terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Mostra Reflexos do Modernismo

REFLEXOS DO MODERNISMO

Mostra Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922

no Petra Belas Artes À La Carte 

A partir de 10 de fevereiro de 2022, o streaming À La Carte prestará homenagem ao Centenário da Semana de Arte Moderna, com a mostra intitulada Reflexos do Modernismo, trazendo nove filmes antológicos, produzidos entre 1931 e 1954, todos tendo em comum a flexibilidade e não ortodoxismo do cinema que era feito nesta época. A maravilhosa seleção reúne os diretores Mario Peixoto, com o clássico absoluto Limite (1931); o também brasileiro Alberto Cavalcanti com os raros Na Solidão da Noite (1945), As Vidas e Aventuras de Nicolas Nickleby (1947), Simão, o Caolho (1952), O Canto do Mar (1953) e Mulher de Verdade (1954); e o francês Jean Vigo, representado pelas joias Zero de Conduta (1933), O Atalante (1934) e o curta A Propósito de Nice (1930). 


A Semana de Arte Moderna, também conhecida como Semana de 22, ocorreu em São Paulo, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da cidade. O evento representou uma renovação sem precedentes na linguagem artística brasileira, um grande salto da vanguarda para o modernismo. Entre os seus participantes estavam nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti, Agenor Fernandes Barbosa, entre outros. Embora na ocasião a pintora Tarsila do Amaral tenha sido considerada um dos grandes pilares do modernismo brasileiro, ela não pôde participar do evento porque se encontrava em Paris. 

REFLEXOS DO MODERNISMO

Mario Peixoto - Jean Vigo - Alberto Cavalcanti

 

LIMITE

Direção: Mario Peixoto

Brasil, 1931, 114min, Drama/Romance

Elenco: Olga Breno, Tatiana Rey e Raul Schnoor

Sinopse: Três pessoas navegam sem rumo enquanto lembram de seu passado. 

Curiosidades: Primeiro e único filme escrito e dirigido por Mario Peixoto (1908-1992). Incluído no famoso livro 1001 Filmes que Você Deve Ver Antes de Morrer, editado pelo produtor cinematográfico americano Steven Schneider. O filme ainda faz parte da era do cinema silencioso, mas exige grande expressividade dos atores, e na cena em que o ator Raul Schnoor é visto em close gritando repetidamente, por exemplo, ele foi instruído a chamar pelo primeiro nome do diretor: “Marioooooo, Marioooooo...”. 

Diretor: Vindo de uma família abastada, o jovem futuro cineasta Mario Peixoto (1908–1992) foi estudar na Inglaterra, e, ao retornar para o Brasil, trazendo rica bagagem cultural dos filmes que viu na Europa, ele se empolgou com a ideia de dar uma nova cara ao cinema brasileiro, com uma linguagem mais artística, moderna e original. Foi assim que, com apenas 21 anos de idade, ele realizou Limite, seu primeiro e único filme, obra-prima e tesouro do cinema brasileiro, uma referência para diretores e estudiosos de dentro e fora do Brasil. 

 

O ATALANTE

Direção: Jean Vigo

França, 1934, 89min, Comédia/Drama

Elenco: Dita Parlo, Jean Dasté e Gilles Margaritis

Sinopse: Um casal recém-casado, Juliette e o capitão de barco Jean, lutam pelo casamento, enquanto viajam em L'atalante. 

Curiosidades: Último filme concluído por Jean Vigo (1905-1934) antes de sua morte por tuberculose, aos 29 anos. Eleito o 12º maior filme de todos os tempos na pesquisa da crítica de 2012 da conceituada revista britânica Sight & Sound, especializada em cinema e publicada desde 1932. A atriz Dita Parlo (1906–1971) também atuou no clássico A Grande Ilusão (1937), de Jean Renoir, e serviu de inspiração para Madonna em seu livro Sex (1992), no qual a cantora aparece em um grande ensaio de nu fotográfico assumindo uma personagem de nome Dita. 

