terça-feira, 26 de junho de 2012

Crítica: A Era do Gelo 4


Parece que foi há muito tempo, mas se passaram apenas dez anos, desde que o mamute Manny, o bicho-preguiça Sid e o tigre-dentes-de-sabre Diego ganharam o mundo através das telas de cinema, com uma divertida (porém) dramática história que explorava (bem!) temas como solidão, abandono, amizade, vida em grupo, onde não faltou nem um inusitado encontro com seres humanos que ainda não sabiam falar. De 2002 para cá, os três inseparáveis e improváveis (?) amigos já viveram mais duas (2006 e 2009) emocionantes aventuras cheias de ação, romance e instinto maternal: Manny conheceu Ellie, com quem teve a graciosa Amora, o Sid já foi “mãe” de três tiranossaurinhos, o Diego bem que tentou, mas não conseguiu deixar o bando...

Em se tratando de franquia está cada vez mais difícil saber com quantas partes se fecha uma série. Era do Gelo é uma marca rentável, portanto, se ela não fechou o círculo no 3, dependendo da bilheteria, pode vir mais algarismos por aí. O problema das franquias é que nem sempre os realizadores são capazes de fazer algo realmente novo com velhos personagens, já que dependem de bons roteiristas, diretores, da versatilidade dos personagens e, principalmente, do grau de expectativa do público. Se bem que o espectador de cinema está cada dia menos exigente, se contentando mais com o conteúdo dos efeitos especiais do que com os efeitos especiais do conteúdo. Não se engane, há uma distinta diferença!


 Era do Gelo 4 (Ice Age 4: Continental Drift, EUA, 2012), ainda que na zona de conforto dos desastres naturais, aborda de forma amalucada a curiosa divisão de Pangeia em Continentes. O “culpado” pelo cataclismo é (claro!) o adorável (e incansável) esquilo Scrat e sua noz indomável, sempre alheio ao mundo ao seu redor..., ou quase. Assim, sem se dar conta do “estrago”, ele acaba colocando Manny, Diego e o atrapalhado Sid, com a sua Vovó, num mesmo “barco” de gelo. Em terra, Ellie, companheira de Manny e sua filha adolescente Amora, fazem o que podem para encontrar um lugar firme. Em mar aberto, os quatro navegam às cegas e em rota de colisão com um “navio” de gelo comandado pelo orangotango pirata Entranha, que tem como “contramestre” a bela tigresa-dentes-de-sabre Shira. O encontro entre os bandos do terrível Entranha, que quer ser o senhor dos mares, e do pacato Manny, que só quer voltar para casa e proteger a sua família, será repleto de confusões e mandos e desmandos suficientes para aumentar o caos (ou seria blefe?) entre os animais “inocentes” na popular arte do toma lá, dá cá.


A Era do Gelo 4 tem um roteiro bastante simples (tipo família), linear, com muita ação (e mensagens edificantes) e clima déjà vú. A premissa parece ser a de aproveitar a onda dos piratas (nos cinemas) para contar uma história de gelo e espada que agrade a crianças e adultos. Todavia, ao situar piratas na “pré-história” a narrativa provoca mais estranheza que riso. Busca-se o bizarro, o absurdo, mas em nenhum momento é realmente nonsense, ou sequer alegórica. A sua mira é (sem dúvida) o público infantojuvenil, daí, talvez, a falta de (mais) graça (e originalidade) para o espectador adulto que vai ter que se contentar com o impagável (ladrão de cenas) Scrat. Os personagens novos, como o simpático ouriço “nerd” Louis, a rebelde Amora, a esclerosada Vovó, o vilão Entranha, e até mesmo a linda Shira, são interessantes, mas não chegam a cativar. No mundo animado (ou de carne e osso) há um padrão de espertos, vilões, tongos..., que se repetem em diversas produções, em algumas (Piratas Pirados) funcionam, em outras, não. Pode ser mera coincidência, mas Era do Gelo 4 tem alguns piratas em comum com Piratas Pirados.


