terça-feira, 18 de janeiro de 2022

25ª Mostra de Cinema de Tiradentes

25ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
21 a 29/01/2022
ONLINE e GRATUITA
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Em tempos pandêmicos, com onda após onda da Covid.19, não tem sido fácil para os realizadores programarem os tradicionais festivais e mostras cinematográficas, no Brasil,. Nos anos 2020 e 2021, a alternativa online, que agradou a milhares de espectadores que jamais tiveram acesso aos importantes eventos, não foi unanimidade entre aqueles acostumados às sessões presenciais. Porém, com o vírus fatal obrigando (a todos!) o recolhimento doméstico, foi a melhor opção. É verdade que houve um congestionamento de festivais e mostras cinematográficas..., mas, ainda, que dividissem vitrine com teatro, show, ópera, ballet, live, foi, sem dúvida alguma, a melhor e mais democrática opção cultural. 

Na virada do calendário, quando se esperava que, aos poucos, tudo voltaria ao normal, em 2022, eis que, antecipando as tempestades e enchentes, o vírus reaparece numa vestimenta Ômicron, para inundar os eventos culturais de dúvidas sobre a segurança do público, mesmo que restritamente. A grande festa da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes, programada para exibições presenciais e online de mais de 100 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas; Homenagem a Personalidades do Audiovisual; Debates; série Encontro com os filmes; Oficinas; Mostrinha de Cinema, além de atrações artísticas, se viu obrigada a contemplar apenas as exibições online

Raquel Hallak - Foto Leo Lara-MG

Como bem justifica Raquel Hallak, Diretora da Universo Produção e Coordenadora  Geral da Mostra de Cinema de Tiradentes: “Estamos vivendo tempos complexos e desafiantes em que pensar de forma coletiva e consciente é o caminho mais prudente para a tomada de decisão. Por isto, mesmo seguindo  todos os protocolos sanitários relativos à pandemia de Covid-19, em conformidade com o Programa Minas Consciente, as altas taxas de transmissibilidade inesperadamente altas da variante Ômicron estão exigindo um cuidado ainda maior. Salvar vidas é o mais importante. Sendo assim, a Universo Produção, em diálogo com o Governo de Minas Gerais, com a Prefeitura Municipal de Tiradentes, patrocinadores, parceiros, profissionais do audiovisual, fornecedores, equipes e curadores,  conclui que o melhor a ser feito neste momento é transferir as atividades presenciais da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes para o formato online, mantendo o mesmo propósito conceitual do evento e de programação. Contamos com a sua compreensão e seguimos confiantes que dias melhores virão. Vamos estar juntos e fortes no trabalho pelo cinema brasileiro – razão que nos mantém firmes no propósito de continuar renovando o compromisso com a nossa cultura, com a cidade de Tiradentes, Minas Gerais e o Brasil. A programação poderá ser acessada, de onde estiver e gratuitamente, de 21 a 29 de janeiro de 2022, pela plataforma da Mostra Tiradentes. Acompanhe pelas nossas redes as informações e orientações oficiais da 25ª Mostra Tiradentes. Nosso encontro pelo cinema está chegando e não vamos abrir mão da sua presença online. Use máscara, faça a higienização das suas mãos, tome a vacina. Em caso de sintomas gripais, fique em casa.

MOSTRA AURORA
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A Mostra Aurora celebra 15 anos com mais um recorte totalmente inédito do cinema brasileiro contemporâneo de invenção. Dos sete longas-metragens vindos de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro, quatro deles são dirigidos por realizadores que já competiram com curtas na Mostra Foco em outras edições da Mostra. “Isso indica que a Aurora de 2022 vai incluir uma continuidade muito interessante do trabalho desses realizadores, até porque os filmes que eles apresentam dialogam com os curtas que já foram vistos em Tiradentes”, destaca a curadora Lila Foster. 

Os filmes na Mostra Aurora 2022 são: Seguindo todos os Protocolos (PE), de Fábio Leal; A Colônia (CE), de Virgínia Pinho e Mozart Freire; Sessão Bruta (MG), de As Talavistas e ela.ltda; Panorama (SP), de Alexandre Wahrhaftig; Maputo Nakurandza (RJ-SP), de Ariadine Zampaulo; Bem-vindos de Novo (SP), de Marcos Yoshi; Grade (MG), de Lucas Andrade. 


