Em Hollywood vira-se a câmera para todo e
qualquer assunto que pareça cinematográfico. É claro que nem todo assunto
resulta em um bom filme, por mais que force a barra. Se argumentos
não faltam, o mesmo não pode ser dito dos roteiros pífios e diálogos ridículos.
Mal que vem assolando também o cinema e a televisão brasileira com chulices.
Depois do bom e divertido Rock
of Ages (2012), de Adam Shankman, com Tom Cruise, que não caiu no gosto
popular, eis que nos chega A Escolha
Perfeita, um outro bom e também divertido musical, cuja sinopse (e cartaz!)
engana. Na verdade, A Escolha Perfeita não é assim exatamente um musical, mas um filme
sobre a paixão de universitários (norte-americanos) pela música cantada a
cappella (a capela), ou seja utilizando tão somente o divino dom (ou seria tom?)
da voz.
A Escolha
Perfeita (Pitch Perfect,
EUA, 2012) é uma comédia leve (previsível desde o título) que aborda o universo
de grupos musicais acústicos, formados por universitários estadunidenses, e as concorridas
competições onde mostram todo o potencial da voz humana como um fascinante instrumento
melódico. Recheado de velhas e novas canções pop, em deliciosos arranjos, o
filme dirigido por Jason Moore, cujo
público alvo é o adolescente e o jovem adulto, é uma versão suave do livro homônimo
de Mickey Rapkin.
O roteiro de Kay Cannon acompanha a chegada de Beca (Anna Kendrick), aspirante a DJ em LA, na universidade e o seu
envolvimento com o grupo vocal Bella,
liderado pela intransigente Aubrey (Anna Camp), com franca colaboração da
subserviente Chloe (Brittany Snow). O “famoso” grupo,
depois do vexame da última apresentação, está sendo reestruturado e agrega
meninas estranhas (deslocadas!), onde se destacam a “gorducha” Fat Amy (Rebel Wilson) e a suave e inaudível Lilly (Hanna Mae Lee),
que roubam todas as cenas. Na subtrama, um relacionamento amoroso morno
de Beca com o bom rapaz e bom cantor Jesse (Skylar Astin) e a rebeldia tardia (desajustamento social!?) da garota.
A
Escolha Perfeita conta uma boa história (de superação e
amadurecimento) com ironia e charme jovial, passando mais ou menos ao largo de
dramas familiares e bullyng estudantil. Tem piadas para todo gosto (as
politicamente incorretas sobre judeus estão entre as melhores). O casal de críticos,
John (John Michael Higgins) e Gail
(Elizabeth Banks), fazendo
comentários ácidos sobre os conjuntos vocais são impagáveis..., lembra os dois
velhos rabugentos de Os
Muppets.
É um filme bacana e divertido na sua esquisitice.
Porém, não fossem as “escorregadas” em (basicamente) três sequências de interferência
escatológica (o público alvo deve gostar!) que quebram a harmonia da narrativa,
feito uma voz desafinada atravessando uma boa canção, poderia ser muito melhor. O apêndice fétido
que ataca o estômago sensível (às adversidades) de Aubrey e ou provoca uma briga (sem pé nem cabeça) entre duas gerações
de cantores é mais uma daquelas gratuidades (rendosas?!) da qual Hollywood
parece não querer abrir mão tão cedo.
Contratempos cômicos e dramáticos (ou
referências: Glee, Fama) à parte, A Escolha Perfeita é uma produção com força musical para emocionar
e contagiar o espectador. Tem um elenco competente e uma trilha razoável, que
ganha muito com os arranjos a cappella. É um bom programa para fãs do gênero. Só
pelos números musicais já vale uma olhadela.
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