Quem é chegado em ícones populares da cultura cinematográfica
e televisiva japonesa, como Godzilla,
Mothra, Gamera, Robôs..., não
deve perder Círculo de Fogo, uma
divertida homenagem que o formidável diretor Guillermo Del Toro faz ao gênero que povoou (e ainda povoa) a
imaginação de muita criança mundo afora..., inclusive a dele.
Círculo
de Fogo (Pacific Rim,
EUA, 2013) é um filme para se curtir e se lembrar de antigas produções nipônicas
com seus cenários de papelão e, honestamente, não se preocupar muito com a
lógica. É claro que, se você for um espectador-cabeça preocupado com mensagens
(edificantes?) e ou críticas (socioeconômicas?) aos governantes etc, vai
encontrar algumas “metáforas” a respeito. Mas só se procurar muito entre os
vários clichês clássicos que (é claro!) não poderiam faltar numa sci-fi desse porte. Pois, acredite, isso
é o que menos importa.
O argumento é bacana: robôs gigantes enfrentam
dinossauros imensos (saídos de uma fenda no fundo mar) que querem dominar
Terra. O roteiro de Travis Beacham e
Del Toro é direto. Logo após o prólogo que conta como apareceram as monstruosas
criaturas Kaiju (em japonês: Monstro Gigante) e o que
levou a união das nações à fabricar os robôs gigantes Jaegers (em alemão: Çaçadores)...,
a história vai logo ao que interessa: embate entre os colossos, na maioria das
vezes, em alto mar. Enquanto os lagartões querem se apossar do planeta, os
humanos (cérebro e membros dos complexos robôs) querem acabar com a raça deles,
fechando o seu portal. Simples assim. Quer dizer, não tão simples. A empreitada
vai ser dureza, para delírio e compensação da plateia em pouco mais de duas
horas de projeção.
Longe de ser infantilóide ou boba, a narrativa
tem alguns achados fantásticos, os dois melhores podem até passar despercebidos
em meio à pancadaria: um Berço de Newton (equilíbrio e delicadeza!) e um navio
como arma de ataque de um robô (gore sem sangue!). A fotografia de Guillermo Navarro faz a diferença nas intensas
cenas de combate noturno, mas arrasa mesmo nas menores (?), como a da
misteriosa garota com seu guarda-chuva preto e ou a garotinha com seu sapato
vermelho (que tanto apavora quanto emociona). Merece também destaque, apesar de
breve, uma sequência que registra peões de obra sobre vigas altíssimas. Os
efeitos especiais e o 3D realmente impressionam.
Círculo
de Fogo é um filme de ação e aventura e, portanto, os batidos dramas
pessoais dos protagonistas humanos (todos relacionados à família) ficam em
segundo plano. Eles estão na história só para constar. Qualquer espectador sabe
como e quando serão resolvidos. O elenco é formado por competentes novatos e
notáveis da Inglaterra, EUA, Japão... Entre os heróis tripulantes dos Jaegers estão Charlie Hunnam (Raleigh
Becket), Diego Klattenhoff (Yancy Becket), Rinko Kikuchi (Mako Mori),
Robert Kazinsky (Chuck Hansen) e Idris Elba (Stacker
Pentecostes).
Não é uma comédia, mas tem lá a sua graça. O seu
melhor momento de humor está na figura (fora de ordem!) e na atividade do
extravagante Hannibal Chau (Ron Perlman), um negociante que “recicla”
e comercializa no mercado negro tudo que consegue “limpar” dos lagartos mortos.
Há também uma “dupla cômica” de excêntricos cientistas (Charlie Day e Burn Gorman)
que começa chata, mas que acaba encontrando o tom na segunda parte.
Círculo
de Fogo continua divertido após a sessão, quando a gente começa a
brincar com o porquê das ações dos Kaiju
e dos Jaegers ou o porquê das armas
ocultas dos robôs ou o porquê de dupla de pilotos em vez de controle remoto e
ou etc. Bobagens! O melhor é concluir que tudo que se viu, nostalgicamente faz
sentido, além de humanizar a história (com tipos peculiares, mesmo que
caricatos), dá a algumas sequências um clima retrô deliciosamente trash. É uma
história que parece inventada por um menino (pré-adolescente) para ser contada
para todos (outros meninos) que adoram robôs e dinos... Será que tem por aí
alguma menina que também curte?
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