por Joba
Tridente
Em 1997, uma das grandes sensações cinematográficas foi o excelente filme Ou Tudo ou Nada, do diretor britânico Peter Cattaneo. De lá pra cá o cineasta não parou (Um Golpe de Sorte, 2001; Opal Dream, 2006; O Roqueiro, 2008; e vários filmes e séries para TV), mas suas obras posteriores não causaram o mesmo impacto. Agora, driblando a pandemia, Cattaneo está de volta às telonas (em alguns cinemas) com o melodrama Unidas pela Esperança (título brasileiro horroroso, piegas, para o original Military Wives (Esposas de Militares) ou para o bem mais simpático e internacional The Singing Club.
Com roteiro morno, escrito
por Rachel Tunnard e Rosanne Flynn, a trama fictícia dirigida por Cattaneo (no
automático) é pautada pela previsibilidade e adornada com lacinhos cor de rosa
e lacinhos vermelho pujante. Após um breve prólogo..., com a
apresentação nada sutil de três personagens chaves (cujo desenvolvimento de
relação e destino você já deduz no primeiro “olá!”) e da preparação e partida
de uma guarnição da Base Militar de Flitcroft (Yorkshire), para uma missão no
Afeganistão..., passamos a acompanhar uma reunião das “esposas-bibelôs” dos
militares em busca de alguma atividade de lazer, para que, além dos cuidados
com os filhos, não fiquem pegando pó em suas casas, ali na base. Quando tudo
indica que, na falta de inspiração, a alternativa delas é se entreterem em algum
tipo de Clube Ocupacional (de Leitura, de Café da Manhã, de Filmes e Vinhos, de
Tricô)..., acabam optando pela sugestão da recém-casada Sarah (Amy
James-Kelly): a criação de um coral.
Enfim, com seu enredo simplório, onde não faltam clichês clássicos e algumas insinuações de suspense, Unidas pela Esperança não chega a reservar surpresas ao público espectador. O fio condutor não encontra embaraço que não possa ser desfeito e tampouco alguma nota (além do previsível) que não destoe e reencontre o tom no diapasão. É um filme simpático, que se quer para cima, em busca do bem-estar e da alegria sem temores, que nos dias de hoje andam pelo fio da navalha. Ainda que abra algumas janelas para a tristeza, já que a vida numa base militar e ou front vai muito além do faz-de-conta, abre muito mais portas para a resiliência. Pode carecer de humor, do riso espontâneo, mas com sua mensagem edificante, há de tocar o coração do público carente de um afago.
Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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