A grande cartada do universo James Bond começou em 1953, com o sucesso do romance Cassino Royale, de Ian Fleming (1908-1964)...,
seguiu por mais 13 livros do autor britânico e, a partir de 1968, em diversas obras
pelas mãos e imaginação de outros escritores. No cinema chegou em 1962, apresentando
Sean Connery em Dr. No. Na trilha
aberta pelo ator escocês, o agente secreto especial OO7 ou “Bond, James Bond!”,
com licença para matar e sempre a serviço de Sua Majestade (inglesa) foi incorporado também por George Lazenby,
Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e o atual Daniel Craig..., que anda
dando sinais de cansaço da “espionagem
bondiana” na telona.
007 Contra Spectre
(Spectre, 2015) dirigido por Sam Mendes (Skyfall) traz o elegante agente secreto, com licença também para
dirigir máquinas possantes e pilotar aeronaves e lanchas, numa operação complicada
e talvez derradeira (?) na pele de Craig...,
a se interpretar (literalmente) a cena final aberta a novos rumos. Com um
prólogo espetacular, em sequência de tirar o fôlego, a trama “começa” na Cidade
do México, no dia da Festa dos Mortos
(Finados). Ali, James Bond (Daniel Craig) encontra um pedaço do fio
da meada que o levará ao tradicional tour pelo mundo (Londres, Roma, Alpes,
Marrocos), à cata de Franz Oberhauser (Christoph Waltz), o chefão da
Spectre, uma organização terrorista que
atira para todos os lados e ataca em todas as frentes (no momento: fármaco e
internet) em busca de um alvo perfeito para corroer e dominar (?!) o mundo (e
quiçá, no futuro, o universo!).
Com um roteiro um tanto confuso (para quem se importa!), onde
é difícil entender a razão (se é que há!) da vilania, alguns furos, clichês e
aquela previsibilidade, entre um desconcerto amoroso maduro (Lucia/Monica Belucci) e o outro jovem (Madeleine Swan/Lea Seydoux),
o agente de grife continua na sua lida (acompanhado e ou sozinho) para sanear o
planeta de todas as psicopatias. Desta vez, seguindo uma pista deixada pela
falecida chefe M (Judi Dench), o garboso agente precisa
voltar ao seu passado, se quiser garantir o seu futuro. É que, de certa forma,
o seu passado (aquela coisa de família e de infância) e o seu presente (aquela
coisa de agente secreto) carregados de tragédias, estão amarrados no carretel
de frustrações (?) e vinganças (?) e demência do maléfico Oberhauser, que também espera desmontar caprichosamente o MI6.
Embora 007 Contra
Spectre busque a originalidade (num gênero batido!), é a história padrão, com
suas cenas de ação e pancadaria, humor nonsense e meio pastelão, intrigas
internacionais, intrigas nacionais, intrigas de agentes culminando na suspensão
(pro forma) de James Bond, que acaba predominando. Sem ir
muito além do lugar comum, a narrativa a que se acostumou (e gosta!) o
espectador, (aparentemente) está apenas mais comedida, ou melhor, menos
explícita na violência (menos sangue!) e na insinuação sexual (menos cama).
Se as declarações de
Craig sobre o seu futuro sem James Bond,
são verdadeiras e ou mero marketing,
isso só o tempo dirá. No entanto, o que se percebe nesta nova aventura, que
presta homenagem a algumas das mais mirabolantes produções anteriores (se é fã
vai curtir as citações!), é que James Bond está mais humano (!) e claramente
cansado dessa vida de caçador de bandido pelo bem da “humanidade”. Ou será
apenas a perturbação do personagem Bond
numa grande performance de Craig?
Enfim, considerando a marca James Bond, o ótimo elenco e excelentes sequências de ação; a inspirada
fotografia de Hoyte van Hoytema em
perfeito casamento com algumas músicas da trilha de Thomas Newman (ou seria o
contrário?); as duas gags antológicas (sofá e o motorista velho)..., ainda
que a trama se apresente embaralhada e o jogo nunca fique muito claro na mesa, 007 Contra Spectre é uma boa diversão pipoca.
Chegue no horário e cuidado para não engasgar na sequência inicial. Só por ela,
o filme já vale uma olhada.
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