Esqueça
tudo (ou quase) que você sabe sobre o Homem
Aranha. Esqueça o que já leu em HQs e o que já viu na telona e na telinha.
Ah, não esqueça de esquecer também o simpático Tobey Maguire (o ex-super-herói aracnídeo). Só assim é possível se divertir além da impressionante
tecnologia 3D, que é (bem) capaz de surpreender mais espectadores que o jovem Espetacular Homem Aranha na pele do
magriça Andrew Garfield. Só para não perder o balão do diálogo, se antes a controvérsia
era sobre os criadores do Homem Aranha:
Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko? ou Jack Kirby e Joe Simon? ou
Joe Simon e C.C. Beck?; a fonte de origem: a pulp The Spider
(O Aranha) ou a HQ Silver Spider (Aranha
Prateada)?; e o título inicial: Spiderman
ou Spider-Man?; agora o maior rebu (na
rede) é sobre a necessidade deste reboot.
Será que
o conselho do Tio Ben (de Parker) "Com grandes poderes vêm grandes
responsabilidades", também serve para os grandes estúdios, produtores
e realizadores em geral que parecem não se cansar de contar e recontar (de
maneiras diferentes) histórias de alguns populares super-heróis? Se bem que,
contar e recontar (com variações) até mesmo a “origem” de alguns super-heróis
(confundindo leitores, espectadores e até mesmo os ditos cujos heróis, o Batman que o diga!) não é “privilégio”
apenas do cinema. As portas dos armários estão escancaradas nos gibis. Vale
tudo liberou geral! Para mim a gota d’água (demorou!) se deu com a abominável
série Crise nas Infinitas Terras DC
(1985-1986). Decididamente parei de tentar entender (sem sucesso!) o Universo
DC e Marvel. E nos cinemas procuro não me estressar mais com as (re)versões do
Universo das HQ e ou sequer Paralelo. Aliás, já falei disso por aqui!
A trama
de O Espetacular Homem Aranha, que
pode ser dividida em três partes, começa com um prólogo de apresentação: o Parker (Max Charles), aos 4 anos, depois de um estranho acontecimento,
sendo deixado pelos pais, Richard Parker
(Campbell Scott) e Mary Parker (Embeth Davidtz), aos cuidados de Tio Ben (Martin Sheen) e Tia
May (Sally Field); na sequência,
o Peter Parker (Andrew Garfield) adolescente nerd,
fotógrafo e eskatista enfrentando (na
escola) o troglodita Flash Thompson (Chris Zylka) que, assim como na
franquia anterior, ainda não disse a que veio; e, daí, a aproximação com o seu
objeto de desejo romântico Gwen Stacy
(Emma Stone, linda!) e seu objeto de
pesquisa Dr. Curt Connors/Lagarto (Rhys Ifans). Na segunda parte o garoto aprende a lidar com seus
poderes (caça bandidos e foge da polícia) e descobre uma misteriosa ligação
entre o seu pai e o Dr. Connors, e
também tenta “ficar” com Gwen. E,
finalmente!, na terceira e melhor parte, mais ou menos uma hora depois desses
eventos, a ação, propriamente dita, com a caça ao monstro dos esgotos: O Lagarto,
que resulta em pelo menos uma piada antológica sobre Tóquio. O ataque do Lagartão à escola de Parker é muito
divertido, é um misto de filme B e trash japonês..., aí você vai entender a
piada sobre Tóquio. Outro momento muito bacana, e que seria muito melhor sem a
música grudenta, é o das gruas na 7ª Avenida.
Escrito
por James Vanderbilt e dirigido por Marc Webb (do excelente 500 Dias Com Ela), O Espetacular Homem Aranha (The
Amazing Spider-Man, EUA, 2012), agora magrinho, como imaginou (?) o
desenhista Steve Ditko, é um
filme com chances de agradar mais ao público jovem (meninos e meninas) do que
ao adulto. Excetuando a rapidíssima introdução (e participação) dos pais de Parker, ele não foge muito ao novo
padrão de HQs via cinema (ou seria o contrário?): algum humor, algum romance, algum
monstrengo de plantão e a tradicional pancadaria (agora) sem sangue (explícito).
A narrativa parece não ter pressa em contar uma velha nova história, lá do
tempo em que o aracnídeo era um fotógrafo amador e nem sonhava com o Clarim Diário. Ela demora um pouco para
engatar, reapresentando, mesmo que superficialmente, um ou outro personagem, mas
depois oferece uma viagem alucinante por terra, ar e subterrâneos de NY. Todavia,
o esperado romance “caliente” entre Parker
e Gwen (a namorada protagonista
que não deve morrer nesta franquia) vai ter que esperar a (con)sequência, já
que, aqui, não passa de uns morninhos beijinhos fugidios.
É difícil
vencer a tentação e não comparar O
Espetacular Homem Aranha com a franquia anterior (por conta de alguns
pontos em comum), ou ao menos as performances de Maguire e Garfield. É claro
que esse quesito tem mais a ver com a direção e o enfoque do roteiro. Acho que
fiquei mal acostumado, prefiro o aracnídeo simpático, alegre, brincalhão de
Maguire, ao aracnídeo tímido, desengonçado e triste de Garfield. O espectador e
fã de HQ vai notar a mudança de comportamento de Gwen, agora muito mais responsável (para quem tem apenas 17 anos?),
e ver que o vilão que atacou o Capitão
Stacy (Denis Leary) é outro.
Enfim, coerência é o que menos deve se esperar de adaptações de quadrinhos.
Cada autor e ou diretor é livre (?) para fazer a leitura que quiser do capítulo
que lhe interessar. Quanto ao leitmotiv
de Parker (abandono e descaso) e ou
de Connor (amputação e ética) cabe ao
público decidir se os fins justificam (mesmo) os meios. Ou talvez nem precise
se dar o trabalho, o mea-culpa dos personagens já é o suficiente.
O Espetacular Homem Aranha é um bom entretenimento, um filme para
se ver como se lê uma HQ, com momentos mais e ou menos inspirados. Se o roteiro
não vai muito além da mesmice do gênero, também não compromete o deslumbrante espetáculo
visual em 3D (de profundidade). As sequências de voo do Aranha, muito bem desenhadas, são de arrepiar, valem cada centavo.
Parecem quadros de um gibi com movimentos em 3D. Tecnicamente fascinante, mas
dispensaria, tranquilamente, a música lagrinojenta embalada para momentos
tristes e trágicos, bem como o indefectível clichê da chuva. O elenco é bom e
se esforça na naturalidade (coisa rara). Agora é esperar para ver como serão
amarradas as pontas que ficaram soltas e quem é o personagem misterioso (atenção:
no pós-crédito) que deve infernizar a vida do super-herói iniciante na próxima
produção.
Ah, não, não vou ver isso aí... Não vou fazer isso comigo! Já vi o trailer, fiquei tonto e bastou: outro dia eu ando de montanha-russa. E que história é essa de um Garfield magrinho???????
ResponderExcluirOlá, Ravel.
ExcluirViu o filmeto de 25 minutos do Espetacular Homem Aranha,
feito por um indignado fã que não suporta mais os trailers
que mostram tudo e deixam o filme sem novidade?
Talvez ainda encontre pela web.
Como disse, se gosta de uma razoável HQ em 3D,
vai curtir o passeio de Parker por NY.
Abs.
T+