Com direção de Steve Martino (Horton e o Mundo dos Quem) e Mike Thurmeier (A Era do Gelo 3), o filme não empolga tanto quanto os anteriores, mas encanta pela técnica impressionante (que mar é esse?!) na cenografia e no desenho (e textura) dos animais, e no uso do 3D. Os personagens centrais (mesmo não surpreendendo) ainda são agradáveis, apesar do roteiro derrapar na introdução de elementos “modernos” (esfinge, estátuas, lenço vermelho) e citações (telefone, jangada, navio, coelhinho da páscoa), ou melhor, ao antropomorfizar demais os personagens. A impressão é a de que a bicharada viajou no tempo e voltou “atualizada”. Aí, quanto mais humanos, menos engraçados! A ficção (?) de ontem está cada vez mais parecida com o hoje.

Se não é fácil criar uma gag atrás de outra, e já que nem toda piada encontra eco, será que referências cinematográficas aos fofos Ewoks (de Star Wars Episódio VI: O Retorno de Jedi, 1983) e aos rebeldes escoceses de caras azuis (de Coração Valente, 1995), e ou as míticas sereias de Odisseu (Ulisses), por exemplo, funcionam com o público jovem ou devem passar batido? Em Shrek elas patinaram. Bem, na ausência de um pai cinéfilo e leitor, o Google está aí para tirar dúvidas. Na versão brasileira a dublagem principal ficou por conta de Diogo Vilela (Manny), Tadeu Mello (Sid) e Marcio Garcia (Diego).

Ah, não chegue atrasado, porque, principalmente se for um fã dos Simpsons, vai perder um divertido (e quase lúdico!) curta-metragem The Longest Daycare (O dia mais longo na creche) protagonizado por Maggie Simpson, em 2D-3D.

4 comentários:

  1. Gostei muito do filme, envolvente do início ao fim, com belas imagens e ótima edição gráfica dos personagens!
    Realmente perdeu um pouco da essencia dos filmes anteriores, buscaram inovar algumas cenas com dramas familiares e conflitos diretos, não sei se isso se deve ao fato de não termos o brasileiro Carlos Saldanha como diretor do Filme, apenas como produtor executivo. Mesmo assim o filme está ótimo, com varias cenas de Ação e aventura, que envolvem toda a familia, principalmente a criançada que adoraram a velha preguiça! Com certeza este não será o fim do longa, podemos aguardar a continuação desta aventura.
    Pecaram em mudar a dublagem da Ellie e dos gambás Crash e Eddie, para quem estava acostumado com as vozes ficou estranho.
    Agora vale ressaltar que o filme trata-se de comédia e animação, não de clássicos de ficcção científica e drama. Vamos rever algumas criticas e avaliar os pontos mais interessantes do filme. Enfim, gostei bastante e recomendo a todos assitirem. Minhas cenas favoritas: cena do Diego e da Shira lutando, no final, quando o Manny luta com o Cap, Entranha e o hilário Scrat . Abraços.

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    1. Olá, Daniel Felipe.
      Pelo jeito é um grande fã da franquia e fez uma leitura diferenciada e muito animada.
      O que é altamente positivo.
      Todo espectador deve gostar de uma obra a partir do seu olhar e não do olhar de outros.
      Não sei Saldanha (preocupado com o Rio 2) fez falta e ou se evitaria a derrapagem do roteiro, principalmente na humanização forçada da bicharada pré-histórica.
      Não entendi o que quis dizer com "o filme trata-se de comédia e animação, não de clássicos de ficcção científica e drama."

      Abração!

      T+

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  2. Joba, pressinto nesse filme um sincero ar de apocalipse, rsrs... Aliás, o tema da franquia é esse, mas achei o trailer particularmente sinistro. Não ia ver, mas agora vou, com a desculpa do clipe da Margie, rsrs...

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    Respostas
    1. Olá, Ravel.
      Só não vá com muitas expectativas,
      para também não ficar à deriva!
      O que vale mesmo é o curta da Maggie.

      Abs.

      T+

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