Diretor: Jean Vigo (1905–1934), que morreu muito jovem, com apenas 29 anos, realizou apenas quatro filmes. O curta-metragem A Propósito de Nice marca sua estreia como diretor. Com a obra-prima Zero de Conduta, uma representação subversiva de um internato autoritário, saído diretamente das memórias dele próprio, Vigo teve o filme imediatamente censurado devido ao seu “espírito anti-francês”. Apesar disso, no ano seguinte, ele filmou O Atalante, seu único longa, mas o cineasta morreu logo depois, e a enorme importância de seu trabalho não seria reconhecida antes de 1945, quando passou a ser admirado pelo inovador realismo poético de suas obras. 

 

ZERO DE CONDUTA

Direção: Jean Vigo

França, 1933, 44min, Drama/Comédia

Elenco: Jean Dasté, Robert le Flon e Louis Lefebvre

Sinopse: Em um internato repressivo com regras rígidas de comportamento, quatro meninos decidem se rebelar contra a direção em um dia de celebração. 

Curiosidades: Filme banido pela censura da França até bem depois da Segunda Guerra Mundial. Escolhido pela revista Premiere como um dos "100 filmes que abalaram o mundo", na edição de outubro de 1998, numa lista que classificou os "filmes mais ousados já feitos". Além de ser considerado uma obra-prima do cinema francês, "Zero de Conduta" é tido como um dos filmes ficcionais mais libertários do século XX. 

 

A PROPÓSITO DE NICE

Direção: Jean Vigo

França, 1930, 24min, Documentário/Curta-metragem

 Sinopse: O que começa como um diário de viagem convencional se transforma em um retrato satírico da cidade de Nice, na Côte d'Azur francesa, especialmente de seus habitantes ricos. 

Curiosidades: O filme foi financiado pelo sogro do diretor Jean Vigo. O diretor de fotografia Boris Kaufman filmou a maior parte do tempo com a câmera escondida, captando as imagens através das casas dos botões de sua jaqueta. Boris Kaufman ganhou o Oscar de Melhor Diretor de Fotografia por Sindicato de Ladrões (1954), clássico de Elia Kazan. 

 

AS VIDAS E AVENTURAS DE NICOLAS NICKLEBY

Direção: Alberto Cavalcanti

Reino Unido, 1947, 108min, Drama

Elenco: Derek Bond, Cedric Hardwicke e Mary Merrall

Sinopse: Um homem jovem e compassivo luta para salvar sua família e amigos da exploração abusiva de seu tio de coração frio e ganancioso. 

Curiosidades: Adaptação do livro homônimo de Charles Dickens, com direção do brasileiro Alberto Cavalcanti (1897–1982), realizado em sua fase na Inglaterra. Apesar de seu alto cachê, o ator Cyril Fletcher só aparece em uma cena e fica na tela por apenas três minutos. Primeiro filme da atriz inglesa Jill Balcon (1925–2009), que participou dos filmes Eduardo II (1991) e Wittgenstein (1993), ambos de Derek Jarman. 

Diretor: Antes de estrear como diretor, o carioca Alberto Cavalcanti (1897–1982) projetou cenários para cineastas experimentais franceses na década de 20, realizando seu primeiro filme em 1925. Ao se mudar para a Inglaterra, em 1934, ele realizou pelo menos dois grandes filmes: Na Solidão da Noite, longa coletivo de terror, dividido em quatro episódios, obra considerada por muitos como uma das melhores antologias de horror já feitas; e também As Vidas e Aventuras de Nicholas Nickleby, uma elegante adaptação de obra literária de Charles Dickens. No Brasil, ele dirigiu clássicos como Simão, o Caolho; O Canto do Mar e Mulher de verdade. Embora rejeitado em seu próprio país pelos fundadores do Cinema Novo, que o consideravam “um estrangeiro”, Alberto Cavalcanti é considerado nome fundamental no cinema europeu, principalmente pela sua fervorosa participação na vanguarda francesa da década de 20. 