A curadoria identifica nestes sete filmes uma predominância fortíssima do documentário, não necessariamente como o gênero dos filmes, mas principalmente em formas de aproximar daquilo que filmam, em muitos casos buscando na materialidade do mundo os elementos de suas expressividades. “Essa aproximação do concreto e da realidade das coisas é uma tônica dos filmes, o que torna o conjunto muito potente nesse aspecto e constrói diálogos e pontes entre eles, ainda que claramente sejam longas muito distintos entre si”, destaca Francis Vogner. Lila completa: “Sinto que há modulações entre ficção e documentário e entre fabulação e registro. Maputo Nakurandza, por exemplo, vai mapeando a cidade de forma poética e cria vínculos com os personagens, que vão atravessando o filme por pequenas narrativas e num gesto de conhecer um lugar e suas pessoas”. Todos, então, sob vários aspectos, vão se costurando dentro dessas possibilidades da câmera diante da matéria do real. Seguindo Todos os Protocolos coloca o diretor no centro de uma trama de sobrevivência física e amorosa da pandemia, com um gesto que flerta com a autobiografia, sem deixar de também compor um registro do estado das coisas – do flerte, das relações, das paranoias pandêmicas. Tem performance, tem dramaturgia e tem autorretrato.” 


Para os curadores, o filme Sessão Bruta radicaliza ainda mais na performance e é cortado por falas e depoimentos que surgem em meio aos arranjos cênicos, mostrando também o imaginário e a vida de um grupo de artistas. Por sua vez, Grade insere a fabulação num documentário observacional sobre uma determinada estrutura prisional alternativa, agregando essa ficção àquilo que a realização encontra pelo caminho. A Colônia segue caminho similar, ao se apresentar como um documentário entremeado pela ficção na abordagem do bairro Colônia, em Maracanaú (CE), fundado na década de 1940 como uma zona de confinamento compulsório para portadores de hanseníase. Se há o escape rumo ao registro mais direto e menos devedor de imaginários externos, isso aparece em Panorama, que constrói seu imaginário numa comunidade de São Paulo a partir dos sonhos, memórias e cotidiano de seus moradores; e Bem-vindos de Novo, no qual se acompanha o processo de reconstrução afetiva de uma família de descendentes de japoneses afetada pelo fluxo de imigração entre Japão e Brasil.

CINEMA EM TRANSIÇÃO
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“O cinema brasileiro atravessa um período complexo e delicado em várias frentes. Do desenvolvimento de projetos à produção, das filmagens à finalização, da distribuição à exibição, toda a cadeia de realização tem sido reestruturada, reconfigurada e, muitas vezes, revolucionada. Estamos num período histórico de aceleração dos processos, que passa pela economia e pela criatividade no audiovisual, desde as formas de financiamento até a efervescência das plataformas de streaming e a crise das salas físicas. Mergulhando nesse caldeirão de mudanças, a Mostra de Cinema de Tiradentes adota a temática Cinema em Transição, buscando nesta última palavra o sentido de suas discussões.” 

Hoje, o cinema brasileiro, tão frágil em sua estrutura, mas resistente e persistente, está em transição, a maior desde a popularização do aparelho televisor. E o que seria uma transição? Uma pesquisa rápida sobre o conceito de transição nos diz: ‘é uma espécie de etapa não permanente entre dois estados’’’, reflete Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial da Mostra


“Em mudanças técnicas, estéticas e econômicas, o cinema brasileiro contemporâneo será investigado, durante a Mostra, em sessões de pré-estreia, debates, bate-papos e encontros com realizadores, pesquisadores, críticos e profissionais. A ambição é a de ampliar a conversa sobre novos arranjos profissionais e artísticos em andamento, diante de uma realidade econômica e criativa que segue institucionalmente negando a cultura (em âmbito de Governo Federal) e uma movimentação cultural que não pode mais se restringir aos antigos modelos de produção e circulação de obras, sob risco de sua própria sobrevivência e a dos profissionais envolvidos.” 

