Sing - Quem Canta Seus Males Espanta
por Joba
Tridente
Está chegado às salas de cinema mais
uma deliciosa, cantante e dançante animação: Sing - Quem Canta Seus Males Espanta, produzida pela Illumination (O
Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida, Meu
Malvado Favorito, Minions,
Pets
- A Vida Secreta dos Bichos)..., tomara que ao menos ela consiga
levantar o astral dos espectadores sobreviventes deste nefasto ano de 2016.
Sing - Quem Canta Seus Males Espanta (Sing,
2016), escrita e dirigida por Garth
Jennings, acompanha o dia a dia do incansável produtor teatral Buster Moon (Matthew McConaughey), um coala apaixonado pelo palco e que, mesmo amargando
prejuízo com os últimos espetáculos, acredita que o seu teatro pode voltar a
ser a grande sensação da cidade onde convivem diferentes espécies animais. Para
tanto, num momento de “ou tudo ou nada” (pois quando se está no fundo do poço o
único caminho é para cima), ele junta seus parquíssimos recursos e cria um Programa de Calouros.
Muitos pretendentes à fama de
cantor(a) vêm pelo prêmio, mas outros querem mesmo é soltar a bela voz. Da
multidão de excelentes candidatos, Moon
e a sua assistente Senhorita Crawly, uma lagarta camaleão muito idosa,
selecionam o impagável Gunter (Nick Kroll), um simpaticíssimo porco cantor
e dançarino literalmente brilhante; o jazzista ególatra Mike (Seth MacFarlane),
um rato branco malandro; Rosita (Reese Whiterspoon), uma porca engenhosa,
mãe de 25 leitões, que não abre mão da oportunidade; o adorável Johnny (Taron Egerton), um jovem gorila que vai ter de escolher entre os
negócios ilegais da família e o seu sonho; a rebelde Ash (Scarlett Johansson)
uma porco-espinho punk-rock buscando reconhecimento; a adolescente Meena (Tori Kelly), uma elefanta com bela voz, mas tímida demais...
Após o prólogo vertiginoso, com um impressionante
“movimento de câmara” destacando recortes, enquadramentos, planos-sequência, Sing entra no ritmo tradicional (mas
não menos ousado) das hollywoodianas histórias musicadas..., entremeando, sem nenhum
exagero (apenas o essencial!), pitadas de romance, aventura, ação e drama, na
descrição singular e distinta de cada personagem. Numa trama envolvente, em que
todos os carismáticos protagonistas têm luz própria, há que saber dosar a
energia, para não queimar o filme de nenhum deles.
Sing - Quem Canta Seus Males Espanta tem um roteiro básico e na medida da diversão para
todas as idades. É deliciosamente leve, sem ser raso. É bem-humorado, sem
precisar se sujeitar à escatologia. As gags
são ótimas (a sequência de Moon no lava-carros
é sensacional). Na verdade, todos os personagens (até os coadjuvantes!) têm os
seus “15 minutos” arrebatadores (alguns, infelizmente, já vistos nos trailers).
A trama criativa (cheia de boas
reviravoltas) não força nenhuma mensagem edificante piegas e ou lição de moral
conservadora, mas, subliminarmente, dá uns bons toques sobre perseverança e
triunfo na carreira (principalmente) artística e deixa espaço para se refletir
sobre a rotina das donas de casa; a desestruturação familiar; o mercado de trabalho
burocrático e ou artístico para o sexo feminino; a valorização do artista de
rua (acredite, já vi artista reagindo da mesma forma que Mike, por conta de alguns trocados)...
Enfim, Sing, codirigido por Christophe Lourdelet, é mais uma boa surpresa
neste 2016 de belas animações, como Kung Fu Panda 3; Pets - A Vida Secreta dos Bichos; Cegonhas - A História Que Não Te Contaram;
o erótico Festa da Salsicha; Trolls; a obra-prima Kubo e as Cordas Mágicas, o magnífico
A Tartaruga Vermelha. Sob direção tão
cuidadosa, falar da qualidade técnica é redundância. Os personagens, além de
graciosos, têm grande personalidade e uma vida crível. O cenário é bacana, o
figurino é perfeito e as canções variadas (cerca de oitenta) para satisfazer a
todo público (pop, rock, rap, punk, clássico) dão ritmo e arredondam
maravilhosamente a já colorida narrativa.
A cópia que deve chegar aos cinemas
brasileiros é a que traz (apenas) os diálogos “dublados” por “celebridades” e
as canções (no original inglês americano) sem legenda. O que é uma pena, já que
algumas composições têm a ver com a história dos intérpretes (se conseguir, se
segure ao ouvir a clássica My Way, numa
apresentação arrebatadora de Mike/Seth
MacFarlane). Quanto à “dublagem”, a pior (e a voz mais reconhecível) é a da
cantora Sandy. Toda via melodiosa, no entanto, se gosta dos gêneros animação e
musical, não se deixa levar por esses detalhes (pecaminosos!) da dublagem e da
falta de legenda.
Sing - Quem Canta Seus Males Espanta é um espetáculo emocionante e grande na sua
inocência. Mesmo que seu enredo não dure muito na sua memória, após a sessão (o
que eu duvido!), vale cada minuto da sua exibição.
Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de
idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo),
em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista
e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário