Para ficar no básico e evitar polêmicas, dependendo
do nível de informação e ou de submissão religiosa de quem o vê e, na
ignorância, o julga, um paranormal não passa de um sujeito esquisito ligado a
coisas estranhas (desconhecidas da ciência e ou da religião), deste e ou de
outro mundo, e que também tem o dom de falar com mortos. Um tipo assim como o
adorável Norman, protagonista da
sublime animação ParaNorman, dos geniais
diretores britânicos Sam Fell e Chris Butler.
A excelência de ParaNorman começa no título-trocadilho com paranormal, que
felizmente foi mantido intacto por aqui. É um divertido thriller macabro que
acompanha alguns dias na vida do solitário Norman,
um gentil garoto de 11 anos que, por ter o dom de ver e conversar com os mortos,
é tratado como uma aberração (freak) que
envergonha sua família, intimida seus vizinhos e afasta seus colegas de escola.
A hostilidade dos moradores da turística Blithe Hollow, na Nova Inglaterra,
acaba aproximando ele e o simpático Neil,
um menino gordinho que também sofre com os bullies
e reage à violência do valentão cabeça de bagre Alvin, certo de que "...o
bullying, é parte da natureza humana."
Para piorar as coisas, o excêntrico Sr. Prenderghast
confia a Norman um segredo e a missão
de realizar um ritual que protegerá a cidade da fúria vingativa da bruxa Aggie, morta há 300 anos. Mas o garoto perde
o controle e, além da bruxa, sete zumbis saem dos seus túmulos, “clamando” por
justiça. O pequeno Norman faz o que
pode para contornar a situação, mas mesmo contando com a “ajuda” da sua aborrescente
irmã Courtney, de Mitch, o irmão imbecil de Neil, e do descerebrado Alvin, não consegue conter o “ataque” dos
“apavorantes” mortos-vivos que rumam para Blithe Hollow. Aí, pernas pra que te
quero! Esta é uma história cheia de reviravoltas e se falar algo mais, estraga
as surpresas e a pegadinha final!
ParaNorman, sem qualquer
traço de pieguice, maniqueísmo e, melhor, sem lição de moral religiosa ou coisa
que o valha (ou não!), instiga o espectador (de qualquer idade) a rever os seus
próprios conceitos de (para)normalidade. O diferente pode não ser o outro! O seu
roteiro é criativo e eficiente ao tratar assuntos “tabus” (paranormalidade e
vida pós-morte) de forma original, divertida, com a medida exata de suspense, e
sem subestimar a inteligência de nenhum espectador. Os personagens são muito expressivos,
reais, cativantes.
A fascinante animação em stop motion, construída com “massinha” (especial) apresenta a mesma
qualidade do recente e irretocável Piratas
Pirados, e excelente resultado em 3D. É uma joia rara no mesmo quilate
de Coraline ou A Noiva Cadáver..., e um tributo aos thrillers clássicos de terror e de zumbi (norte-americanos e
italianos) dos anos 1980. A garotada acima dos 10 ou 12 anos e seus familiares
(ou acompanhantes) mais velhos vão se “arrepiar”, rir e se emocionar com as
confusões dos vivos e dos mortos-vivos tirando as suas diferenças..., que são
muito mais parecidas do que se imagina. Ah, depois de assistir ao filme se
delicie com o surpreendente making
of.
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