“No âmbito econômico, a suspensão de políticas públicas do audiovisual afetou diretamente o cinema independente, que antes vinha mantendo um mercado profissional de técnicos e profissionais de toda a cadeia audiovisual, incluindo crescente presença de produções distantes do eixo Rio-SP com pessoas negras, mulheres, cineastas de condição social fora do espectro da classe média e alta e, em número mais tímido, pessoas trans. “Ninguém quer e nem pode parar. Se existe muita constrição, precarização e recuos nesse processo, no aspecto criativo lidamos num cenário em que os intentos, as ideias e as práticas a partir do audiovisual são fortes em outros territórios de experimentação. A ocupação de espaços de produção, antes pouco acessíveis, ampliou a noção do público para uma produção audiovisual que estava restrita ao circuito de cinema independente (sobretudo o de festivais) e trouxe novas possibilidades para o trabalho criativo de equipes que passam a produzir em outros moldes e atingir novos olhares.”, afirma Francis Vogner 


“As necessidades de trabalho levaram muitos artistas a transitar (eis o conceito) entre campos distintos, trafegando do cinema para as artes visuais, as artes cênicas, a música, a performance e outros mais. A internet se tornou um espaço fértil e essencial para a difusão e manutenção de diversos projetos, sejam independentes, sejam em acordos com grandes conglomerados de difusão. “Se pensarmos o cinema menos como um objeto formatado e delimitado por sua identidade tradicional (a sala e a grande tela, os formatos tradicionais de curta e longa-metragem) e mais como um terreno de imagens e sons que conta com instrumentos diferentes (ciência, televisão, internet, apropriação etc), nos deparamos com uma atividade técnica e estética que não é específica ou apartada de um amplo contexto artístico, midiático, social e político”, avalia o curador.” 

“A forte presença de coletivos, se não é novidade, se torna ainda mais presente nas cenas culturais que ultrapassam a fruição convencional dos filmes e lançam criações diretamente no YouTube ou projetados em ambiente clubber. “Os filmes, no caso de coletivos, fazem parte de uma cena mais ampla, que envolve teatro, performance, moda e mesmo o material da vida cotidiana transfigurado em estéticas e num modo de recepção distante do tradicional: projetados na rua, em festas, em espaços de dança, desafiando as definições básicas do que nos acostumamos a chamar de cinema enquanto fruição, mas também, muitas vezes enquanto divisão de trabalho dentro da hierarquia de set”.

CURTAS-METRAGENS
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A 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes vai exibir 100 curtas-metragens de 18 estados brasileiros em diferentes seções que abarcam a pluralidade da produção audiovisual brasileira num de seus formatos mais arrojados distribuídos nas mostras Foco (13), Panorama (26), Jovem (5), Formação (8), Mostrinha (5), Praça (13), Regional (6), Foco Minas (11), Homenagem (3), Valores (1) e Temática (9).

MOSTRA OLHOS LIVRES
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Primeiros Soldados
Neste ano, três dos seis integrantes da Mostra Olhos Livres já passaram pela Mostra Aurora: Allan Ribeiro (Mais do que Eu Possa me Reconhecer, vencedor do Aurora em 2015) chega com O Dia da Posse (RJ); Caetano Gotardo (Seus Ossos, seus Olhos, 2019), com Você nos Queima (SP); e Rodrigo de Oliveira (As Horas Vulgares, 2012, e Teobaldo Morto, Romeu Exilado, 2015) com Os Primeiros Soldados (ES). A seleção da Mostra Olhos Livres ainda conta com Germino Pétalas no Asfalto, de Coraci Ruiz e Julio Matos (SP), Manguebit, de Jura Capela (PE, SP e RJ) e Avá - Até que os Ventos Aterrem, de Camila Mota (SP). Esses seis títulos são exemplares da diversidade de enfoques da Mostra Olhos Livres, que tem revelado a cada ano uma variação de olhares de cineastas que em sua maioria já possuem um percurso mais ou menos consolidado e outros que fazem proposições de experimento, abordagem e estilo que consideramos que devem ser vistos e colocados em debate por sua singularidade ou radicalidade.

