terça-feira, 5 de julho de 2016

Crítica: A Era do Gelo: O Big Bang


A Era do Gelo: O Big Bang
por Joba Tridente

Quando estreou nos cinemas, lá nos idos de 2002, não se imaginava que a animação A Era do Gelo, envolvendo homens e animais pré-históricos, dirigida com competência pelo brasileiro Carlos Saldanha, chegaria tão longe. Nos anos seguintes, de Era em Era a trama (sempre) itinerante foi ganhando novos personagens (os humanos jamais retornaram, nem como pontas), exagerando na antropomorfização (ridícula e incômoda em A Era do Gelo 4) da vasta fauna protagonista e coadjuvante e perdendo a principal característica do estrondoso sucesso do fascinante primeiro filme: o nonsense!


A Era do Gelo: O Big Bang (Ice Age: Collision Course, 2016)..., que ao contrário do título brasileiro tem a ver é com a “formação” da Via Láctea e não com a “formação” do Universo..., nos traz novamente o adorável esquilo Scrat e sua Noz involuntariamente provocando mais uma catástrofe e levando pânico à bicharada descolada nos primórdios do Planeta Terra. Agora, na caça à sua indomável Noz, o esquilo Scrat encontra por acaso o OVNI congelado do primeiro filme (2002) e acaba literalmente lançado para o espaço, onde a aeronave descontrolada e a sua inabilidade como “piloto” acabam gerando o caos no Céu e na Terra. Enquanto lá em cima ele se ocupa com a sua Noz, aqui embaixo Manny e sua turma, sob orientação da esperta doninha Buck, se preocupam com um gigantesco e ameaçador meteoro em rota de colisão com o planeta.


O argumento de A Era do Gelo: O Big Bang, dirigido por Mike Thurmeier e Galen T. Chu, nem é dos piores, a “chateação” fica por conta das muitas subtramas, com seus diálogos sofríveis e situações já vistas do roteiro, como nas relações familiares (Manny e Elle versus Amora e o namorado Julian) e ou nas relações sentimentais (Sid ainda “caçando” uma companheira). A humanização dos animais pré-históricos, ainda mais excessiva que no A Era do Gelo 4, é um problema sério. A tentativa absurda de ironizar (ou espelhar) os avanços e aprisionamentos do homem aos modismos e às novas tecnologias do Século XXI chega a ser constrangedora...., principalmente porque é recheada de gags que não funcionam. Não custa lembrar que, apesar destes animais agirem como seres humanos do futuro (com todas as suas idiossincrasias), em nenhum momento das cinco narrativas o tom de A Era do Gelo é o da fábula (com o preceito moral).


Enfim, para a felicidade da garotada (o público preferencial), a narrativa dupla (do Scrat no Céu e do Manny na Terra) segue a divertida cartilha da ação e aventura desenfreadas..., mas, para o espectador mais velho, o humor parece ter sido esquecido em alguma Era. Tá bom, tem o humor pastelão do rouba cena Scrat (em seu engraçado filme paralelo), mas não me parece o suficiente. A verdade (para mim!) é que, excetuando os bichos da vez, que chegam para engordar a trama (e aumentar o elenco), como a preguiça Francine e o mestre yoga Shangri Lhama, da Cristalina Geotopia, em clara referência ao misticismo das comunidades hippies (moda nos anos 1960/1970) e à Shangri-la, do filme Horizonte Perdido (de Frank Capra, em 1937, e de Charles Jarrott, em 1973)..., não há muita novidade.


Assim, considerando a irretocável eficiência técnica e seu 3D espetacular; a beleza cenográfica e o desenho encantador dos personagens; que a animação é direcionada mais ao espectador jovem (que não sei se entenderá algumas referências e situações) que ao espectador adulto (que deve achar algumas sequências entediantes), se é fã da franquia, siga o seu desejo ou instinto tendo em mente que, na hora das sequências chatas, há sempre uma chance de o Scrat aparecer e salvar a fita, digo, o filme, ou melhor, o desenho animado...

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