Predadores versus Predadores
Fãs dos personagens Alien (1979) e Predador (1987) sabem que o melhor de cada um está na individualidade. Essa coisa de intriga (entre os ETs) nasceu no mundo dos quadrinhos, onde ambos já se viram obrigados a trocar sopapos com heróis de plantão, além de protagonizar histórias solos. É incompreensível que tenham sido explorados e execrados por tantos anos sem recorrer, sequer, aos seus devidos sindicatos. Será que também as questões sindicais interplanetárias têm lá seus entraves? Todavia, para a alegria geral dos amantes dos monstrengos ácidos e invisíveis, com ou sem acordo trabalhista, parece que os abusos chegaram ao fim.
Com o lançamento de Predadores (Predators, EUA, 2010), depois das bobagens mix (AvsP-1 e 2), finalmente a natureza do Predador foi restaurada num filme que faz jus ao personagem alinígena que, quando esteve na Terra, em 1987 e 1990 (turismo de caça), só matava assassinos, traficantes, guerrilheiros..., e talvez por isso caiu no gosto do público. Lá se vão 23 anos, desde que o os frequentadores dos cinemas (principalmente de rua) conheceram o poderoso monstrengo sanguinário que tinha o poder da invisibilidade, uma cabeleira rastafári e impressionava (causando asco) pela forma como limpava e guardava os seus troféus. Ele continua grandalhão, cheio de novos truques, e o seu esporte favorito ainda é caçar assassinos iguais a ele. O que, convenhamos, é o que não falta por aqui. No entanto, desta vez, prefere lutar de igual para igual (ou mais ou menos isso), em um planeta neutro. Assim, sem que nem mais porque, os “melhores” mercenários do mundo são sequestrados (abduzidos?) em plena atividade criminosa nos EUA, México, Ásia, África, Rússia, Israel..., e literalmente lançados de pára-quedas num planeta feioso em algum lugar do Universo. O assassino que não morrer na queda pode não ter chance de continuar vivo, quando conseguir ficar em pé. É temporada de caça: Predadores versus Predadores, então, é pernas e balas pra que te quero.
Dirigido por Nimrod Antal, baseado num antigo roteiro de Robert Rodriguez, escrito em 1994 (para ser o Predador-3), atualizado por Alex Litvak e Michael Finch, apesar dos clichês de praxe, Predadores, é coerente com o primeiro filme e pode agradar os amantes do gênero ficção com pitadas de terror. Há um suspense interessante, que começa com os mercenários “caindo” do céu, feito moscas, numa floresta desconhecida e tentando se situar, desconfiando até da própria sombra, e vai quase até a metade do filme, quando a caçada insana realmente começa. Pode até lembrar a série Lost, mas o pesadelo ali é outro. Quem conhece o clássico O Predador (*) não vai se sentir um estranho no ninho inóspito, mas quem (por alguma razão) nunca ouviu falar dele, durante o filme vai saber o que aconteceu em 1987.
Predadores é um bom thriller multirracial e traz um elenco competente: Adrien Brody é Royce, um mercenário, Laurence Fishburne é Noland, um enlouquecido sobrevivente de três temporadas de caça, Topher Grace é Edwin, um misterioso médico, Alice Braga é Isabelle, uma atiradora de elite do exército israelense, Walton Goggins é Stan, um serial killer, Danny Trejo é Cuchillo, líder de uma quadrilha de drogas, Oleg Taktatov é Nicolai, um soldado das Forças Especiais da Rússia, Mahershalalhashbaz Ali é Mombasa, um soldado africano, Louis Ozawa Changchien é Hanzo, um matador da Yakuza. O filme não é nenhuma obra-prima do cinema de ação e suspense, porém, cumpre bem o papel de divertir, muito além da pipoca, já que a história é bem conduzida e o medo que o (novo) espectador pode sentir não vem de um irritante “susto musical”, mas do clima da narrativa (que remete à primeira versão). Ele é bem produzido e, não fosse o previsível final (ainda mais em aberto), que embaça um pouco os bons momentos de pavor do filme, o céu de mercenários poderia dar um desfecho muito mais interessante.
(*) O Predador (Predador, EUA, 1987), direção de John McTiernan, com Arnold Schwarzenegger (Major Alan "Dutch" Schaeffer). Predador 2 (Predador-2, EUA, 1990), direção de Stephen Hopkins, com Danny Glover (Mike Harrigan). O roteiro de ambos foi escrito por Jim Thomas e John Thomas.
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