sexta-feira, 15 de julho de 2011

Crítica: Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2



Após 10 anos a fantástica saga cinematográfica de Harry Potter chega ao fim, deixando saudade, fãs inconsoláveis e produtores felicíssimos com os lucros. Quem (ainda criança) acompanhou a grande aventura do jovem e inexperiente bruxo e viu o menino Daniel Radcliffe dar vida a Harry Potter, iniciando a mais popular e rendosa franquia do cinema, nem se apercebeu que hoje, o personagem e ator, são homens feitos, pois cresceu com eles. Harry Potter é um marco divisor na mídia literária infanto-juvenil e cinematográfica. Com certeza, assistir a todos os filmes de uma vez, agora, não terá o mesmo sabor que teve ao se esperar um ou dois anos por um novo capítulo.

E pensar que tudo começou com Harry Potter e a Pedra Filosofal, da inspirada série criada pela escritora J. K. Rowling que, recusada por oito editoras inglesas e publicada pela Blomsbury, em 1997, já vendeu por volta de 500 milhões de exemplares em todo o mundo. Até mesmo o primeiro filme (antes de ser rodado) chegou a ser menosprezado por diretores de renome, mais interessados em americanizar a obra britânica. Acredite, se o fenômeno cinematográfico fosse alemão, francês, japonês, espanhol, com certeza ele seria todo refilmado para entendimento do povo americano que odeia legenda (e sucesso alheio).


O primeiro filme da franquia, que introduzia os leitores e leigos (trouxas) no mundo mágico de Harry Potter, estreou em 2001, dirigido por Chris Columbus, dividiu a crítica e empolgou o público num dos mais espetaculares lançamentos de todos os tempos. Mas isso tudo são águas e brumas passadas. De filme a filme e diretor a diretor a franquia foi engatando e melhorando a cada produção. As narrativas foram acompanhando o crescimento e o desenvolvimento dos personagens na Escola de Bruxaria e Feitiçaria de Hogwarts, ficando cada vez mais densas, dramáticas, melancólicas, chegando às raias do pavor em Harry Potter e o Cálice de Fogo (o meu favorito), dirigido por Mike Newell, e ganhando novo ritmo, até culminar no excelente Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2.

Esta derradeira aventura de Harry Potter (Daniel Radcliffe), Hermione Granger (Emma Watson) e Ron Weasley (Rupert Grint) termina onde praticamente tudo começou, sob os pilares de Hogwarts. O tempo da inocência, das brincadeiras e descobertas acabou. Agora, para continuar vivo, é preciso aguçar os sentidos, confiar nos amigos e apostar no poder da “varinha”, que liberta mas também aprisiona o corpo e a alma. É a hora do acerto de contas entre Potter e Lorde Voldemort (Ralph Fiennes), do embate marcado quando Harry era um bebê e nem sonhava viver uma vida tão atribulada e muito menos se “oferecer em sacrifício”. É hora de saber se é possível desconstruir o desalmado Lorde Voldemort. É hora também de descobrir toda a verdade sobre o introspectivo Severus Snape (Alan Rickman) e entender porque a situação no mundo dos bruxos e magos (e principalmente de Harry Potter) chegou a tal ponto. Ao fim de uma batalha de tamanha proporção, se lamenta os mortos, antes de saudar os vivos. O dever foi cumprido lá e cá!


Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part II, 2011), dirigido por David Yates, é uma grande celebração para coroar uma história baseada no amor, na confiança, na fé, na amizade de personagens que, por mais que parecessem diferentes, extravagantes (para enfrentar o mau), ainda assim eram humanos, com as suas fraquezas de trouxas. O filme faz o espectador se mexer na cadeira, durante as fantásticas sequências de batalhas, se emocionar (e até chorar) com as decisões que Harry, e mesmo rir, em alguns raros momentos. Em geral sou alheio a trilhas sonoras. A prova de que, na maioria das vezes é dispensável, está numa cena emblemática em que Potter está sozinho, sentado numa escada, em meio a destroços, pensando no que deve fazer. Não há música piegas e muito menos incidental. Há apenas solidão, tristeza e uma dor infinita, jamais vista antes em qualquer filme da série. É de cortar o coração! Ela não teria a força que tem se fosse embalada por uma baba qualquer.

As Relíquias da Morte fecha as cortinas da franquia com classe e qualidade. Há uma entrega impressionante de todo o elenco ao olhar habilidoso de Yates, que ainda saúda os grandes atores que passaram pela saga. A narrativa bem amarrada pelo roteirista Steve Kloves (com direito a resumo da série), fotografia, arte e efeitos especiais fazem o espetáculo valer o ingresso. Harry Potter, na literatura ou no cinema, já é história. Agora é esperar para ver o que virá.

Um comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...