MOSTRA À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA
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A Mostra À Meia-Noite Levarei a sua Alma, dentro da Mostra de Cinema de Tiradentes, exibirá no fim de noite sessões de filmes do gênero fantástico ou extremo. O título sugerido pela assistente de curadoria, Maria Trika, é uma homenagem ao cineasta José Mojica Marins e pretende abrir espaço na Mostra para experiências radicais em expressões que Mojica Marins exerceu durante sua carreira, mais precisamente o fantástico no terror e o gênero erótico. A ideia é que a Mostra tenha continuidade nos próximos anos e que o público do cinema fantástico aporte em Tiradentes. Ela abre com o filme inédito de José Mojica Marins, A Praga, realizado em 1980, restaurado e finalizado recentemente, inédito até hoje. Tem 51 minutos e será antecedido por um curta atual que explica A Praga, chamado A Última Praga de Mojica, de 17 minutos, dirigido por Eugenio Puppo, também responsável pela finalização de A Praga. O curta relata o processo de recuperação do filme de Mojica, considerado perdido desde sua realização, com imagens do acervo pessoal do cineasta, relatos de profissionais envolvidos e parceiros dele de longa data. Já o filme de Mojica narra a trajetória do fim de um fotógrafo amaldiçoado por uma bruxa ao tentar capturar sua imagem. O feitiço tira o sono do jovem e o conduz a sua perdição, atordoado pela a imagem da feiticeira e o poder da praga rogada pela imagem e que atormenta o personagem justamente com as imagens. Propositalmente ou não, o último filme do mestre Mojica é quase uma metáfora desse pesadelo e delírio fatal que é fazer (e ser devorado pelo) cinema.  Essa eterna tormenta pelas imagens que não se revelam, aquelas alcançadas apenas em um mundo outro, as imagens que como ideias fixas nos fazem perder a cabeça, aquelas que nos perseguem ao fechar os olhos e romper com a realidade. As imagens que nos devoram de dentro para fora. 

Outro filme que estreia no À Meia-Noite Levarei sua Alma é Extremo Ocidente, do carioca João Pedro Faro. Uma espécie de ensaio pop e gore em uma estética que mistura texturas de som e imagem pop e analógicas (FM, TV) a partir de uma crueza estética programática, quase caseira. É um experimento de som e imagem entre o horror e o cinema de invenção brasileiro. O que o difere do cinema marginal é o barato tautológico, é o hedonismo sem desespero em uma ficção em que um soldado solitário em um mundo pós-apocalíptico parece à espera de algo enquanto um canibal barbariza em meio às ruínas. Faro é um cineasta com gosto pelo horror e o experimental e tem ideias sobre a imagem e som. É um cineasta jovem que já conta alguns filmes e possui uma sensibilidade singular no cinema contemporâneo. 

MOSTRA AUTORIAS
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A Mostra Autorias é retomada nesta 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes e programa dois filmes que, para além das assinaturas de diretores com obras reconhecidas, ambos se fazem a partir do trabalho de outros dois autores: Machado de Assis, em  Capitu e o Capítulo, de Júlio Bressane, e o fotógrafo Carlos Filho em Cafi, de Lírio Ferreira. A Mostra Autorias, portanto, vai além da assinatura pessoal do artista para refletir o olhar do criador que tem a arte como objeto, mas que também se mescla às obras investigadas. São variações sobre imagens e evocações que se sedimentaram no imaginário a partir de suas próprias regras, aqui revisitadas. 

Em Capitu e o Capítulo, Bressane faz a sua tradução intertextual não da trama, mas da forma do romance de Machado não a partir da totalidade, mas do capítulo. As imagens existem como reminiscências da obra de Machado aproximando as imagens criadas pelo texto ao exercício das pinturas de ateliê. O personagem narrador evoca a percepção da personagem Capitu elaborada como patologia, algo pregnante em que cabe não um esforço interpretativo, mas uma imagem. 

Cafi, de Lírio Ferreira, encontra o fotógrafo Carlos Filho e sua obra, sua reflexão e sua prática fotográfica pregnantes sobre a cultura popular, mais precisamente dança, teatro e música brasileira. Uma obra que lança um olhar original sobre outras obras ou que, nos casos mais significativos, tomam parte do imaginário desses trabalhos. Um exemplo são as dezenas de capas de disco que criou, com destaque para a que fez para o álbum Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges.

SESSÃO DEBATE
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A Sessão Debate traz o retorno de Ruy Guerra, que foi homenageado na 9ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Moçambicano de nascença e presença incontornável do Cinema Novo, é um dos grandes cineastas vivos do cinema brasileiro e ganha um filme que reconhece sua dimensão histórica, artística e política. 

Através de leituras e arquivos pessoais do autor e trechos de obras diversas, Tempo Ruy, de Adilson Mendes, não é exatamente um filme sobre Ruy em um tipo de estratégia narrativa que se convencionou realizar nos documentários biográficos atuais, mas é um filme com Ruy, sobre seu trabalho. O filme traz as conversas e o cotidiano ordinário de Ruy Guerra, seus relatos sobre sua trajetória, histórias e seu ponto de vista sobre o mundo e o cinema. Neste sentido, Tempo Ruy está mais para um ensaio do que um documentário direto tradicional. Trabalha as imagens menos como figura e contexto e mais como reminiscência e digressão. 

