Que os animais (dito irracionais) se comunicam com os humanos (dito racionais), desde que partilham o mundo real e o do cinema, não é novidade alguma. Mexe e vira aparece uma teoria nova sobre a forma de “conversação” entre as duas espécies, na tela dos homens, e a razão da “conversação” na tela do cinema. A intenção em pauta de O Zelador Animal (Zookeeper, EUA, 2011) é zooilógica. Ou seja, assim é, se lhe parece que é, e ponto.
A nova “comédia dramática” do mediano diretor Frank Coraci (depois da água, da música, do turismo e do controle remoto) explora os “fundamentos” da psicologia sexual animal para salvar a vida amorosa de um zelador de zoológico. Escrito a catorze mãos (quatro no argumento e dez no roteiro) a trama-clichê é de uma bobagem romântica ímpar. Uma prova (inexorável?) de que quantidade não quer, necessariamente, dizer qualidade.
A narrativa rasteira trata do cotidiano de Griffin Keyes (Kevin James), o zelador (panaca) do Zoológico Franklin Park, que se dá muito bem com os animais aprisionados, mas não tem sorte com Stephanie (Leslie Bibb), a garota (basbaque) dos seus sonhos. Um dia revê o frustrado amor do seu passado e se dá conta de que ainda a ama. Mas, temendo uma nova rejeição, não se aproxima. Enquanto busca uma saída, descobre que os seus amigos enjaulados falam e, melhor, querem ajudá-lo a reconquistar a sua destemperada paixão, transformando-o num macho alfa. No desespero, Griffin resolve dar ouvidos aos conselhos animalescos da bicharada e a confusão está armada. Para sair da jaula apertada em que se meteu, por conta da sua paixonite aguda, só vai poder contar com a colaboração da veterinária Kate (Rosario Dawson).
O Zelador Animal lança a rede para todos os lados, na tentativa de apanhar algum tipo de espectador. Os distraídos (de qualquer idade) que se deixarem prender verão uma produção insossa onde, se muito, salva-se uma ou outra sequência animal. Nada surpreendente, já que o tema (bicho versus gente) é batido até mesmo em desenho animado. Espera-se em vão que o humor apareça, que a graça aconteça, mas nem tropegamente ele dá as caras. A comédia carece de ritmo, de personagens (e performances) convincentes, de um roteiro, já que o argumento não é lá essas coisas. Porém (nunca é demais repetir), quem gosta de filme previsível, edificante, com clichê jaula-a-jaula, amor cego e outras bobagens tradicionais em um filme-família americano, vai se esbaldar (de sono!).
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