 

O CANTO DO MAR

Direção: Alberto Cavalcanti

Brasil, 1953, 84min, Drama

Elenco: Margarida Cardoso, Cacilda Lanuza e Ruy Saraiva

Sinopse: Nas áreas de seca do Nordeste do Brasil, grupos de migrantes se mudam tentando encontrar um lugar melhor para morar, pelo menos com água. Alguns vão para o Recife, em busca de um navio para Santos, na expectativa de ter uma vida melhor. Na região pobre do Recife, uma velha lavadeira lava roupas para sobreviver e sustentar sua família. O marido dela, Zé Luis, ex-marinheiro, enlouquece por causa de um golpe de mastro na cabeça. Seu filho mais velho, Raimundo, trabalha em uma mercearia e vende manga na rua, tentando economizar para se mudar para o Sudeste com a namorada Aurora. A filha quer ser prostituta para ter melhor qualidade de vida. 

Curiosidades: O filme fez parte da Seleção Oficial do Festival de Cannes 1954. O diretor Alberto Cavalcanti (1897-1982) aprendeu a fazer documentários na França e na Inglaterra, e, na década de 50, voltou ao Brasil, onde dirigiu apenas três filmes, O Canto do Mar entre eles. O roteiro foi coescrito pelo aclamado escritor José Mauro de Vasconcelos (1920–1984), autor do clássico livro O Meu Pé de Laranja Lima. 

 

SIMÃO, O CAOLHO

Direção: Alberto Cavalcanti

Brasil, 1952, 101min, Comédia

Elenco: Mesquitinha, Nair Bello, Yara Aguiar e Rachel

Sinopse: Simão é caolho e deseja recuperar a visão perdida a qualquer custo. Um dia, sonha que descobriu um olho mágico que pode levá-lo às mais diversas situações. 

Curiosidades: Segundo trabalho da atriz Nair Bello (1931-2007) no cinema. Primeiro filme do diretor Alberto Cavalcanti realizado no Brasil, após se especializar como documentarista na Europa, onde dirigiu diversas obras. Roteiro baseado no livro homônimo do escritor, jornalista e romancista mineiro Galeão Coutinho (1897-1951). 

 

NA SOLIDÃO DA NOITE

Direção: Alberto Cavalcanti, Robert Hamer,

Basil Dearden e Charles Crichton

Reino Unido, 1945, 103min, Drama/Terror

Elenco: Mervyn Johns, Michael Redgrave e Roland Culver

Sinopse: Os convidados para um fim de semana compartilham suas histórias sobrenaturais, começando com Walter Craig, que pressente a desgraça iminente quando seu sonho recorrente se transforma em realidade. 

Curiosidades: Esta foi a única tentativa da Ealing Studios de fazer um filme de terror. De acordo com o livro Elisabeth Welch: Soft Lights e Sweet Music (2005), de Stephen Bourne, um dos maiores especialistas britânicos em cinema negro e televisão, a representação da personagem Beulah pela atriz Elisabeth Welch (1904-2003) foi “Um avanço na representação de mulheres negras em filmes. Pela primeira vez, uma mulher negra é retratada como independente, bem-sucedida e engenhosa.” Entre os protagonistas do filme está Michael Redgrave (1908–1985), pai da atriz Vanessa Redgrave, e que pertencia à geração de grandes atores ingleses, dos quais faziam parte os lendários John Gielgud e Laurence Olivier. 

 

MULHER DE VERDADE

Direção: Alberto Cavalcanti

Brasil, 1954, 100 min, Drama

Elenco: Carlos Araújo, Adoniran Barbosa e Inezita Barroso

Sinopse: Uma enfermeira se apaixona por seu paciente e secretamente se casa com ele. Ao tratar outro paciente, este se apaixona por ela e, fingindo estar morrendo, lhe pede um último desejo: que ela se case com ele. E ela aceita. 

Curiosidades: Sexto, dos quinze filmes em que o cantor e compositor paulista Adoniran Barbosa apareceu como ator. Quarto filme da cantora Inezita Barroso (1925–2015) como atriz. Assim como Simão, o Caolho, o roteiro de Mulher de Verdade foi baseado em história do escritor, jornalista e romancista mineiro Galeão Coutinho (1897-1951).

 

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