A pré-história é um período que desperta muita
curiosidade científica e literária. Porém, é no cinema que ela encontra terreno
fértil para as mais divertidas e alucinadas especulações, seja na área da
ficção e ou da animação. Desde os primórdios do cinema os realizadores buscam
recriar a idade da pedra, maquiando iguanas, crocodilos, elefantes, em animais (esquisitões)
que acreditavam dividir a terra com os humanos. Com a popularização da paleontologia,
muita coisa mudou..., ou quase.
Passada a euforia dos Flintstones, Família
Dinossauro, Era do Gelo..., eis
que outra adorável família surge no pedaço, querendo uma caverna confortável e
muita comida, nos arredores da pedra lascada e bem longe dos terremotos. Estou
falando dos modernos e estressadíssimos Croods,
que sobreviveram aos seus vizinhos por conta de uma máxima cavernosa levada ao
pé da letra: o medo é bom, a mudança é
ruim.
Os
Croods (The Croods, EUA,
2013), a animação da DreamWorks, roteirizada e dirigida por Chris Sanders (Como Treinar o seu Dragão) e Kirk DeMicco (Micos no Espaço) é um espetáculo de animação de encher os olhos e
provocar boas gargalhadas, o que não é raro nos desenhos animados de qualidade.
A história é clássica: Grug é um
chefe de família que faz de tudo para proteger Ugga, sua mulher; a adolescente Eep;
o garotão Tunk; e a bebezona “selvagem”
Sandy..., se possível ele protege a
sogra também. Grug, apesar de bronco,
é um grande artista e razoável contador de histórias. No entanto, não vê com
bons olhos o interesse de Eep pelo
mundo além da caverna. Ele teme tudo que
quebre a sua rotina e, se já não suporta ser desafiado pela filha adolescente,
vai ficar uma fera quando conhecer e não entender as ideias do criativo Guy, um jovem mais evoluído e que está
em busca de um lugar chamado de “amanhã”. Um abalo sísmico irá unir a todos
numa saga arrebatadora de grandes descobertas e hilárias reflexões sobre os
cinco sentidos e os sentimentos humanos em relação a si próprios e aos animais
ao redor.
Sanders
e DeMicco criaram um roteiro simpático e inteligente. Até mesmo as exageradas
liberdades poéticas, que exploram os protótipos tecnológicos, funcionam com
graça. A narrativa e os diálogos são rápidos. E não poderia ser diferente, afinal
essa gente tinha um vocabulário mínimo. A contação de histórias de Grug é um achado. O público vai amar os
estranhos seres que povoam a telona, dando um sabor exótico e futurista à
pré-história. Na verdade, uma fauna surreal parecida já frequenta a literatura
para crianças há um bom tempo. Mas ver esses multibichos (que muita gente
imagina ter sido assim no começo de tudo, quando coisa alguma tinha forma
definida) ganhando vida é outra história.
Algumas
sequências são antológicas, mas a melhor delas, casando uma pré-invenção e uma
saudável mensagem, ficou para o final. Não resisti e cito a mestre Helena
Kolody, em um dos seus mais significativos poema: Para quem viaja ao encontro do sol, é
sempre madrugada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário