Se há um “gênero”
querido (e rendoso) no cinema americano é o sempre edificante baseado em uma história real. Todo ano é
lançado ao menos um filme explorando o tema e, dependendo da intensidade do
foco (relações sociais, familiares, religiosas, trabalhistas), acaba até indicado
ao Oscar. Geralmente são produções
com variações “biográficas” sobre um cidadão americano (ou quase) que, contra
todas as adversidades da vida, torna-se um vencedor. Um exemplo heroico a ser
seguido em todo o mundo.
Inspirado
na vida de Benjamin Mee, um ex-colunista britânico do The Guardian e
autor de We Bought a Zoo: The Amazing
True Story of a Broken-Down Zoo, and the 200 Animals That Changed a Family
Forever (algo como: Compramos um
Jardim Zoológico: A Incrível História Verídica de um Jardim Zoológico Falido e
os 200 Animais que Mudaram Para Sempre a Vida de Uma Família), o drama Compramos Um Zoológico, de Cameron Crowe, é o baseado em uma história real, da vez (de fim de ano). Ele “mostra”
como a família de Mee comprou o falido Dartmoor Zoological Park, na Inglaterra,
para onde o autor se mudou com a mãe, a mulher Katherine (que morreu três meses
antes da reinauguração), os filhos Ella e Milo e o irmão Duncan, e o transformou
em uma grande atração turística. A história dos Mee foi contada, anteriormente,
em quatro episódios, no documentário Ben’s
Zoo, do canal BBC2.
Na trama
cinematográfica, a ação foi transferida para a região de Los Angeles, nos EUA.
Lá acompanhamos o dia a dia de Benjamin
Mee (Matt Damon), ex-colunista
de um jornal da cidade que, na tentativa de superar a morte da esposa e melhorar
o relacionamento com os dois filhos, Dylan
(Colin Ford), de 14 anos e Rosie (Maggie Elizabeth Jones), de 7, se muda com a família para o
interior, onde comprou uma casa que abriga, no quintal, o Rosemoor Wildlife
Park, um zoológico falido. O desafio (e válvula de escape) de Mee cresce na medida em que seu plano de
uma nova vida familiar esbarra nas dificuldades para restabelecer o zoo, precariamente
administrado por Kelly Foster (Scarlett Johansson), que conta apenas com
uma pequena mas abnegada equipe para cuidar de animais doentes e em extinção.
O drama,
com pitadas de humor, é simpático. Otimista ao extremo, e não poderia ser
diferente (?), tem uma narrativa que anda na corda bamba do clichê fácil e da
pieguice. É um filme linear que cumpre à risca o propósito do roteiro de Crowe
e Aline Brosh McKenna, se bastando no retrato de pessoas comuns vencendo os
percalços familiares e profissionais. Não se aprofunda na somatização da dor de
Benjamin, que sofre pela morte da
mulher e se culpa pela incapacidade de educar os filhos, principalmente o
aborrescente Dylan, com quem não
consegue dialogar. Tampouco no trauma do menino que se isola num mundo de
figuras fantasmagóricas. O que motiva a história é a determinação do cidadão
(americano) que (sempre) resolve os seus problemas naturalmente, na hora
adequada.
Compramos Um Zoológico (We
Bought A Zoo, EUA, 2011) tem boas performances de todo o elenco. Os melhores
momentos são arrebatados pela graciosa e doce Maggie Jones (Rosie), que ilumina
a tela com a sua inocência e carisma. As sequências mais descontraídas (e ternas)
ficam por conta da bela Lily Miska (Elle Fanning) e Dylan, vivendo a “complicada” descoberta do primeiro amor. No
acerto das contas pendentes, com a boa sorte sorrindo para todos (até para os
animais), o enredo até desenha um flerte entre Kelly Foster e Benjamin Mee,
mas, sinceramente, o casal (de atores) não tem a menor química. A trilha
funcional, com boas músicas, é mais um complemento do que intrusão e a caprichada
fotografia de Rodrigo Prietro emoldura bem o bucólico cenário. Um programa na
medida para o público que gosta de se emocionar e ao final do espetáculo dizer:
eu também posso!
