domingo, 4 de julho de 2010

Crítica: Em Busca de Uma Nova Chance


Em Busca de Uma Nova Chance

Assistir ao cineterapia Em Busca de uma Nova Chance é ter a sensação de estar vendo uma mistura de dois grandes e premiadíssimos filmes do gênero: Gente Como a Gente (Ordinary People, EUA, 1980), de Robert Redford e O Quarto do Filho (La Stanza del Figlio, Itália, 2001), de Nani Moretti. A trama e o drama dos personagens são bem semelhantes. Ou seja, uma família de classe média que se desestrutura com a morte (num acidente) de um dos dois filhos do casal, o mais amado pela mãe, que não aceita tal perda e culpa o filho que “continua” vivo. A mãe perde o chão, o filho perde o rumo e o pai, que segura a estaca, vai acabar desabando junto com a casa. E então começa a (re)construção de uma nova e harmoniosa família, mais firme e forte que a anterior.

Previsível como a trilha sonora que ilustra cada ação dos personagens, feito um vídeoclip mal roteirizado, Em Busca de Uma Nova Chance (The Greatest, EUA, 2009), dirigido por Shana Feste, é uma típica cineterapia pós-morte não recomendada para quem passou por um trauma recente ou for cinediabético. Ele começa com um clipe musical literal, acompanhando as veladíssimas ações amorosas de um jovem casal, Bennett Brewer (Aaron Johnson) e Rose (Carey Mulligan), em um quarto, e segue com os jovens, num carro, por uma via arborizada, até o momento em que o garoto, estupidamente para no meio da estrada, dizendo ter algo importante para dizer à garota, que o aconselha a estacionar no acostamento. Bem, sabe como são impulsivos os jovens apaixonados, não estão nem aí pra segurança..., e antes que ele se dê conta: POW! CRASH!


Isso posto, a sessão terapêutica esta preparada: a mãe, Grace Brewer (Susan Sarandon), surta, não aceita a morte do filho, ignora o marido, Allen Brewer (Pierce Brosnan), a quem acusa constantemente de não sofrer (como ela) pelo filho morto, e não dá a menor atenção ao caçula, Ryan Brewer (Johnny Simmons), que, se sentindo ainda mais rejeitado, se entrega às drogas, É nesse clima pesado de histeria coletiva, quando a psicose de Grace cria um clima de estranheza entre todos, que aparece Rose, dizendo estar grávida de Bennett e não ter pra onde ir.

Não é preciso nenhuma bola de cristal pra saber o que vai acontecer. Rejeição ou redenção? Enquanto o espectador decide vai “apreciar” a obsessão de Grace atrás das últimas palavras do filho, ditas ao motorista que se envolveu no acidente; a busca de Ryan por ajuda através de terapia em grupo; a tentativa de Allen voltar à rotina de professor universitário. Isso tudo embalado por música incidental e acidental. Quanto a Rose, ela sabe quase nada sobre o pai do seu filho.

Triste, melancólico, pesado mesmo, no estilo “mar de lágrimas”, Em Busca de Uma Nova Chance tem um bom elenco que se entrega, com vontade, a um roteiro frágil e sem novidades. Tudo se dará como está escrito, ou se espera, ou se deseja. Apesar do clima trágico é um filme linear (ou seria regular?) onde tudo funciona conforme o “combinado”. E sem piadas escatológicas.

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