ao especular sobre o suposto “desaparecimento” por 17 anos do herói bíblico, diz que ele estava sendo iniciado em seitas secretas. O que tem a ver o mítico Jesus com o mítico Clark? Ora, além de especulação parecida em O Homem de Aço, há uma corrente de fãs cristãos que (de repente) passou a ver, em meras imagens de braços em cruz, 33 anos, atos solidários (milagrosos) do kryptoniano, as mesmas caraterísticas do personagem bíblico Cristo no personagem Kent, criado por Joe Shuster e Jerry Siegel no “ano santo” de 1938. Bem, cada um com a sua reza... Para mim sem kryptonita, sim?! Ah, já deve ter gente vendo o Anjo Gabriel no Batman...


O Homem de Aço (Man of Steel, EUA, 2013), dirigido por Zack Snyder, é um filme de muita ação e alguma reflexão sobre o temor de (e do) ser diferente. O fio da releitura, cuja textura é notada mais na forma que no conteúdo, está na meada dos filmes Super-Homem de 1978 e 1980. O drama do extraterrestre Kal-El e ou Clark Kent (Henry Cavill, ótimo), incluindo o aprendizado e domínio dos seus poderes, é contado em flashbacks homeopáticos (herói certo no lugar certo) logo após um bonito prólogo kryptoniano.

A megaprodução começa cheia gás e sem medo dos clichês. Apesar da falta de humor, a premissa é das melhores..., até que o primeiro nó surge no forçado “enrosco amoroso” entre a insípida Lois Lane (Amy Adams, o que estou fazendo aqui?) e o generoso Clark. O “romance” entre os dois é constrangedor, já que o casal não tem a menor química. O nó é desatado quando entra em cena o famigerado Zod (Michael Shannon), também sobrevivente de Kripton, e a linha embaraça de vez quando a luta entre o vilão e o herói, pela posse e defesa da Terra, se arrasta (a la Michael Bay) avassaladora (a la Roland Emmerich) até o (ufa!) final (a la Os Vingadores)..., com bem mais que o triplo de prédios derrubados, por uns trinta e três minutos ensurdecedores.


O Homem de Aço, como todo filme do mesmo porte (e gênero!), exagera nos efeitos especiais e se esquece do roteiro. Será porque a combo preocupação é com o estômago e não com a mente? Nesse embate de valores o diferencial é o elenco, que as traz excelentes participações de Russell Crowe (Jor-EL) e Ayelet Zurer (Lara) e de Kevin Costner (Jonathan Kent) e Diane Lane (Martha), como os afetuosos pais e mães do superfilho Kal-El.

Não é fácil encontrar na narrativa juvenil a marca do inventivo Snyder (de 300, Watchmen, Lenda do Guardião e Sucker Punch). O que sobressai é a mão pesada do “taciturno” produtor Christopher Nolan. Mas nem por isso deixa de ter boas sequências. Poucas, é verdade, mas as que se destacam valem pelos dois terços de enfadonha pancadaria, como a do perturbador (e a se pensar!) “- Talvez!”, dito por Jonathan ao chamar a atenção do filho por ter se exposto ao realizar um salvamento. Se expor e deixar viver (e ser tratado como aberração) ou se ocultar e deixar morrer (e ser tratado como humano)..., são questões que o Menino, o Jovem e o Homem de Aço terão de responder em sua longa  jornada de 2h23.


Nota: A propósito da constante violência nos filme hollywoodianos, sugiro a leitura do seguinte artigo (link): Marvel Screenwriter: 'Why Has Destruction Become the Default' in Movies? (Guest Column)


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