Já disse várias vezes que um bom cartaz e um bom título são
meio caminho para içar o espectador para uma sala de cinema. Recentemente o
cartaz do divertidíssimo “B” Como Sobreviver a um Ataque Zumbi
me deixou curioso, e não me arrependi de gargalhar com a paródia. No mesmo
período o pôster de O Presente
também chamou a minha atenção. Pensei ser filme de terror, mas é um thriller
psicológico da melhor qualidade. Quer dizer, se a praga, digo prática do bullying for considerada terror, o filme
não deixa de dividir o gênero e o adjetivo.
O Presente (The Gift, 2015), escrito e dirigido com muita
expressividade por Joel Edgerton, é
um drama de suspense daqueles de mexer não apenas com os nervos, mas com a
consciência de muitos espectadores. Com bom argumento e excelente roteiro, o
tema não poderia ser mais pertinente e consequentemente mais perturbador: bullying (do passado assombrando o
presente). A história enreda o apaixonado casal Simon (Jason Bateman) e Robyn Callum (Rebecca Hall) e Gordon “Gordo”
Moseley (Joel Edgerton), um antigo
“colega” de escola de Simon. O casual
reencontro dos dois “amigos” traz à tona um passado que Simon quer esquecido e o cordialmente estranho e solitário Gordo ainda espera que seja
exorcizado..., o que faz com que aos poucos ele se intrometa inconvenientemente
na rotina do casal, trincando o seu alicerce.
Na ensolarada Califórnia, nos arredores de Los Angeles, à
beira da Cidade dos Sonhos, o pesadelo pode estar à espera de Simon e Robyn, na entrada da elegante casa, embalado num belo pacote com um
bilhete pessoal e ambíguo num envelope vermelho, e ou bater à sua porta e ser entregue
em mãos, com gentilezas de boas-vindas por um novo velho “amigo”. O quê busca Gordo? O quê teme Simon? O quê sabe Robyn
da perversidade envolvendo os dois? A crueldade juvenil, impune no passado,
pode ser responsável por adultos problemáticos, no futuro?
O Presente é um
filme tenso que, sequência a sequência, te surpreende ao fugir dos clichês e da
previsibilidade ao falar de amor, amizade, crueldade estudantil, baixa
autoestima, mercado de trabalho. Uma narrativa que coloca uma pulga atrás da
sua orelha sobre a conjugação do verbo magoar.
Um filme que não acaba antes do último plano, ainda que alguma “verdade” seja “desvelada”
pouco antes do epílogo. Leva-se um tempo para a gente se levantar da poltrona e
segurar a emoção após imergir na mente turva e ou confusa de seus protagonistas
(o que te deixará pensativo e cabisbaixo por horas) enquanto sobem os créditos
finais.
Enfim, considerando que este é um drama psicológico, cujo teor
chiaroscuro não subestima (mas
estimula!) a inteligência do espectador; que a direção de Joel Edgerton é
refinada e eficaz e seu econômico roteiro (excetuando dois desnecessários
áudio-sustos) é um primor no desenvolvimento da envolvente trama muito bem fotografada
e editada; que as performances do trio protagonista são notáveis; que este é um
dos melhores filmes de suspense que vi nos últimos anos..., se gosta do gênero,
se dê de presente uma sessão de O
Presente.
Ah, se possível, não assista ao trailer, também porque nada tem a ver com a tensão filme. E lembre
que, nem tudo que enterramos (bem enterrado!) no passado, acaba ficando por
lá..., quando menos se espera, alguém pode querer uma exumação...
Eu realmente gostei do seu texto, e fui um dos que ficou intrigado com esse poster, embora eu ainda não tenha visto o filme. Ou mesmo faça parte da sua fraternidade.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
Excluir..., olá, Ozymandias Realista,grato pela sua visita e leitura. ..., o filme está programado para estrear nesta semana. ..., como já foi lançado até em DVD, nos EUA, não se acreditava que chegasse aos cinemas por aqui. ..., a pertinência e a condução do tema, com suas reviravoltas, me agradou muito..., e também me emocionou. ..., se assistir, volte e diga o que achou. ah, a primeira vez em que vi o cartaz pensei se tratar de um filme de terror gore..., ainda bem que estava enganado. abs.
Excluir