Sempre que penso no efeito “dia da marmota”, lembro de um divertido episódio (Mystery Spot ) da série Sobrenatural (que vi apenas uma meia
dúzia de capítulos) em que os irmãos Sam
e Dean (re)vivem o vicioso dia. No
cinema recente lembro de Contra
o Tempo (2011), de Duncan Jones.
Em No
Limite do Amanhã, o incansável Tom
Cruise é o tenente-coronel Bill Cage,
um acovardado militar de mídia, um relações públicas que suborna qualquer um
para não pegar em armas (tem horror a sangue) e ou se safar da rotina pesada
dos quarteis. Presunçoso, com a arrogância típica do norte-americano, em uma
viagem de negócios à Londres, acaba trocando os pés pelas mãos, diante do General Brigham (Brendan Gleeson) e, para o seu desespero, vai parar no QG europeu
que prepara soldados para a batalha (praticamente perdida) contra aliens
assustadoramente vorazes. Em seu primeiro dia de guerra ele morre e acorda
exatamente na hora em que começa o seu pior pesadelo e torna a morrer e a acordar
no mesmo instante anterior e a morrer e a aprender sobre a praga inimiga e
sobre si mesmo e a morrer e a acordar..., até se sentir capaz de empreender, ao
lado da exterminadora
de aliens Rita Vratasky (Emily Blunt), o Angel of Verdun, uma alucinante caçada
ao Ômega, alien comandante da invasão
terrestre.
No Limite
do Amanhã (Edge of Tomorrow,
2014), dirigido por Doug Liman, é um
sci-fi com muita ação, nenhum drama,
e uma pitada de romance, no mínimo interessante. Os roteiristas Christopher
McQuarrie, Jez Butterworth, John-Henry Butterworth apresentam uma versão frenética,
muito próxima aos games, da novela All You Need Is Kill, de Hiroshi Sakurazaka. A
história é simples (mas não simplória!), sem muitas lucubrações, com diálogos
curtos e com uma pérola, ainda que em cena meio fora de ordem (?), sobre a
“razão” da invasão alien, que não me lembro de ter ouvido em nenhum outro filme
do gênero.
Por
vezes o espectador fica tão perdido quanto Cage
no meio do tiroteio e do ataque dos abomináveis Mimic, aliens tentaculares que têm a capacidade de prever as ações
e reações humanas. Mas ele sabe (ou
deveria) que faz parte do jogo, digo, da trama e que logo mais (ou menos) acaba
fazendo sentido ou se ajustando. Eu gosto quando a arte (cinema, teatro,
música, artes plásticas) desconecta a gente no meio do caminho da leitura, pra
religar apenas lá no epílogo. É raro, mas acontece. E quando é totalmente sem
compromisso, como aqui, melhor ainda.
Deixando de lado a prepotência dos
estadunidenses se acharem (sempre!) os “únicos mocinhos” preparados (militarmente,
é claro!) para salvar o planeta e o batido déjà
vu, No Limite do Amanhã é um
filme bacana, um thriller que faz valer o preço do ingresso 3D. A narrativa, como
disse, se repete, mas nunca da mesma forma. A ação (morrer, acordar, salvar)
sempre é vista por um ângulo diferente. As
sequências de guerra, principalmente a primeira, impressionam pelo realismo e
frieza. Não há violência gratuita e ou exibicionista. Os efeitos especiais são
muito bons e o desenho do exoesqueleto (ao estilo Elysium)
impressiona.
Para a crítica norte-americana o filme tem muito
humor. Eu, sinceramente, ri de nada. Mas gostei mesmo assim. E até me dei por
satisfeito com a solução encontrada para a horrorosa pirâmide de vidro do
Louvre no meio do caminho. Ah, também não me incomodei com algumas referência à
outras produções. E quanto ao final pra lá de esquisito...
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