quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Crítica: O Mistério do Relógio na Parede


O Mistério do Relógio na Parede
por Joba Tridente

Passada a febre do genial Harry Potter, cuja magia deixou saudade em muito leitor e espectador, os grandes estúdios (inclusive de animação) vêm tentando (em vão) emplacar algum novo personagem (ou personagens) com carisma suficiente para gerar rendosas franquias. Mas não está fácil. A mais recente promessa a chegar aos cinemas é a fantasia infantil O Mistério do Relógio na Parede (The House with a Clock in Its Walls, 2018), dirigido por Eli Roth.


O Mistério do Relógio na Parede segue os passos do garoto Lewis Barnavelt (Owen Vaccaro), que acabou de perder os pais e vai viver com o excêntrico Tio Jonathan (Jack Black), em uma estranha mansão na fictícia New Zebedee, nos EUA dos anos 1950. Lewis é um menino de 10 anos, introvertido, carente de afetos e de amigos, que aos poucos descobre que o Tio Jonathan e sua melhor amiga, Sra. Zimmerman (Cate Blanchett), são feiticeiros e ele poderá se tornar um aprendiz de magia. Se obedecer algumas regras poderá até ajudar a decifrar os tique-taques do misterioso relógio oculto em algum lugar da velha casa cheia de segredos e surpresas. Mas sabe como são as crianças carentes e curiosas..., um vacilo amigável pode botar tudo a perder. Ao menos é o que o mago Isaac Izard (Kyle Maclachlan), com sua visão “distorcida” da humanidade, espera que aconteça. Todavia da magia de teatro ou de casarão, no entanto, para todo ataque maligno há sempre um contra-ataque benigno. Desde que você saiba quem e ou o quê atacar, obviamente...


O roteiro rasteiro (e sem novidades no gênero) de Eric Kripke tem por base o primeiro volume de uma série juvenil (de 12 livros) escrita por John Bellairs (1938-1991), em 1973, e que já foi adaptado para a televisão em 1979. A sua trama de aventura e magia (bem) infantil (mesmo) tem um ritmo (digamos) médio..., mas com ação (meio pastelão) suficiente para entreter mais que aborrecer o seu público alvo (meninos de 7 a 10 anos) com objetos animados, piadas escatológicas e efeitos especiais bacaninhas. Já os acompanhantes adultos, creio, vão dar (???) um ou outro sorrisinho amarelo e, talvez (!!!) achar tudo meio claudicante..., feito um relógio precisando de corda ou de reparos. Como, por exemplo, o discurso moralista ridículo e antiquado do “vilão” (com boas intenções, mas metodologia errada) para erradicar o mal da Terra.


Previsível em grande parte de sua narrativa, possivelmente, por ser tratar de um filme extremamente infantil, o inócuo O Mistério do Relógio na Parede não apresenta uma sequência memorável ou um diálogo qualquer que se destaque. Seus personagens são rasos e a “solução” dos mistérios é pífia. Ainda que a história original tenha sido escrita 24 anos antes que a de Harry Potter, é impossível assistir a cada ação de magia, feitiçaria ou bruxedo sem se lembrar da popular franquia cinematográfica inglesa que tocou espectadores de todas as idades. Ou da deliciosa animação ParaNorman (2012)..., além de um punhado de fracassos que é preferível esquecer bem esquecido...


Enfim, considerando o suspense leve (sem sustos e a quase total ausência sangue humano); vendo que a (batida) questão escolar (adaptação e bullying) é colocada de forma apressada; notando que o roteiro é frouxo, o “humor” é insosso (para o espectador adulto) e a direção é hesitante; lembrando que o elenco é muito bom, mas não rende, já que seus personagens caricatos não convencem; acreditando que este deve ser o primeiro de uma provável franquia (dependendo da bilheteria) e que, portanto, se ocupa mais em apresentar (que aprofundar) os personagens (rasos); ciente de que O Mistério do Relógio na Parede é um filme (muito) infantil, na minha visão de (muito) adulto, acredito que deva encontrar e fazer a felicidade (tão somente) de um público jovem nada exigente e que sequer sabe quem é Harry Potter...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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