Valente é um conto de fadas ambientado nas míticas Highlands da
Escócia. Ele fala das inquietações juvenis da adolescente princesa Merida, uma eximia praticante de arco e
flecha, que adora a vida ao ar livre. A garota é o orgulho do pai, o falastrão Rei Fergus, um guerreiro que não se
cansa de contar, principalmente aos filhos gêmeos idênticos, Harris, Hubert e Hamish, os seus
feitos heroicos. Mas é fonte de preocupação para a sua mãe, a elegante Rainha Elinor, que tenta lhe ensinar
“bons modos reais”. Todavia, ao descobrir que está sendo preparada para se
casar com o corpulento e tímido Jovem
MacGuffin, que fala um dialeto incompreensível, ou com o desengonçado Pequeno Dingwall, ou ainda com o esperto
Jovem Macintosh (homenagem ao gênio
Steve Jobs), Merida acaba agindo impulsivamente,
colocando todo o Reino em perigo. Somente ela poderá restabelecer a ordem, mas
terá que correr contra o tempo, se quiser provar a sua valentia.
Com
roteiro e direção de Brenda Chapman
(Príncipe do Egito, 1998) e codireção
de Mark Andrews (também roteirista),
Valente é uma animação de encher os
olhos e alma. O argumento é bacana, o roteiro é ótimo e os desenhos fascinantes.
A direção feminina dá à narrativa um sabor feminista (com responsabilidade!) e
faz da protagonista uma das mais adoráveis heroínas do cinema. Mas que fique
claro para os meninos que, com certeza, vão se se amarrar na linda e selvagem
ruiva Merida, aqui não tem espaço
para pieguice ou barbiece. Afinal, trata se de uma apaixonante garota com
ideias próprias sobre independência e liberdade de escolha, inclusive, amorosa,
numa Escócia cheia de mitos e lendas. O bom humor, típico em filmes de guerreiros
falastrões, é claro, fica por conta dos barulhentos personagens masculinos
(nada de revanche!) sempre prontos para uma boa briga (as sequências são
realmente hilárias!) onde vale tudo e o kilt ganha uma serventia extra. Ah, para
os mais jovens, a garantia do humor infantil está nas travessuras dos (insaciáveis)
trigêmeos ruivos, que aprontam todas dentro e fora do castelo.
Quando se
trata de uma produção da Disney, todo mundo sabe que, impreterivelmente, vai ter
alguma música e mensagens edificantes. Porém, na parceria coma Pixar, esses
dois quesitos sofreram alguma alteração. O filme tem uma boa trilha, com belos
motivos escoceses, composta por Patrick
Doyle (Razão e Sensibilidade), mas
as canções (temas) perderam a força e a magia na versão dublada. Quanto às
mensagens sobre anseios juvenis, elas estão lá, porém discretas (sem
maniqueísmo), em meio a cenas de aventura e ação, em diálogos (nada pueris, entre
pais e filhos) sobre a liberdade, tradição, modernidade, direitos e deveres, pois,
como diz a heroína Merida: “Há os que dizem que nosso destino está
ligado a terra como uma parte de nós, pois somos parte dela. Outros dizem que o
destino é entrelaçado como um tecido, de modo que o destino de um se interliga
com os de muitos outros. É por isso que procuramos ou lutamos para mudar.
Alguns nunca encontram. Mas há os que são guiados.”
Assistir
ao encantador Valente (Brave, EUA, 2012) é uma oportunidade duplamente
prazerosa. O longa que, além do deslumbrante apuro técnico em 3D, preza e
presenteia os espectadores com um excelente conteúdo, é precedido pelo maravilhoso
curta La Luna, uma preciosidade para
se aconchegar na memória e resgatar sempre que possível. Esta graciosa fábula,
dirigida por Enrico Casarosa, narra a
iluminada descoberta de Bambino na
primeira noite em que sai num bote, rumo ao mar, na companhia do Papa (pai) e do Nonno (avô), para uma inusitada jornada de trabalho. Portanto, não
chegue atrasado! Ah, se tiver paciência de esperar o fim dos créditos de Valente, também terá uma surpresa à sua
espera!
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