Adilson Mendes, pesquisador em contato com o mundo dos arquivos, especificamente a Cinemateca Brasileira, parte não só da intimidade com o amigo Ruy, mas também da proximidade intelectual do processo histórico do cinema brasileiro, do qual ele se aproxima por meio das imagens que são montadas com uma poética que estabelece uma relação original com o discurso do cineasta. Entre a adesão e a recusa a certos arquivos, com flagrantes dos conflitos e também da beleza das relações entre aqueles que fizeram parte desse vasto campo chamado cinema brasileiro, é tecido um fino fio sobre as complexas relações entre cinema, memória e a história.

MOSTRA 25 ANOS
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Para a Mostra Retrospectiva 25 anos, escolhemos obras que estrearam na Mostra de Cinema de Tiradentes. Filmes diferentes, de cineastas que posteriormente teriam percursos distintos. Começamos com cineastas remanescentes da geração dos anos 90, como Hilton Lacerda e Lírio Ferreira, e vamos até um filme emblemático das transformações do cinema brasileiro e ainda pouco visto, Subybaya, de Leo Pyrata. Dividimos por anos, não por agrupamentos temáticos, porque a ideia é olhar para essa linha do tempo e tentar apreender algo sobre o percurso dos filmes e das suas expressões. 


HOMENAGEM: ADIRLEY QUEIRÓS
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Nesse espírito de movimentação intensa e de transição entre modos de fazer e fruir que a 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes presta tributo ao cineasta Adirley Queirós. Desde a histórica e apoteótica sessão de A Cidade é uma Só?, em 2012 – quando inclusive saiu com o Troféu Barroco de melhor filme da Mostra Aurora, o cineasta de Ceilândia, no Distrito Federal, vem apresentando seus novos e instigantes trabalhos no evento. 

Francis Vogner dos Reis, curador curatorial da Mostra destaca: “Adirley e a Ceicine (Coletivo de Cinema da Ceilândia) tomam parte historicamente em um panorama de obras e cineastas brasileiros contemporâneos que, nos últimos 16 anos, se fizeram entre a independência radical dos coletivos e o estímulo das políticas públicas para o audiovisual em nível federal (nos governos Lula e Dilma, com a descentralização da produção) e estadual e municipal, com o fomento a pequenas produções”. 

Sobre o cinema de Adirley, Francis diz: “É possível traçar uma trajetória que reflete um processo político de um passado de violência traumática que determina o presente e influencia os rumos do futuro. Não é a violência positivista, o mito fundador da nação, mas uma violência determinada pelo negativo: ‘aqui não verá país nenhum’. Por outro lado, é desse território que ele reconhece personagens, músicas e narrativas fascinantes.” 


O curador se refere a filmes como Rap, o Canto da Ceilândia (2005), Dias de Greve (2009), Fora de Campo (2010), o citado A Cidade é Uma Só? (2012) e os posteriores Branco Sai, Preto Fica (2014) e Era Uma Vez Brasília (2017), todos a serem exibidos na Mostra Homenagem e fundamentais nesse rosto de transição que o cinema brasileiro foi adquirindo nos últimos anos. “Bem demarcado, o espaço de criação é a Ceilândia, território de vivência e construção do que Adirley chama de etnografia da ficção, um princípio prático e estético que situa não somente o corpo do cineasta, mas o corpo de uma equipe inteira, uma imersão de onde emerge a ficção”, analisa Francis. “A afirmação desse lugar é também a formulação de uma contradição explicitada sem maniqueísmos desse espaço denominado Brasília, capital do país, sede do poder, futuro projetado de uma nação que se funda e permanece situada num regime de violência.” 

A Homenagem a Adirley Queirós será realizada na noite de abertura da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes, no dia 21 de janeiro, sexta-feira. Na ocasião, o homenageado receberá o Troféu Barroco, oficial do evento. A programação de abertura contará, ainda, com a exibição de trabalhos inéditos do homenageado. Os demais filmes da Mostra Homenagem estarão disponíveis no site 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes, durante o período da mostra.

 


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