segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Crítica: Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas



Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas
por Joba Tridente

Confesso que jamais vira os tais Jovens Titãs até assistir à hilária animação juvenil Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas (Teen Titans Go! To the Movie, 2018). A princípio, por conta, principalmente da arte bem comum do cartaz, pensei em não ver o tal desenho animado oriundo de uma série (homônima) de tv, acreditando ser mais uma bobagem infantiloide. Mas, ouvindo uma informação aqui e outra acolá sobre os personagens e ignorando totalmente a sinopse, decidi arriscar..., e gostei do filme que vi. Bem, só o fato de ser apaixonado por animação, acho que valeu meia metragem corrida. Quanto ao traço simplório (em 2D), rotineiro em preguiçosos desenhos animados televisivos, acabou não interferindo no meu conceito..., talvez porque, em meio à narrativa mirabolante e muito ágil, acabei me encantando com a interferência (em flashback) de uma graciosa animação (bem infantil!) feita de recortes, sobre a vida de Robin.


Para quem não é fã da série de tv, assim como eu, e sequer ouviu falar dos personagens e tampouco assistiu aos trailers, saiba que a divertida história gira ao redor do egocêntrico Robin (aquele “parceiro” do Batman) e seu grupo de jovens aspirantes a super-heróis, formado por Ravena (feiticeira), Ciborgue (meio humano e meio robô), Estelar (extraterrestre) e Mutano (metamorfo), que andam ressentidos porque a Warner Bros ainda não demonstrou nenhum interesse em realizar um filme sobre eles. Robin, que é o mais vaidoso e obstinado do quinteto, fará de tudo para ter um filme próprio, pois, no seu ponto de vista, dará notoriedade e profissionalismo ao grupo de heróis considerado amador e ou, ao menos, a ele. Para tanto, leva a sua Liga de Titãs para Hollywood e tenta convencer a maior diretora de filmes de super-heróis de todos os tempos, Jade Wilson, a lhes dar uma chance cinematográfica. A resposta de Jade é curta e grossa: Um filme dos Titãs só no dia em que deixarem de ser uma piada, enfrentando e vencendo um vilão real! 

Toda via da boa peleja, porém, eis que, para felicidade geral do quinteto da DC Comics, a sorte (ou o azar) vai colocá-lo frente a frente com Slade (aquele que parece, mas não é o Deadpool, da concorrente Marvel), um novo vilão que decide aterrorizar Jump City..., uma cidade mais segura que GothamMas, será que, por um simples capricho, Robin estará disposto a um grande sacrifício, já que a fama tem o seu preço! E os Jovens Titãs, será que vão enfrentar o malvado Slade, para salvar a cidade e o mundo da sua demência ou apenas para aparecer em um filme? Saber mais do que isto, vai estragar o carrossel de surpresas..., e é uma atrás da outra, envolvendo super-heróis notórios e super-heróis obscuros em situações de perigo e ou (na maioria) ridículas, em Hollywood!


Pela irreverência e o tom jocoso das melhores paródias de super-heróis, com suas meta-gags impagáveis, a animação Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas, dirigida por Aaron Horvath e Peter Rida Michail,  vem sendo considerada uma versão infantil do sarcástico Deadpool..., que, aliás, é assunto de muitas piadas relacionadas ao Slade. Uma comparação nada descartável, já que o filme, além de não se levar a sério, aproveita a (meta)linguagem  ou o gênero cartoon/pastelão para ironizar os icônicos super-heróis dos universos DC e Marvel, com seus sucessos (como Guardiões da Galáxia, Liga da Justiça, Deadpool e Deadpool 2) e ou fiascos (como Lanterna Verde e Batman vs Superman - A Origem da Justiça). A mim, ele se aproxima mais da pérola LEGO Batman - O Filme (2017).


O bom de Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas é que, para um cinéfilo adulto embarcar na grande onda de ação desmedida e aventura (quase) nonsense (com boas doses de humor negro) da trama, não requer conhecimento prévio dos alucinados Jovens Titãs. O ruim é que o público muito jovem e sem referências da origem dos mais famosos super-heróis (DC ou Marvel)..., e conhecimento de filmes como O Rei Leão (1994) e De Volta Para o Futuro (1985), por exemplo, que ganharam releituras (estreladas por Robin, Batman, Superman, Mulher Maravilha, Aquaman) em sequências antológicas (engraçadíssimas)..., vai ter que se contentar com os números musicais também absurdos (Canção inspiradora sobre a vida, é o mais colorido e maluco deles), sem entender muito bem o contexto narrativo e o humor negro (do enredo). Aí, sobram as piadas bobas de peido e de cocô..., que as crianças apreciam muito mais (?) que os adultos.


Enfim, considerando a excelência do roteiro de Horvath e Michael Jelenic e a competente direção de Aaron Horvath e Peter Rida Michail; reconhecendo a coragem de praticamente transformar um filme de super-heróis em uma comédia musical, com clipes hilários e diálogos inteligentes; notando que os personagens dos Titãs são bem resolvidos e que me surpreendi com o egoísmo de Robin; vendo que sempre que a DC investe no humor (nonsense ou negro), rindo de si mesma, suas produções crescem em qualidade; ressaltando que a DC Comics saiu ilesa e, com certeza, ganhou muitos pontos dos espectadores (que não curtem muito o seu lado mais sombrio, que parece voltar na versão live-action da nova série dos Jovens Titãs) ao fazer um mea-culpa pesado (!!!) do Batman vs Superman e bem dosar o humor no saudável gracejo com a Marvel (convidando para a sátira o próprio Stan Lee (- Excelsior!), que recria a famosa cena do figurante varredor de rua em 007 Quantum of Solace)..., Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas é uma produção imperdível para quem ama desenho animado e paródia de super-heróis. Rindo até agora dessa deliciosa tolice, com suas meta-gags geniais...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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