domingo, 18 de dezembro de 2011

Crítica: Alvin e os Esquilos 3



O primeiro Alvin e os Esquilos, em 2007, fez: Tcham! O segundo, em 2009, fez: Tchum! O terceiro, em 2011 vai fazer Tchabum! Pelo menos para os adultos acompanhantes das crianças fãs dos fofíssimos esquilinhos CGI (Computer Generated Imagery) e suas irritantes vozes de hélio.

A nova aventura de Alvin e os Esquilos 3 (Alvin and the Chipmunks: Chip-Wrecked, EUA, 2011), dirigida por Mike Mitchell,  traz Alvin, Simon, Theodore, na companhia das suas correspondentes Brittany, Jeanette e Eleanor, a bordo de um (cafona) cruzeiro de luxo, curtindo merecidas férias e se preparando para um evento internacional de música. Hiperativos, os célebres roedores logo estarão infernizando a vida dos passageiros e do compositor Dave Seville (Jason Lee), surpreso por encontrar o ex-produtor Ian (David Cross), vestido de pelicano, cuidando da segurança e diversão das crianças. Assim, já que problema pouco é bobagem, o galanteador irresponsável Alvin acaba aprontando uma confusão tão grande que, ele, os esquilos, Dave e Ian vão parar numa ilha tropical, onde vive a estranha Zoe (Jenny Slate). Ali, longe da civilização e em meio a acontecimentos bizarros (envolvendo Simon), a amizade e a confiança, que depositam um no outro, serão colocadas à prova.  


A comédia musical faz referências a filmes como Os Caçadores da Arca Perdida (1981), O Senhor das Moscas (1990), Náufrago (2000), Madagascar (2oo5)..., mas não consegue fazer graça com o drama alheio. Uma vez que o público alvo é o infantil, será que toda criança (até mesmo a que esquecer o seu “Tico e Teco” em casa, babando no sofá, diante da TV) terá informação suficiente para entender a paródia da náufraga Zoe e as suas bolas mal-humoradas, e ou o drama dos “humanizados” esquilos perdidos na selva? Se os pais ou acompanhantes forem cinéfilos, vão ter lição de casa. Não custa lembrar que muita gente não entendeu as irônicas tiradas literárias, musicais e cinematográficas presentes em Shrek (2001 a 2010), mesmo fazendo parte do contexto.


O live-action, que se acredita ao gosto (?) dos pequeninos, tem bagunça, aventura, romance, ação e, claro, muita musica e dança. No entanto, carece de um clima mais zombeteiro e, no olhar de um adulto, sobram falhas. Algumas devem passar batido pelo público infantil brasileiro, como a dublagem apenas dos diálogos. No Brasil, legendar músicas da trilha sonora, mesmo que extensão dos diálogos, é um tabu. Não creio que uma criança, sem domínio do inglês, entenda a razão das esquiletes cantarolarem (em versão alienígena) a “dramática" Survivor (imitação barata de I Will Survive), do Destiny’s Child, ao redor da fogueira, ou qualquer outra “canção” inserida na trama. E olha que a trupe de esquilos passa o tempo cantando (com voz de hélio) e dançando. Se bem que, uma vez que o inglês das canções é praticamente incompreensível (daí a importância da legenda), talvez não faça mesmo diferença, já que é a mise-en-scène dos roedores que entretêm a criançada de, no máximo, 10 anos.


Alvin e os Esquilos 3 pode ser considerado o menos ruim da rendosa franquia, mas (também) não resiste a uma análise simples, que vá além do mero entretenimento: bagunça, cantoria, bagunça, dança, bagunça. Pode ser irrelevante (?) para o público alvo, porém deve causar estranheza (aos pais?) o fato dos esquilos serem tratados como crianças (por causa do tamanho ou do desenvolvimento mental?), mas se vestirem e se comportarem como adultos, frequentando cassinos e boates, e serem especialistas na arte da sedução. Exagerada ou não esta sensação de desconforto, o fato é que, excetuando uma ou outra criancice de Theodore (porque só ele?), a maioria das coisas que os esquilos fazem é típica de jovens que já deixaram a adolescência para trás. Será um reflexo do atual cinema americano que explora, em comédias de gosto duvidoso, o comportamento adolescente tardio de homens e mulheres na faixa dos 30 anos?  


Alvin 3 e não é um filme totalmente à deriva, tem lá os seus acertos na animação dos graciosos (de boca fechada) esquilos e no argumento da mensagem que o fundamenta: a conquista da autonomia com responsabilidade. Infelizmente os desacertos são maiores e se fazem notar principalmente no desenvolvimento dos personagens esquilos versus humanos. Enquanto os bichinhos protagonizam os melhores momentos, Jason Lee (Dave) e o divertido David Cross (Ian), que poderiam dar um novo ânimo, um ritmo diferenciado, principalmente Cross vestido de pelicano, foram relegados a meros coadjuvantes, têm alguma importância, mas não têm a menor graça. Não deve ser fácil dirigir esquilos tão temperamentais, mas, como nem tudo na tela é CGI, alguma preocupação com a náufraga (de shopping) Zoe não faria mal. Com tal figurino e maquiagem não convence nem o mais “ingênuo” dos espectadores de que está perdida naquela ilha há quase dez anos. Um filme para fãs!


4 comentários:

  1. Joba, concordo com praticamente tudo o que você escreveu. Gostei de pouca coisa, como da hora em que a cadeira do Dave dormindo é arrastada pelos esquilos e da "latinização" do Simon. Baita clichê, mas ficou legal. E teria sido melhor se eles tivessem conseguido articular a reabilitação do Ian com um pouco mais de humor, que realmente ficou faltando. Quanto à mistura de elementos infantis com adultos, dou o testemunho da minha filha, de dois anos, que saiu pedindo para ver um desenho com esquilos SEM ROUPA (Tico e Teco)...

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  2. Pois é, Ravel,
    o filme até que poderia ser bem melhor,
    se houvesse empenho no roteiro e direção.
    É um desperdício deixar mofando o ótimo David Cross
    e o o seu personagem Ian, que é o ponto alto da série.
    Pelo menos o ator está feliz
    por ter saído quase ileso de tamanha tortura.

    Abs.

    T+
    Joba

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  3. "E olha que a trupe de esquilos passa o tempo cantando (com voz de hélio)" e olha se n verdade kkkkkk ... muito emgraçado

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    Respostas
    1. ..., mais para torturante do que para engraçado, Isabela!

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