AMELIA
Na vida podemos ser mais do que passageiros. Amelia Earhart
E no cinema, é preciso ser mais que mero espectador para apreciar esta, digamos, cinebiografia de Amelia Earhart (1897/1937), dirigida por Mira Nair? Parece que sim. Amelia, famosa nos EUA, mas (acredito) desconhecida nas terras tupiniquins, menos, é claro, pelos estudiosos da História da Aviação, foi a primeira a cruzar o Atlântico, como passageira, e depois pilotando um pequeno avião, em 1928. Era uma mulher independente, voluntariosa, determinada, para quem nem o céu era o limite. Mas, décadas depois do seu desaparecimento, o sonho desta aventureira, que buscava ser a primeira aviadora americana a dar a volta ao mundo, ganha as telas de cinema num filme enfadonho que (parece) não faz jus ao seu pioneirismo.
Amelia (Amelia - EUA, Canadá, 2009), a princípio, tem cara de ser um típico filme “de mulher pra mulher”, mas, fruto de um roteiro horroroso e direção equivocada, não tarda a causar sonolência. A promessa de exaltação ao feminismo vira uma nota de rodapé. Estrelado por Hilary Swank (Amelia), o filme, que tem cara de especial biográfico pra TV por assinatura, ao retratar o dinamismo de uma mulher apaixonada por aviões, não consegue alçar voo. A tentativa (confusa) de pontuar momentos da sua vida, entre 1928 e 1937, é realizada de forma tão branda e burocrática que a gente só vai saber o tipo de relação ela teve com George P. Putnam (Richard Gere), um magnata do mercado editorial, e com o empreendedor Gene Vidal (Ewan McGregor), quando o avião já está voando longe. São tantas as idas e vindas, num céu nem sempre de brigadeiro, entre risos e sorrisos, daqui e dacolá, que as suas aflições e tumultuados acordos publicitários parecem não ter passado de brincadeiras em nuvens de algodão doce.
Baseado nos livros East To The Dawn, de Susan Butler, que explora o caso secreto de Amelia Earhart com o aviador e empresário Gene Vidal, e The Sound of Wings, de Mary S. Lovell, focado na relação de Amelia com o marido e a publicidade, Nair se propôs a contar “uma história de amor e uma aventura de ação para toda a família, sobre uma jovem mulher que rompeu barreiras e teve muito a oferecer a inúmeras pessoas”. O difícil (pra não dizer impossível) é encontrar a história de amor, aventura e ação num filme que, de tão linear, num vôo em linha reta, chega a lugar nenhum. Excetuando a fantástica reconstituição de época e a rusticidade na bela fotografia de Stuart Dryburgh, não há o que destacar, já que Amelia, mesmo a bordo de um original Electra, não empolga e as personagens, com o seu indefectível sorriso amarelo, não criam qualquer empatia. É tudo muito pastel, exageradamente contido. O que é uma pena. Com um pouco de ousadia teríamos uma excelente realização. Um filme pra voar longe. Com ou sem enjôo.
Na vida podemos ser mais do que passageiros. Amelia Earhart
E no cinema, é preciso ser mais que mero espectador para apreciar esta, digamos, cinebiografia de Amelia Earhart (1897/1937), dirigida por Mira Nair? Parece que sim. Amelia, famosa nos EUA, mas (acredito) desconhecida nas terras tupiniquins, menos, é claro, pelos estudiosos da História da Aviação, foi a primeira a cruzar o Atlântico, como passageira, e depois pilotando um pequeno avião, em 1928. Era uma mulher independente, voluntariosa, determinada, para quem nem o céu era o limite. Mas, décadas depois do seu desaparecimento, o sonho desta aventureira, que buscava ser a primeira aviadora americana a dar a volta ao mundo, ganha as telas de cinema num filme enfadonho que (parece) não faz jus ao seu pioneirismo.
Amelia (Amelia - EUA, Canadá, 2009), a princípio, tem cara de ser um típico filme “de mulher pra mulher”, mas, fruto de um roteiro horroroso e direção equivocada, não tarda a causar sonolência. A promessa de exaltação ao feminismo vira uma nota de rodapé. Estrelado por Hilary Swank (Amelia), o filme, que tem cara de especial biográfico pra TV por assinatura, ao retratar o dinamismo de uma mulher apaixonada por aviões, não consegue alçar voo. A tentativa (confusa) de pontuar momentos da sua vida, entre 1928 e 1937, é realizada de forma tão branda e burocrática que a gente só vai saber o tipo de relação ela teve com George P. Putnam (Richard Gere), um magnata do mercado editorial, e com o empreendedor Gene Vidal (Ewan McGregor), quando o avião já está voando longe. São tantas as idas e vindas, num céu nem sempre de brigadeiro, entre risos e sorrisos, daqui e dacolá, que as suas aflições e tumultuados acordos publicitários parecem não ter passado de brincadeiras em nuvens de algodão doce.
Baseado nos livros East To The Dawn, de Susan Butler, que explora o caso secreto de Amelia Earhart com o aviador e empresário Gene Vidal, e The Sound of Wings, de Mary S. Lovell, focado na relação de Amelia com o marido e a publicidade, Nair se propôs a contar “uma história de amor e uma aventura de ação para toda a família, sobre uma jovem mulher que rompeu barreiras e teve muito a oferecer a inúmeras pessoas”. O difícil (pra não dizer impossível) é encontrar a história de amor, aventura e ação num filme que, de tão linear, num vôo em linha reta, chega a lugar nenhum. Excetuando a fantástica reconstituição de época e a rusticidade na bela fotografia de Stuart Dryburgh, não há o que destacar, já que Amelia, mesmo a bordo de um original Electra, não empolga e as personagens, com o seu indefectível sorriso amarelo, não criam qualquer empatia. É tudo muito pastel, exageradamente contido. O que é uma pena. Com um pouco de ousadia teríamos uma excelente realização. Um filme pra voar longe. Com ou sem enjôo.
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