Godzilla
II: Rei dos Monstros
por Joba Tridente
Estava pensando nas minhas considerações ao novo
velho Godzilla, que está de volta às
salas de cinema, quando decidi dar uma olhada no que escrevi, lá nos idos de
2014, sobre o Godzilla, de Gareth Edwards. Para
minha “surpresa”, se eu fizesse um Ctrl+C
lá e um Ctrl+V cá, ganharia tempo, já
que não há muito a acrescentar.
Ou seja, lá: Que Godzilla
é um simpático lagartão da mitologia japonesa que ganhou notoriedade com o
filme japonês Godzilla, de 1954, exorcizando
na telona os horrores da 2ª Guerra Mundial, como o ataque atômico (de 1945) a
Hiroshima e Nagasaki. Que ele vem resistindo ao tempo, ganhando releituras
(animações, hqs) inclusive (é claro!) norte-americanas, como a do Godzilla (1998) de Roland Emmerich, com
a pegada de humor (trash) tradicional
de seus filmes-catástrofes. Que o sessentão Godzilla
voltou a dar o ar da graça e da força na versão cinematográfica de Gareth
Edwards (Monstros), que variava pouco
no despertar e nas ações intempestivas do Rei
dos Monstros, ao enfrentar o casal de MUTOs.
Que o brutamontes tinha ressurgido das profundas (em 1999) por conta de abalos
sísmicos, testes nucleares, radioatividade, estupidez humana, arrogância,
prepotência etc. Que o roteiro era simplório e a trama até redondinha, na
medida para crianças e adolescentes: família (quase) feliz, pai ausente,
cientistas em conflito, tragédia, autoritarismo, medidas idiotas, atos
“heroicos”. Que havia nada que não tivesse sido visto em trocentos filmes do
gênero catástrofe, principalmente quando ela (a catástrofe!) é desencadeada pela
ação alucinada dos militares (norte-americanos) ao serem convocados (sempre!)
para “resolver” um problema (alheio).
E seja, cá: Passados cinco anos, um “novo” Godzilla vem dar a cara a tapas em Godzilla II: Rei dos Monstros (Godzilla: King of the Monsters, 2019),
dirigido por Michael Dougherty (Krampus: O Terror do Natal), que dividiu
o “roteiro” com Zach Shields. O panorama é o
mesmo para o “novo” melodrama-catástrofe de ação mirabolante que começa ali
onde o anterior acabou: enquanto o protagonista de 2014 reencontra a mulher e o
filho, que poderiam estar perdidos em meio às ruínas de São Francisco, os
protagonistas de 2019 (pai e mãe) choram o desaparecimento de um filho. Fato
que desestrutura (?) a família formada pelos cientistas abnegados e
traumatizados com sua perda: Dr. Mark
Russell (Kyle Chandler), Dra. Emma
Russell (Vera Farmiga) e a filha
superdotada Madison Russell (Millie Bobby Brown). Unidos no
sofrimento, nas cenas iniciais, e divorciados, nas cenas seguintes, o biólogo Mark, que já trabalhou na Monarch, vai para o mato estudar o
comportamento dos lobos, enquanto a paleobióloga Emma, que ainda trabalha na Monarch,
vive na cidade com sua inteligente e sensível filha Madison..., a única que se comunica com Mark. Antes de se separar, o casal criou a ORCA, uma máquina bioacústica
que permite a comunicação com os animais pré-históricos e até mesmo o seu controle.
É preciso dizer o que vai acontecer com a inflexível cientista e sua filha, quando
inescrupulosos especuladores de DNA de Monstros
Titânicos se interessarem pela máquina e...? É claro que não!
Se você já assistiu a algum Parque dos Dinossauros, sabe que experiências científicas com
espécies desconhecidas podem sair de controle (e sempre saem, porque é clichê!)
e aí é a hora de chamar um “salvador da pátria”, (sempre!) relutante até saber
que a sua família (ou ex) está correndo perigo... Já que tragédia sem família
(em primeiro lugar!) não é tragédia, é acidente, vamos quicando aqui e acolá
numa história estapafúrdia até o desfecho previsível e lagrimejante. Mas, aí, se
prestar a mínima atenção em quem é quem, no começo do imbróglio, seguirá a trilha
de atritos familiares (oh!) e bate-boca entre os “profissionais” da ciência e
militares (de novo?) só para confirmar o seu palpite (?) de quem (humano) apertará o
botão que porá fim ao espalhafato e quem (humano) recolherá os restos...
Godzilla II
é um filme carente (mesmo!!!) de argumento e de roteiro que enxerguem além da fórmula
papai, mamãe e filhinhos traumatizados e monstros defendendo território e reinado.
Há pouca novidade, nesta versão um tanto acéfala, além da lenga-lenga dos
humanos destroçados Mark, Emma e Madison e da presença dos Titãs
Mothra, Rodan, Ghidorah e Godzilla, em batalha mortal por território e reinado. Como é uma continuação, estão
de volta à cena de conflitos, além de militares norte-americanos enlouquecidos e (sempre!) à
beira de um ataque de nervos, os cientistas
Ishiro Serizawa (Ken Watanabe),
um dos fundadores da Monarch, e a paleozoologista
Vivienne Graham (Sally Hawkins). Todos os personagens, “vilões” ou “mocinhos”,
quando não estão se matando e ou ressuscitando algum Titã, pra depois tentar explodi-lo com artefatos nucleares, estão “discutindo”
um projeto thanosiano de reequilíbrio
da vida na Terra. Se em Vingadores, o
“vilão” Thanos trama restabelecer o
equilíbrio no universo, exterminando meio mundo, para justificar que os
sobreviventes tenham uma vida digna e sem misérias..., por aqui, os cientistas
andam com algumas ideias estranhas (que não vou contar!) para curar o nosso
maltratado planeta, a cada dia mais e mais povoado e depredado e poluído...
Enfim, considerando a criatividade quase zero; roteiro
em busca de roteirista; diálogos sofríveis; personagens rasos e ou sem nenhum
carisma; personagens que não se sabe a que vieram e ou que desaparecem sem
saber o porquê; direção claudicante; furos imperdoáveis; sequências estúpidas e
de violência totalmente desnecessária; situações repetidas do filme anterior; linearidade
previsível; trilha sonora na maior parte insuportável; atos altruístas e atos heroicos
piegas; CGI de qualidade e ótimas cenas de ação entre os Titãs..., o dramalhão Godzilla II: Rei
dos Monstros, ainda que sem nenhuma pitada de humor, deve agradar ao público juvenil, ocupado mais com a ação
vertiginosa do que com o conteúdo, e aos espectadores adultos sem maiores expectativas
que não as de um passatempo descompromissado. Um bom escapismo a todos e a
todas!
*Joba Tridente: O
primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros
vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em
35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e
coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder,
2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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