Sabe do que eu me lembrei quando vi o cartaz desse filme? Da história dos animais que foram soltos em um zoológico particular e acabaram implacavelmente caçados. Acho que a iedologia "do it yourself" precisa ter limites. Comentei isso em meu blog, aliás no mesmo dia em que comentei a morte de Kadafi:
ResponderExcluirhttp://arquivoscriticos.blogspot.com/2011/10/coisas-naturais.html
Mas não vi o filme. E também acabei não vendo Sh. Holmes, vi foi o novo Alvin, e vou comentar agora, re re.
Olá, Ravel.
ResponderExcluirVi, por conta da Cabine.
Apostava nada nele.
É o mesmo do mesmo do mesmo de sempre.
Mas é o tipo de drama auto-ajuda
que tem o seu público e Oscar.
Coragem a tua ver Alvin,
a não ser, é claro, que seja fã.
Abs.
T+
Joba
Pois é, acho que o que me seduziu no Alvin foi o You really got me, dos Kinks, que eu conheci primeiro com o Van Halen. Obra-prima, em minha opinião, sobrevive às mais cruéis tentativas de assassinato... Ah, sim, foi uma missão familiar, também. Mas achei menos pior, por exemplo, que Happy Feet 2. Aquilo sim, é tétrico.
ResponderExcluirEstava viajando quando da Cabine de Happy Feet 2
Excluire depois acabei deixando pra lá.
É muita coisa pra se ver
e não tenho tanto tempo disponível assim.
Missão Família é sempre um "boa" desculpa,
para o bem e ou para o mau programa.
Abração!
Pois é, não entendi as expectativas em torno de Happy Feet 2. Talvez o primeiro não seja tão horrendo, mas não sou eu quem vou conferir. Se alguém quiser saber minha opinião sobre o 2, ei-la aqui (tem a ver com a "questão zoológica", também): http://arquivoscriticos.blogspot.com/2011/12/um-passo-infeliz.html
ExcluirAbração, Joba! E obrigado por não se furtar ao diálogo, coisa rara hoje em dia!
Olá, Ravel.
ResponderExcluirNão posso comentar o Happy Feet 2, porque não o vi.
Mas parece que chegou a agradar a crítica.
Quanto a zoo(i)lógicos, não gosto nem de aquários domésticos.
Abs.
É, eu vi que o filme recebeu umas estrelinhas nos jornais. Mas outras big bostas também receberam. Desculpe poluir seu blog, hoje eu andei às turras, cheio de maus fluídos (passe lá nos arquivos e confira). Foi O Gato de Botas que me salvou o dia...
ResponderExcluirÉ, gosto não se discute.
ResponderExcluirE como costumo dizer:
tudo é uma questão do ponto que se avista.
Abs.
Hum, esse filme (HF2) não tem salvação. Aliás, esse é o tema dele. Um filme neoevangélico. Pinguins por pinguins, prefiro os de Madagascar, que pelo menos assumem que são sádicos e sinistros.
ResponderExcluirSe gosta de paródias não deixe de ver A Farsa dos Pinguins,
Excluirque não é um filme para crianças: é chulo demais!
Os Pinguins "salvam" o abominável Madagascar 2.
Aliás, são o que há de melhor no primeiro filme, também.
Abs.
Valeu. Ah, nem os pinguins de Madagascar (os desenhos autônomos) são muito recomendáveis pra crianças.
ResponderExcluirMas os pinguins do "documentário" A Farsa dos Pinguins
Excluirque faz paródia de A Marcha dos Pinguins
vão aonde os de Madagascar jamais irão.
Abs.
Ah, já ouvi falar... Vou ver se acho. A Marcha é muito bonito, mas aquela narração realmente é de amargar.
ResponderExcluirA Farsa é uma farsa!
ExcluirBoa sorte!
T+