quarta-feira, 20 de março de 2013

Crítica: Os Croods



A pré-história é um período que desperta muita curiosidade científica e literária. Porém, é no cinema que ela encontra terreno fértil para as mais divertidas e alucinadas especulações, seja na área da ficção e ou da animação. Desde os primórdios do cinema os realizadores buscam recriar a idade da pedra, maquiando iguanas, crocodilos, elefantes, em animais (esquisitões) que acreditavam dividir a terra com os humanos. Com a popularização da paleontologia, muita coisa mudou..., ou quase.

Passada a euforia dos Flintstones, Família Dinossauro, Era do Gelo..., eis que outra adorável família surge no pedaço, querendo uma caverna confortável e muita comida, nos arredores da pedra lascada e bem longe dos terremotos. Estou falando dos modernos e estressadíssimos Croods, que sobreviveram aos seus vizinhos por conta de uma máxima cavernosa levada ao pé da letra: o medo é bom, a mudança é ruim.


Os Croods (The Croods, EUA, 2013), a animação da DreamWorks, roteirizada e dirigida por Chris Sanders (Como Treinar o seu Dragão) e Kirk DeMicco (Micos no Espaço) é um espetáculo de animação de encher os olhos e provocar boas gargalhadas, o que não é raro nos desenhos animados de qualidade. A história é clássica: Grug é um chefe de família que faz de tudo para proteger Ugga, sua mulher; a adolescente Eep; o garotão Tunk; e a bebezona “selvagem” Sandy..., se possível ele protege a sogra também. Grug, apesar de bronco, é um grande artista e razoável contador de histórias. No entanto, não vê com bons olhos o interesse de Eep pelo mundo além da caverna. Ele teme tudo que quebre a sua rotina e, se já não suporta ser desafiado pela filha adolescente, vai ficar uma fera quando conhecer e não entender as ideias do criativo Guy, um jovem mais evoluído e que está em busca de um lugar chamado de “amanhã”. Um abalo sísmico irá unir a todos numa saga arrebatadora de grandes descobertas e hilárias reflexões sobre os cinco sentidos e os sentimentos humanos em relação a si próprios e aos animais ao redor.


Sanders e DeMicco criaram um roteiro simpático e inteligente. Até mesmo as exageradas liberdades poéticas, que exploram os protótipos tecnológicos, funcionam com graça. A narrativa e os diálogos são rápidos. E não poderia ser diferente, afinal essa gente tinha um vocabulário mínimo. A contação de histórias de Grug é um achado. O público vai amar os estranhos seres que povoam a telona, dando um sabor exótico e futurista à pré-história. Na verdade, uma fauna surreal parecida já frequenta a literatura para crianças há um bom tempo. Mas ver esses multibichos (que muita gente imagina ter sido assim no começo de tudo, quando coisa alguma tinha forma definida) ganhando vida é outra história.

Algumas sequências são antológicas, mas a melhor delas, casando uma pré-invenção e uma saudável mensagem, ficou para o final. Não resisti e cito a mestre Helena Kolody, em um dos seus mais significativos poema: Para quem viaja ao encontro do sol, é sempre madrugada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...