O título e o cartaz de A
Casa dos Sonhos podem até sugerir (mais) um filme sobre (mais) uma casa assombrada por
fantasmas, demônios e outros “seres” correlatos, mas a ideia (mal resolvida) é
a de um thriller psicológico. Em sua (batida) trama, Will Atenton (Daniel
Craig) é um editor que espera unir
o útil ao agradável: passar mais tempo com a família e finalmente escrever o
seu adiado livro. Deixa o emprego, compra uma aprazível casa num bairro
tranquilo e se muda com a mulher Libby (Rachel Weisz) e as filhas Dee Dee (Claire Geare) e Trish (Taylor Geare). No entanto, algumas
coisas parecem fora de ordem na casa e na vizinhança. Logo Will descobre que uma
aparente hostilidade dos vizinhos está relacionada com uma tragédia ocorrida há
cinco anos, quando a mãe e duas filhas foram mortas naquela casa. Como em toda redondeza
o assunto é tabu, disposto a viver em harmonia com a família e os vizinhos, ele
decide pesquisar o corrido, cujo suspeito é o marido, e fica perplexo com as
suas descobertas.
Se a sinopse desperta algum interesse, o mesmo não pode ser dito do
claudicante roteiro-clichê de David Loucka, que até tenta confundir e parecer inteligente, mas não consegue (igual ao Will) sair do lugar comum. A obviedade é tanta que qualquer espectador, que já tenha
visto outros filmes (melhores) de suspense, logo na primeira (re)virada da
história sabe quem é o verdadeiro culpado pela chacina. O que não o impede de
mudar de opinião, se achar propício. Ou esperar até o ridículo final e dizer:
eu não falei? Também porque, quando em um filme dessa natureza os personagens
decidem lavar sua honra, já se sabe o banho de água fria que virá. Como se diz,
também, que quem entra no fogo é para se queimar, é torcer para que, das cinzas,
não surja uma Phoenix Zumbi.
Todo mundo sabe que Hollywood adora se
repetir e o público alvo adora (re)ver novos filmes velhos. É uma obsessão
lucrativa, mas que, às vezes, dá com os burros n’água. A Casa dos Sonhos é uma colcha de recordações
do gênero. Percebe-se (no princípio) um cuidado na direção de atores e de arte,
que cativam o espectador, por conta do trabalho dos protagonistas (Graig, Weisz e
as crianças Claire e Taylor Geare), numa narrativa que quer voar alto. Mas, então,
sem que nem mais porque, os fotogramas são arrombados e a Casa dos Sonhos vira
uma Casa de “Surpresa” da Mãe Joana, abalando mortos e vivos (ou seria
mortos-vivos?) com a quantidade de cacos sem qualquer importância, fazendo a
história quicar de um lado para o outro.
A Casa dos Sonhos (Dream House, EUA, 2011), do diretor irlandês Jim Sheridan, tem uma produção bacana até certa metragem, mas não se sustenta nem com
o excepcional desempenho de Daniel Craig. E é difícil saber onde se deu o escorregão que levou Sheridan
escada abaixo, se na leitura, correção e ou remendos do roteiro. A verdade é
que ele perdeu o foco e quando tentou pular do barco, após o enxerto de cenas e
a reedição do produtor Jim Robinson, que ainda distribuiu um trailer revelador,
já era tarde até para o elenco. A Casa dos Sonhos é um filme que começa
e não termina. Ele simplesmente para por não ter (e ou saber) para onde ir.
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