quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Crítica: A Escolha Perfeita



Em Hollywood vira-se a câmera para todo e qualquer assunto que pareça cinematográfico. É claro que nem todo assunto resulta em um bom filme, por mais que force a barra. Se argumentos não faltam, o mesmo não pode ser dito dos roteiros pífios e diálogos ridículos. Mal que vem assolando também o cinema e a televisão brasileira com chulices.

Depois do bom e divertido Rock of Ages (2012), de Adam Shankman, com Tom Cruise, que não caiu no gosto popular, eis que nos chega A Escolha Perfeita, um outro bom e também divertido musical, cuja sinopse (e cartaz!) engana. Na verdade, A Escolha Perfeita não é assim exatamente um musical, mas um filme sobre a paixão de universitários (norte-americanos) pela música cantada a cappella (a capela), ou seja utilizando tão somente o divino dom (ou seria tom?) da voz.

A Escolha Perfeita (Pitch Perfect, EUA, 2012) é uma comédia leve (previsível desde o título) que aborda o universo de grupos musicais acústicos, formados por universitários estadunidenses, e as concorridas competições onde mostram todo o potencial da voz humana como um fascinante instrumento melódico. Recheado de velhas e novas canções pop, em deliciosos arranjos, o filme dirigido por Jason Moore, cujo público alvo é o adolescente e o jovem adulto, é uma versão suave do livro homônimo de Mickey Rapkin.


O roteiro de Kay Cannon acompanha a chegada de Beca (Anna Kendrick), aspirante a DJ em LA, na universidade e o seu envolvimento com o grupo vocal Bella, liderado pela intransigente Aubrey (Anna Camp), com franca colaboração da subserviente Chloe (Brittany Snow). O “famoso” grupo, depois do vexame da última apresentação, está sendo reestruturado e agrega meninas estranhas (deslocadas!), onde se destacam a “gorducha” Fat Amy (Rebel Wilson) e a suave e inaudível Lilly (Hanna Mae Lee), que roubam todas as cenas. Na subtrama, um relacionamento amoroso morno de Beca com o bom rapaz e bom cantor Jesse (Skylar Astin) e a rebeldia tardia (desajustamento social!?) da garota.

A Escolha Perfeita conta uma boa história (de superação e amadurecimento) com ironia e charme jovial, passando mais ou menos ao largo de dramas familiares e bullyng estudantil. Tem piadas para todo gosto (as politicamente incorretas sobre judeus estão entre as melhores). O casal de críticos, John (John Michael Higgins) e Gail (Elizabeth Banks), fazendo comentários ácidos sobre os conjuntos vocais são impagáveis..., lembra os dois velhos rabugentos de Os Muppets.


É um filme bacana e divertido na sua esquisitice. Porém, não fossem as “escorregadas” em (basicamente) três sequências de interferência escatológica (o público alvo deve gostar!) que quebram a harmonia da narrativa, feito uma voz desafinada atravessando uma boa canção, poderia ser muito melhor. O apêndice fétido que ataca o estômago sensível (às adversidades) de Aubrey e ou provoca uma briga (sem pé nem cabeça) entre duas gerações de cantores é mais uma daquelas gratuidades (rendosas?!) da qual Hollywood parece não querer abrir mão tão cedo.

Contratempos cômicos e dramáticos (ou referências: Glee, Fama) à parte, A Escolha Perfeita é uma produção com força musical para emocionar e contagiar o espectador. Tem um elenco competente e uma trilha razoável, que ganha muito com os arranjos a cappella. É um bom programa para fãs do gênero. Só pelos números musicais já vale uma olhadela.

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