A Era do Gelo: O Big
Bang
por Joba Tridente
Quando
estreou nos cinemas, lá nos idos de 2002, não se imaginava que a animação A Era do Gelo, envolvendo homens e
animais pré-históricos, dirigida com competência pelo brasileiro Carlos
Saldanha, chegaria tão longe. Nos anos seguintes, de Era em Era a trama
(sempre) itinerante foi ganhando novos personagens (os humanos jamais retornaram,
nem como pontas), exagerando na antropomorfização (ridícula e incômoda em A
Era do Gelo 4) da vasta fauna protagonista e coadjuvante e perdendo a
principal característica do estrondoso sucesso do fascinante primeiro filme: o
nonsense!
A Era do Gelo: O Big Bang (Ice
Age: Collision Course,
2016)..., que ao contrário do título brasileiro tem a ver é com a “formação” da
Via Láctea e não com a “formação” do Universo..., nos traz novamente o adorável
esquilo Scrat e sua Noz involuntariamente provocando mais
uma catástrofe e levando pânico à bicharada descolada nos primórdios do Planeta
Terra. Agora, na caça à sua indomável Noz,
o esquilo Scrat encontra por acaso o OVNI congelado do primeiro filme (2002)
e acaba literalmente lançado para o espaço, onde a aeronave descontrolada e a
sua inabilidade como “piloto” acabam gerando o caos no Céu e na Terra. Enquanto
lá em cima ele se ocupa com a sua Noz,
aqui embaixo Manny e sua turma, sob
orientação da esperta doninha Buck, se
preocupam com um gigantesco e ameaçador meteoro em rota de colisão com o
planeta.
O argumento de A Era do Gelo: O Big Bang, dirigido por Mike
Thurmeier e Galen T. Chu, nem é
dos piores, a “chateação” fica por conta das muitas subtramas, com seus
diálogos sofríveis e situações já vistas do roteiro, como nas relações
familiares (Manny e Elle versus Amora e o namorado Julian)
e ou nas relações sentimentais (Sid ainda
“caçando” uma companheira). A humanização dos animais pré-históricos, ainda
mais excessiva que no A
Era do Gelo 4, é um problema sério. A tentativa absurda de ironizar (ou
espelhar) os avanços e aprisionamentos do homem aos modismos e às novas
tecnologias do Século XXI chega a ser constrangedora...., principalmente porque
é recheada de gags que não funcionam.
Não custa lembrar que, apesar destes animais agirem como seres humanos do
futuro (com todas as suas idiossincrasias), em nenhum momento das cinco
narrativas o tom de A Era do Gelo é
o da fábula (com o preceito moral).
Enfim, para
a felicidade da garotada (o público preferencial), a narrativa dupla (do Scrat no Céu e do Manny na Terra) segue a divertida cartilha da ação e aventura desenfreadas...,
mas, para o espectador mais velho, o humor parece ter sido esquecido em alguma
Era. Tá bom, tem o humor pastelão do rouba cena Scrat (em seu engraçado filme paralelo), mas não me parece o
suficiente. A verdade (para mim!) é que, excetuando os bichos da vez, que
chegam para engordar a trama (e aumentar o elenco), como a preguiça Francine e o mestre yoga Shangri Lhama, da Cristalina Geotopia, em clara referência ao misticismo das comunidades hippies (moda nos anos
1960/1970) e à Shangri-la, do filme Horizonte Perdido (de Frank Capra, em
1937, e de Charles Jarrott, em 1973)..., não há muita novidade.
Assim,
considerando a irretocável eficiência técnica e seu 3D espetacular; a beleza
cenográfica e o desenho encantador dos personagens; que a animação é
direcionada mais ao espectador jovem (que não sei se entenderá algumas
referências e situações) que ao espectador adulto (que deve achar algumas
sequências entediantes), se é fã da franquia, siga o seu desejo ou instinto tendo
em mente que, na hora das sequências chatas, há sempre uma chance de o Scrat aparecer e salvar a fita, digo, o
filme, ou melhor, o desenho animado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário