Nos
últimos anos tem se intensificado, com inacreditável sucesso de público
(principalmente) juvenil, o uso e abuso do “humor” baixaria (sexista) nas “comédias”
norte-americanas e no Brasil. Por mais que repitam (filme a filme) as “piadas”
de gosto duvidoso e o culto à genitália masculina, essas produções continuam bombando.
Não é à toa que até Cilada.com
vai ganhar (?) continuação.
E aí, Comeu? (Brasil, 2012), é o filme outonal, com
pretensões cômicas, que tem tudo para agradar ao público cativo do “gênero”.
Baseada na peça teatral homônima de Marcelo Rubens Paiva, que escreveu o
roteiro em coautoria com Lusa Silvestre, a narrativa gira em torno de Fernando (Bruno Mazzeo), Honório (Marcos Palmeira) e Fonsinho (Emilio Orciollo
Netto), três amigos inseparáveis que dividem, no Bar Harmonia, o chopp, os problemas profissionais e a dor de
cotovelo. Fernando é um arquiteto que
não aceita o fato de ter sido deixado pela mulher Vitória (Tainá Muller);
O jornalista Honório acredita que está
sendo traído pela mulher Leila (Dira Paes); Fonsinho é uma boa-vida, escritor (sem nenhum talento) e conquistador
(sem convicção). Os três são metidos a machões, mas são uns mala sem alça e sem
rodinhas.
E aí, Comeu?, dirigido por Felipe Joffily (Muita
Calma Nessa Hora), está mais para drama romântico do que para comédia. O
argumento é curioso: homens mal-amados desdenhando (e carentes) de mulheres independentes...,
o que pega é o desenvolvimento do roteiro mariposa (dando voltas em volta da
lâmpada) assim-assim. Leitura que pode variar conforme a pré-disposição do
espectador rir das piadas macho-falocratas (sem graça) do cirrótico trio ou se
envolver com a razoável trama “paralela”, onde circulam, além de Vitória e Leila, a garota de programa Alana
(Juliana Schalch) e a graciosa
ninfeta Gabi (Laura Neiva).
O filme
tem alguns cansativos diálogos podres e outros ridículos (o desabafo do
jornalista, na redação, e o entusiasmo do publicitário, na rua, são tristes!).
As melhores sequências são as extra-bar. Algumas sacadas (ôps!) pouco originais,
como as aulas de sexo, segundo os três machões, podem funcionar com os meninos
de memória curta. Se bem que as cenas de sexo são bem enfadonhas. Uma ou outra
até seria risível se não lembrasse Estômago
(de Marcos Jorge). A fotografia e direção de arte são bacanas. O elenco
novelístico (chamariz) da TV XXXXX, se faz presente sem muito alarde. Os
destaques ficam com Orciollo Netto e Laura Neiva. Para quem gosta de baixaria é
um prato quase cheio. A sobremesa pode não ser das melhores, mas alivia um
pouco o mal-estar.
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