Para o norte-americano, se algum tema não vira
naturalmente filme, uma forçadinha no argumento sempre vem a calhar. Máfia é um
deles, mexe e vira recheio vencido de comédia de gosto duvidoso ou tira-gosto
de thriller policial embaraçoso, feito O
Homem da Máfia, que leva a vida “matando suavemente” em plena crise
econômica recente.
O Homem
da Máfia (Killing them
Softly, EUA, 2012), de Andrew
Dominik, chegado a um pastiche de Tarantino, sem o humor negro, e de Sam
Peckinpah (1925 - 1984), sem a criatividade e ou conteúdo estético, é um típico
cinema-pegadinha. Ou seja, engana (bem!) com seu preciosismo (de araque) e ares
de “modernidade”. Baseado no livro Cogan´s
Trade, de George Higgins, o roteiro pífio do próprio Dominik gira em
torno de um acerto de contas entre bandidos falastrões de todas as classes
sociais, porém igualmente estúpidos e ou imbecis. Verborrágica e capenga a
narrativa acredita se bastar em conversa fiada sem fim sobre o órgão sexual
masculino e variações sexuais, traições conjugais..., e “técnicas de punição
exemplar”. Os conservadores escritores e roteiristas estadunidenses parecem felizes
com as suas “descobertas” sobre as prazerosas funções “pecaminosas” do “dick”. Haja!!!!
A “trilha” condutora da “ação” é o áudio e, às
vezes, alguma imagem televisiva, analisando a crise financeira, que afetou e
também desorganizou o crime organizado. Enquanto os discursos de Bush e Obama,
em plena campanha eleitoral, pipocam na telinha, três bandidos basbaques, Frankie (Scoot McNary), Russel (Ben Mendelsohn) e Johnny (Vincent Curatola),
aproveitando uma “falha na segurança?” (me poupe!) e acreditando na impunidade
(santa ingenuidade!), assaltam uma casa de jogo clandestino. Era para ser
engraçado o assalto a uma casa cheia de caricatos mafiosos truculentos? Sorry!
Ora, ora, ora, hein..., os pés de chinelo não
perdem por esperar (já o espectador com QI...!) porque a vingança da máfia,
através do assassino de aluguel Jackie
(Brad Pitt), será “maligna” (ou
exemplar!). Conversa vai e conversa vem e conversa vai e conversa vem e entra
em cena um tal de Mickey (James Gandolfini), matador grandalhão,
beberrão e chorão, apenas para introduzir momentaneamente a única presença
feminina no filme, a prostituta Hooker
(Linara Washington), protagonizar um
abominável erro de continuidade..., e depois sumir. O filme tem outros furos
(sem ser de bala), mas deixa pra lá.
Assim, abusando de “diálogo” enfadonho clichê,
discurso econômico-eleitoral clichê e violência clichê, a história se arrasta, ‘ironizando”
a crise econômica, que não poupa nem os assassinos (obrigados a dar um
descontinho básico pelo serviço), e o capitalismo de ocasião dos presidentes
norte-americanos. É o suprassumo da inteligência clichê torrando a paciência
dos (poucos) espectadores que resistirem a tentação de deixar a sala antes do
pretencioso final.
Ah, além da violência em diversos ângulos de
câmera lentíssima, O Homem da Máfia
tem algumas músicas bacanas e excelentes performances de McNary e Mendelsohn.
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