sábado, 14 de dezembro de 2013

Crítica: O Hobbit: A Desolação de Smaug


Após um infindável ano de espera, o segundo capítulo da saga do hobbit Bilbo Bolseiro, criada por J.R.R. Tolkien e recontada e dirigida por Peter Jackson, chega com muita ação, humor, drama (e triângulo amoroso), para matar a saudade da Terra Média. Bem, “matar a saudade” é força de expressão, já que ainda falta um capítulo para por fim (?) à trama que se passa 60 anos antes da saga de O Senhor dos Anéis.

O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug, 2013) continua na trilha aberta em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012) e ainda repleta de aventuras, perigos e surpresas para testar os nervos e a coragem do hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman), dos anões, sob o comando do orgulhoso Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage) e até mesmo do mago Gandalf (Ian McKellen). A caminho da Montanha Solitária, para resgatar o Reino de Erebor (terra dos anões), tomada pelo Dragão Smaug (voz de Benedict Cumberbatch), que acorda com muita energia (e raiva) para esquentar ainda mais a história, não faltam o exército de Orcs, o transmorfo Beorn (Mikael Persbrandt), os dúbios e ferozes Elfos da Floresta: Thranduil (Lee Pace), seu filho Legolas (Orlando Bloom), e a bela capitã da guarda Tauriel (Evangeline Lilly), algumas aranhas, forças ocultas (Necromancer), atos de bravura e de covardia etc.


Longe da tranquilidade da Vila dos Hobbits, o leal Bilbo amadurece. Ao conhecer um mundo de estranhezas, povoado por raças pouco confiável, perde o ar de inocência, mas não se deixa levar pelo “cada um por si”. Quando menos se espera, lá está ele praticando mais um gesto heroico pelos seus companheiros de jornada. Entre os Elfos, que segundo Tolkien são “mais perigosos que sábios”, há revelações surpreendentes, que remontam tanto ao passado catastrófico dos anões quanto ao futuro de Legolas (em O Senhor dos Anéis)..., e, de quebra,  pitadas de um romance casual (impossível?), para acirrar ainda mais os ânimos entre Elfos e Anões.

Com roteiro de Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens e Guillermo del Toro, este segundo capítulo da saga fantástica tolkieniana é tão fascinante quanto o primeiro. Arrebata o espectador logo no prólogo, o conduz por caminhos inimagináveis da fantasia, e o deixa ainda mais ansioso pelo desfecho da história lá e cá em 2014. Dinâmica, a trama muito bem estruturada e costurada, mal dá tempo para um respiro das personagens na tela e do público na plateia. E olha que, com toda a ação, ainda há espaço para cenas de romance, ciúme, inveja, autoritarismo, sacrifício..., e o que mais a imaginação do público quiser ler e ou absorver no subtexto narrativo. O que deixa o filme mais intenso, menos brincalhão (?), mas nada mórbido. Só a divertidíssima e empolgante sequência da batalha dos barris (envolvendo Orcs, Elfos e Anões) já vale o preço do ingresso 3D.


Entre as bem-vindas novidades de O Hobbit: A Desolação de Smaug está a presença esfuziante de Tauriel, uma ágil Elfa da Floresta, que vai dar o que falar. Para quem ainda não sabe, é bom que se diga que o título do filme não se refere a uma improvável tristeza do cruel e ambicioso Smaug, guardião de um incalculável tesouro, mas ao rastro de destruição que deixou atrás de si ao destruir (e tomar) o Reino Anão de Erebor e devastar a cidade de Dale, ao pé da Montanha Solitária, e a região ao redor.

Excetuando a proporção dos Anões (que parece não haver tecnologia que dê jeito), a produção etc, como era de se esperar, continua excepcional. Programão para quem não abre mão de ver filme no cinema que, ao contrário do quê propaga um comercial de operadora de celular, ainda é diversão muito melhor e maior que a TV.

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