quarta-feira, 13 de junho de 2012

Crítica: E aí, Comeu?



Nos últimos anos tem se intensificado, com inacreditável sucesso de público (principalmente) juvenil, o uso e abuso do “humor” baixaria (sexista) nas “comédias” norte-americanas e no Brasil. Por mais que repitam (filme a filme) as “piadas” de gosto duvidoso e o culto à genitália masculina, essas produções continuam bombando. Não é à toa que até Cilada.com vai ganhar (?) continuação.

E aí, Comeu? (Brasil, 2012), é o filme outonal, com pretensões cômicas, que tem tudo para agradar ao público cativo do “gênero”. Baseada na peça teatral homônima de Marcelo Rubens Paiva, que escreveu o roteiro em coautoria com Lusa Silvestre, a narrativa gira em torno de Fernando (Bruno Mazzeo), Honório (Marcos Palmeira) e Fonsinho (Emilio Orciollo Netto), três amigos inseparáveis que dividem, no Bar Harmonia, o chopp, os problemas profissionais e a dor de cotovelo. Fernando é um arquiteto que não aceita o fato de ter sido deixado pela mulher Vitória (Tainá Muller); O jornalista Honório acredita que está sendo traído pela mulher Leila (Dira Paes); Fonsinho é uma boa-vida, escritor (sem nenhum talento) e conquistador (sem convicção). Os três são metidos a machões, mas são uns mala sem alça e sem rodinhas.

E aí, Comeu?, dirigido por Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora), está mais para drama romântico do que para comédia. O argumento é curioso: homens mal-amados desdenhando (e carentes) de mulheres independentes..., o que pega é o desenvolvimento do roteiro mariposa (dando voltas em volta da lâmpada) assim-assim. Leitura que pode variar conforme a pré-disposição do espectador rir das piadas macho-falocratas (sem graça) do cirrótico trio ou se envolver com a razoável trama “paralela”, onde circulam, além de Vitória e Leila, a garota de programa Alana (Juliana Schalch) e a graciosa ninfeta Gabi (Laura Neiva).

O filme tem alguns cansativos diálogos podres e outros ridículos (o desabafo do jornalista, na redação, e o entusiasmo do publicitário, na rua, são tristes!). As melhores sequências são as extra-bar. Algumas sacadas (ôps!) pouco originais, como as aulas de sexo, segundo os três machões, podem funcionar com os meninos de memória curta. Se bem que as cenas de sexo são bem enfadonhas. Uma ou outra até seria risível se não lembrasse Estômago (de Marcos Jorge). A fotografia e direção de arte são bacanas. O elenco novelístico (chamariz) da TV XXXXX, se faz presente sem muito alarde. Os destaques ficam com Orciollo Netto e Laura Neiva. Para quem gosta de baixaria é um prato quase cheio. A sobremesa pode não ser das melhores, mas alivia um pouco o mal-estar.

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